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-------------------------------- Mensagem Original --------------------------------- Assunto: Plano 1 e Plano 2 De: "Adriano Benayon" <[EMAIL PROTECTED]> Data: Qua, Agosto 24, 2005 3:40 pm ------------------------------------------------------------------------------------ A MARCHA DO GOLPE Adriano Benayon* - 24.08.2005 A onda de denúncias sobre corrupção, desencadeada há mais de dois meses, prossegue, salvo um ou outro imprevisto, sob o controle do sistema de poder econômico concentrado que espolia o Brasil em mais de um trilhão de reais por ano. O objetivo do "choque de moralidade" é prorrogar, por tempo indefinido, o mega-assalto sofrido pelo País. Não que o mega-assalto fosse ameaçado pelos líderes atingidos, como o ex-comandante supremo do PT, José Dirceu. Mas não agradava aos monopolizadores do poder, do alto de seu controle total sobre a economia e as finanças, que um partido político pudesse vir, um dia, a constituir-se em força não totalmente dependente. O plano A do sistema de poder real visa a desmontar o PT, no que já obteve êxito, e a manter Lula na presidência, tornando-o ainda mais subordinado às suas diretivas. Ele, que, desde sua posse, concedeu quase tudo àquele sistema, fica, conforme o Plano A, obrigado a entregar os últimos bolsões de resistência, tais como a relutância em assinar acordo de proteção a investimentos estrangeiros e a não aplicação a tudo das absurdas regras de favorecimento à "propriedade industrial". Não há a menor dificuldade em, querendo-se, ser demonstrada a responsabilidade do primeiro mandatário e votado o impeachment. Com essa espada de Dâmocles mantendo Lula como refém, o "mercado" financeiro ri às gargalhadas, mesmo porque ele blinda os membros da área econômica do governo, que lhe servem. O Plano A já obteve também a desmoralização do presidente, facilitando, conforme se imagina, a eleição, em 2006, de um político de inteira confiança do sistema de poder oligárquico. Mas imprevistos ocorrem, como a denúncia feita pelo ex-secretário de finanças do ministro Palocci, na prefeitura de Ribeirão Preto. Do mesmo modo, pode surgir algo em relação a Lula, difícil de conter. Nesse caso, o sistema parece ter um Plano B. Este envolve, na impossibilidade de sustentar-se o Plano A, derrubar o vice-presidente José de Alencar, juntamente com Lula. Com efeito, esse crítico da política de juros exorbitantes não agrada ao sistema. Um indício da existência de tal roteiro está na entrevista de Valdemar Costa Neto à revista Época da semana passada. Na mesma linha, saiu matéria, em outra revista, com ameaças de deputados do PP e do PL, envolvidos no mensalão, de que se não forem acobertados, apontarão a responsabilidade do presidente. Atentemos para a substância. Ainda que comprovadas as denúncias de que Lula e José de Alencar tenham anuído ao financiamento de sua campanha com recursos do PT, de origem então desconhecida, isso não caracteriza crime de responsabilidade. Se caracterizasse, haveria que cassar, sem exceções, todos os deputados e senadores eleitos em 2002 pelo PT e pelo PL, além de outros de vários partidos, ajudados por verbas de Caixas 2 em suas campanhas. O que pode configurar crime de responsabilidade por parte de Lula, mas de modo nenhum de José de Alencar, é haver o chefe do Executivo interferido em votações do Congresso mediante os dinheiros do mensalão. O presidente - e só ele - é responsável pela política econômica, pelas reformas previdenciária e tributária, pelo favorecimento aos bancos e às transnacionais, pela aceitação dos transgênicos, pelas parcerias público-privadas, etc. Tudo isso foi aprovado sob pressão conjunta do sistema concentrador e do Executivo. O vice-presidente apenas assumia a presidência interinamente, para dar andamento à rotina administrativa. Quanto aos parlamentares, impõe-se abrir os sigilos bancário, fiscal e telefônico dos que se transferiram para a base do governo. Isso comprovará sua improbidade, bem como a de seus corruptores. O mesmo vale para os cooptados para continuar na "base aliada". Analisando os mapas das votações, poder-se-á identificar parlamentares, inclusive de oposição, que se alinharam com o governo, em ocasiões, por motivos não propriamente ideológicos. Até o episódio da denúncia de Barotti a respeito de Palocci, os "mercados" estiveram eufóricos. Ao mesmo tempo, silêncio na mídia sobre outros atos incrimináveis de Palocci e Meirelles, além das autocongratulações pelo suposto bom andamento da economia, enquanto a infra-estrutura vira sucata, e o desemprego se torna calamidade pública cada vez maior. O povo brasileiro, vítima do mega-assalto de trilhões de reais por ano, é hipnotizado diariamente por escândalos em todos os espaços da mídia. Mas esta não fustiga cúmplices importantes do sistema. Ela deixa, por exemplo, na penumbra o próprio Gushiken, de todos os petistas o mais próximo a Lula. Porque? Gushiken, mentor da reforma da previdência, dirige negócios vultosos de que participam membros do PSDB e peixes graúdos, i.e., estrangeiros. * [EMAIL PROTECTED] Doutor em Economia. Autor de "Globalização versus Desenvolvimento". Editora Escrituras: www.escrituras.com.br
A MARCHA DO GOLPE Adriano Benayon* 24.08.2005 A onda de denúncias sobre corrupção, desencadeada há mais de dois
meses, prossegue, salvo um ou outro imprevisto, sob o controle do sistema de
poder econômico concentrado que espolia o Brasil em mais de um trilhão de reais
por ano. O objetivo do choque de moralidade é prorrogar, por tempo
indefinido, o mega-assalto sofrido pelo País. Não que o mega-assalto fosse
ameaçado pelos líderes atingidos, como o ex-comandante supremo do PT, José
Dirceu. Mas não agradava aos monopolizadores do poder, do alto de seu controle
total sobre a economia e as finanças, que um partido político pudesse vir, um
dia, a constituir-se em força não totalmente dependente.
