[VotoEletronico] Bom artigo da Marina Amaral na Caros Amigos

2002-09-04 Por tôpico Roger Chadel

http://www.uol.com.br/carosamigos/edicao/ed42/votoeletro.htm

Está criada uma discussão nacional sobre as eleições. 

Partidos alegam que as regras do TSE impedem a fiscalização das urnas.


O VOTO ELETRONICO EM XEQUE


por Marina Amaral


A legitimidade da eleição mais informatizada do mundo, na definição orgulhosa do 
Tribunal Superior Eleitoral 
(TSE), está sendo questionada. No dia 6 de agosto passado, o PDT entrou com um recurso 
no TSE pedindo a 
impugnação das urnas eletrônicas brasileiras.

A petição do PDT baseia-se fundamentalmente no Código Eleitoral, no artigo 2º da 
Constituição Federal – que 
prega a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário – e na lei 
9.504/47, artigo 66, que faculta 
aos partidos e coligações o direito de fiscalizar todas as fases do processo de 
votação (...), sendo-lhes 
garantido o conhecimento antecipado dos programas de computador a serem usados. 

De acordo com o advogado do PDT, Ronaldo Jorge Araújo Vieira Júnior, a independência 
entre os três poderes 
não estaria sendo respeitada pelo fato de um dos programas – a biblioteca de 
criptografia, que tem como função 
declarada cifrar os dados gravados nas urnas – ter sido elaborado por um órgão 
vinculado à Presidência da 
República, o Centro de Pesquisas em Segurança das Comunicações (Cepesc), que compõe a 
Agência Brasileira 
de Inteligência (Abin), chefiada pelo general Alberto Cardoso. Esse programa – que 
ocupa cerca de 12 por cento 
da memória da urna – não pode ser examinado pelos fiscais dos partidos, sendo de 
conhecimento exclusivo dos 
técnicos do Cepesc. 

A biblioteca – ou algoritmo – de criptografia não é o único programa a que os partidos 
não têm acesso. Também 
o programa-fonte (a matriz) do sistema operacional – base onde rodam os outros 
programas (análogo ao DOS 
que aparece na telinha preta dos micros pessoais) – foi excluído oficialmente da 
fiscalização dos partidos através 
de uma portaria publicada pelo TSE em julho deste ano (nº 142/00), que determina em 
seu artigo 2º: Os 
sistemas ficarão disponíveis aos interessados para análise (...) de 2 a 6 de agosto. 
Mas ressalva: Os sistemas 
disponíveis de que trata o caput deste artigo não incluem os sistemas operacionais por 
serem padrão de 
mercado, o Sistema de Segurança (SIS) e o algoritmo de criptografia por constituírem o 
bloco de segurança. O 
sistema operacional, diz o PDT, só é conhecido na totalidade pelos fabricantes, duas 
empresas privadas: a 
Procomp e a Microbase. 

A petição do PDT é baseada no relatório técnico do engenheiro Amilcar Brunazo Filho, 
formado pela Escola 
Politécnica da USP e especialista em segurança de dados. Brunazo passou a investigar o 
processo eleitoral 
eletrônico brasileiro depois da primeira eleição informatizada, a de 1996, e criou um 
fórum de debates na 
Internet que atrai quase duzentos participantes (www.votoseguro.org). Ele afirma que 
qualquer programador 
de sistemas de nível médio poderia introduzir vícios que alterariam os resultados 
eleitorais tanto no sistema 
operacional como na biblioteca de criptografia sem deixar rastros. E acrescenta: 
Isso não quer dizer que houve 
ou haverá fraudes nas eleições, mas o fato é que não há a transparência exigida em uma 
eleição.

Para Brunazo, o quadro se agrava, já que é impossível recontar os votos no caso de 
reclamação de algum 
candidato. As urnas só apresentam a soma total dos votos e os números dos títulos 
eleitorais dos votantes. Não 
há como conferir voto a voto e o eleitor não tem nenhuma garantia material de que o 
voto computado pela urna 
seja efetivamente aquele que apareceu na tela, fato de que nem os técnicos do TSE 
discordam. Também não é 
possível auditar o processo eleitoral, uma vez que, como diz o analista de sistemas 
Cláudio Andrade Rêgo, perito 
em informática há três anos junto ao Tribunal da Justiça e ao Tribunal Federal de 
Minas Gerais, auditoria só se 
faz em papel.

Por que os bancos, tão avançados na informatização de seus processos, não aposentaram 
o papel?, pergunta 
Rêgo. Porque não há como fazer auditoria sem o papel. É muito fácil programar um 
sistema para fraudar as 
eleições e, na mesma programação, fazer com que ele apague essa ordem, não deixando 
traços para uma futura 
auditoria, explica.

Rêgo conta que pesquisou como outros países resolveram a questão da informatização das 
eleições e chegou a 
uma conclusão surpreendente: Nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria dos Estados 
mantém o voto no 
papel e os que optaram pela informatização, como o Estado da Virgínia, exigem que 
todos os programas sejam 
examinados por um comitê composto de representantes dos partidos e engenheiros 
independentes da área de 
informática sem prazo para a conclusão de seus trabalhos. (Os interessados em 
confirmar essa informação 
podem acessar o site http//leg1.state.va.us/cig-bin)

Na Alemanha, as eleições continuam sendo no papel, assim como na França e no Japão. 
Para o secretário de 
informática do TSE, 

[VotoEletronico] Bom artigo da Marina Amaral na Caros Amigos

2002-09-04 Por tôpico Amilcar Brunazo Filho

Oi Roger,
Esta matéria, que voce enviou, da Caros Amigos é de setembro de 2000.
Vai sair uma máteria neste mes de setembro de 2002, também da Marina, numa 
edição especial de eleição que deve sair boa.
Vamos ficar de olho.

[ ]s
Amilcar

At 12:01 04/09/02 -0300, you wrote:
http://www.uol.com.br/carosamigos/edicao/ed42/votoeletro.htm

Está criada uma discussão nacional sobre as eleições.
Partidos alegam que as regras do TSE impedem a fiscalização das urnas.
O VOTO ELETRONICO EM XEQUE
por Marina Amaral
A legitimidade da eleição mais informatizada do mundo, na definição 
orgulhosa do Tribunal Superior Eleitoral ...

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