samba s.m. (Folcl.)

1) Palavra provavelmente procedente do quimbundo semba (umbigada), empregada
para designar dança de roda (de coreografia semelhante à do batuque) popular
em todo o Brasil, geralmente com dançarinos solistas, aparecendo quase
sempre a umbigada. Os sambas mais conhecidos são os da Bahia, Rio de Janeiro
RJ e São Paulo. Na Bahia, adquire denominações suplementares, conforme as
variações coreográficas: samba-de-chave, em que o dançarino solista finge
procurar no meio da roda uma chave; quando a encontra, é substituído. A
estrutura poético-musical do samba baiano obedece à forma verso-e-refrão,
seja, compõe-se de um verso único, solista, a que se segue outro, repetido
pelo coro dos dançarinos da roda como estribilho. Não havendo refrão, o
samba é denominado samba-corrido, variante pouco comum. Os cantos são
tirados por um cantador, que é um dos instrumentistas ou o dançarino
solista. Outra particularidade do samba baiano é a forma de concurso que a
dança às vezes apresenta: há disputa entre os participantes para ver quem
melhor executa seus detalhes solistas. Afora a umbigada, comum a todo samba,
o da Bahia apresenta três passos fundamentais: corta-a-jaca, separa-o-visgo,
apanha-o-bago. Há também outro elemento coreográfico, dançado pelas
mulheres: o miudinho. Este também aparece em São Paulo, como dança de
solistas em centro de roda. São instrumentos do samba baiano o pandeiro, o
violão, o chocalho e às vezes as castanholas e os berimbaus. Em São Paulo, o
samba passou do domínio negro para o caboclo. E, na zona rural, pode
apresentar-se sem a tradicional umbigada. Há, também, outras variantes
coreográficas, podendo os dançarinos dispor-se em fileiras opostas, homens
de um lado, mulheres de outro. São instrumentos de samba em São Paulo as
violas, os adufes, os pandeiros. Existem referências a esse tipo de samba de
fileiras em Goiás, com a diferença de que lá foi conservada a umbigada. É
possível que a disposição primitiva de roda, em Goiás, tenha sido alterada
por influência da quadrilha ou do cateretê. Segundo Luís da Câmara Cascudo,
pode-se observar a influência da cidade no samba pelo fato de ele ser também
dançado por par enlaçado. Quanto à instrumentação, Mário de Andrade faz uma
observação válida para as demais danças afro-brasileiras com predomínio de
percussão: "Os instrumentos não obedecem a nenhum critério seletivo, sendo
livre a contribuição dos tocadores". No Rio de Janeiro o samba era
inicialmente dança de roda entre os habitantes dos morros. Foi daí que
nasceu o samba urbano carioca, espalhado hoje por todo o Brasil. São seus
instrumentos o tamborim, o violão, o pandeiro, o cavaquinho, a cuíca, o
surdo, as caixas etc.

2) Da mesma forma que o batuque, já desde o início do séc. XIX a palavra
samba estendeu-se como designação de qualquer tipo de baile popular,
sinônimo de arrasta-pé, bate-chinela, brincadeira, balança-flandre, baianá²,
cateretê, fandango², fobó, forró, forrobodó, função, fungangá, pagode, xiba,
zambê etc. (Pop.)

1) Dança popular e música de compasso binário e ritmo sincopado reveladores
de sua ligação original com os ritmos batucados, acompanhados por palmas,
dos bailes folclóricos denominados sambas.

2) Gênero de canção popular de ritmo basicamente 2/4 e andamento variado,
surgido a partir do início do séc. XX como aproveitamento consciente das
possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e
aos quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estâncias, de versos
declamatórios.

3)Samba de breque loc.subst.m. Samba de ritmo acentuadamente sincopado, com
paradas súbitas chamadas breques (do inglês break nome popularizado no
Brasil para os freios de automóveis, que continuam chamados breques), dando
tempo ao cantor para encaixar comentários, falados geralmente, de caráter
humorístico, alusivos ao tema. Variante do samba-choro, nasceu em meados da
década de 1930.

4) Samba-canção s.m. Samba cuja ênfase musical recai sobre a melodia,
geralmente romântica e sentimental, contribuindo para amolecer o ritmo, que
se torna mais contido. Modalidade surgida na década de 1920 e firmada na
década seguinte. Cultivada inicialmente apenas por músicos do teatro de
revista do Rio de Janeiro RJ, teria passado a interessar aos compositores em
geral a partir do sucesso da composição Iaiá ou Ai, ioiô (Henrique Vogeler,
Marques Porto e letra de Luís Peixoto), lançada no teatro e em disco pela
cantora Araci Cortes, respectivamente em fins de 1928 e inícios de 1929. Por
serem os discos com sambas-canções lançados sempre fora do período
carnavalesco (época reservada às músicas de ritmo vivo), estes seriam também
genericamente conhecidos como sambas de meio de ano.