O plano A do sistema de poder real visa a desmontar o PT, no que já
obteve êxito, e a manter Lula na presidência, tornando-o ainda mais subordinado
às suas diretivas. Ele, que, desde sua posse, concedeu quase tudo àquele
sistema, fica, conforme o Plano A, obrigado a entregar os últimos bolsões de
resistência, tais como a relutância em assinar acordo de proteção a
investimentos estrangeiros e a não aplicação a tudo das absurdas regras de
favorecimento à propriedade industrial. Não há a menor dificuldade em, querendo-se, ser demonstrada a
responsabilidade do primeiro mandatário e votado o impeachment. Com essa
espada de Dâmocles mantendo Lula como refém, o mercado financeiro ri às
gargalhadas, mesmo porque ele blinda os membros da área econômica do governo,
que lhe servem. O Plano A já obteve também a desmoralização do presidente,
facilitando, conforme se imagina, a eleição, em 2006, de um político de inteira
confiança do sistema de poder oligárquico. Mas imprevistos ocorrem, como a denúncia feita pelo ex-secretário
de finanças do ministro Palocci, na prefeitura de Ribeirão Preto. Do mesmo modo,
pode surgir algo em relação a Lula, difícil de conter. Nesse caso, o sistema
parece ter um Plano B. Este envolve, na impossibilidade de sustentar-se o Plano
A, derrubar o vice-presidente José de Alencar, juntamente com Lula. Com efeito,
esse crítico da política de juros exorbitantes não agrada ao
sistema. Um indício da existência de tal roteiro está na entrevista de
Valdemar Costa Neto à revista Época da semana passada. Na mesma linha, saiu
matéria, em outra revista, com ameaças de deputados do PP e do PL, envolvidos no
mensalão, de que se não forem acobertados, apontarão a responsabilidade do
presidente. Atentemos para a substância. Ainda que comprovadas as denúncias de
que Lula e José de Alencar tenham anuído ao financiamento de sua campanha com
recursos do PT, de origem então desconhecida, isso não caracteriza crime de
responsabilidade. Se caracterizasse, haveria que cassar, sem exceções, todos os
deputados e senadores eleitos em 2002 pelo PT e pelo PL, além de outros de
vários partidos, ajudados por verbas de Caixas 2 em suas
campanhas. O que pode configurar crime de responsabilidade por parte de Lula,
mas de modo nenhum de José de Alencar, é haver o chefe do Executivo interferido
em votações do Congresso mediante os dinheiros do mensalão. O presidente e só
ele é responsável pela política econômica, pelas reformas previdenciária e
tributária, pelo favorecimento aos bancos e às transnacionais, pela aceitação
dos transgênicos, pelas parcerias público-privadas, etc. Tudo isso foi aprovado
sob pressão conjunta do sistema concentrador e do Executivo. O vice-presidente
apenas assumia a presidência interinamente, para dar andamento à rotina
administrativa. Quanto aos parlamentares, impõe-se abrir os sigilos bancário,
fiscal e telefônico dos que se transferiram para a base do governo. Isso
comprovará sua improbidade, bem como a de seus corruptores. O mesmo vale para os
cooptados para continuar na base aliada. Analisando os mapas das votações,
poder-se-á identificar parlamentares, inclusive de oposição, que se alinharam
com o governo, em ocasiões, por motivos não propriamente ideológicos.
Até o episódio da denúncia de Barotti a respeito de Palocci, os
mercados estiveram eufóricos. Ao mesmo tempo, silêncio na mídia sobre outros
atos incrimináveis de Palocci e Meirelles, além das autocongratulações pelo
suposto bom andamento da economia, enquanto a infra-estrutura vira sucata, e o
desemprego se torna calamidade pública cada vez
maior. O povo brasileiro, vítima do mega-assalto de trilhões de reais por
ano, é hipnotizado diariamente por escândalos em todos os espaços da mídia. Mas
esta não fustiga cúmplices importantes do sistema. Ela deixa, por exemplo, na
penumbra o próprio Gushiken, de todos os petistas o mais próximo a Lula. Porque?
Gushiken, mentor da reforma da previdência, dirige negócios vultosos de que
participam membros do PSDB e peixes graúdos, i.e.,
estrangeiros. |