5) Samba carnavalesco loc.subst.m. Nome genérico atribuído aos sambas
compostos e lançados com intenção de vê-los e ouvi-los dançados e cantados
durante as festas do Carnaval.

6) Samba-choro s.m. Melodia que aproveita o fraseado instrumental do choro
(um samba "com fraseado de flauta na voz", na definição de Vasco Mariz em
seu livro A canção brasileira, Rio de Janeiro, 1959) e o une ao batuque do
samba. Surgiu no início da década de 1930, ao que tudo indica a partir da
composição Amor em excesso (Gadé e Valfrido Silva), gravada em 1932, em
disco cujo selo só trazia a indicação: choro.

7) Samba-enredo s.m. Modalidade de samba criado por compositores componentes
de escolas de samba do Rio de Janeiro, a partir de inícios da década de
1930, cuja letra deve compreender o resumo poético do tema histórico,
folclórico, literário, biográfico ou mesmo de criação livre, que for
escolhido para enredo ou assunto da apresentação da escola de samba em seu
desfile-espetáculo diante do público. Inicialmente cantado apenas durante os
desfiles das escolas de samba na Praça Onze de Junho, no Rio de Janeiro, os
sambas de enredo passaram a interessar também os cantores profissionais a
partir da década de 1940, figurando como primeira gravação comercial de uma
composição dessa modalidade o samba-enredo Natureza bela!. (Odeon nº
12.032-A, junho de 1942), cantado por Gilberto Alves. Natureza bela do meu
Brasil (título tirado de seu primeiro verso) fora o samba de enredo da
escola de samba Unidos da Tijuca, do Rio de Janeiro, em seu desfile do ano
de 1936. Como sinal dos tempos, esse samba-enredo, de autoria do compositor
popular Henrique Mesquita, aparece em sua gravação acrescido do nome de um
parceiro: o compositor profissional Felisberto Martins.

8) Samba-exaltação s.m. Também chamado samba de exaltação, samba de melodia
extensa e letra de tema patriótico, cuja ênfase musical recai sobre o
arranjo orquestral que busca um caráter de grandiosidade, inclusive com
recursos sinfônicos. Modalidade muito cultivada por compositores
profissionais do teatro musicado e dos meios do rádio e do disco a partir do
sucesso da composição Aquarela do Brasil (Ari Barroso), gravada em 1939 por
Francisco Alves. A música ocupava as duas faces do disco de 78 rpm Odeon nº
11.768 e trazia como indicação "Cena brasileira", tendo o acompanhamento da
Orquestra de Radamés Gnattali, colaborador do autor na parte do arranjo.

9) Samba de gafieira loc.subst.m. Modalidade de samba de ritmo sincopado,
geralmente apenas instrumental, feito para dançar, criado durante a década
de 1940 pelas orquestras de salões de danças públicas (gafieiras, dancings e
cabarés). Na realidade, não sendo um gênero, mas forma especial de tocar
samba para dançar, o samba de gafieira revela em sua forma instrumental -
principalmente na parte dos metais - nítida influência do estilo de
orquestras de música comercial norte-americana do período da Segunda Guerra
Mundial.

10) Samba de morro loc.subst.m Samba de ritmo vivo, acompanhado por
pandeiro, tamborim, cuíca e surdo, criado e difundido na década de 1930, no
Rio de Janeiro, por compositores que freqüentavam as rodas de samba do
Estácio.

11) Samba de partido-alto loc.subst.m. Também chamado samba do partido-alto,
gênero de samba surgido no início do séc. XX, conciliando formas antigas (o
partido-alto baiano, por exemplo) e modernas do samba-dança-batuque, desde
os versos improvisados à tendência de estruturação em forma fixa de canção,
e que era cultivado inicialmente apenas por velhos conhecedores dos segredos
do samba-dança mais antigo, o que explica o próprio nome de partido-alto
(equivalente da expressão moderna "alto gabarito"). Inicialmente
caracterizado por longas estrofes ou estâncias de seis e mais versos,
apoiados em refrões curtos, o samba de partido-alto ressurge a partir da
década de 1940, cultivado pelos moradores dos morros cariocas ligados às
escolas de samba, mas já agora não incluindo necessariamente a roda de dança
e reduzido à improvisação individual, pelos participantes, de quadras
cantadas em intervalos de estribilhos geralmente conhecidos de todos.

12) Samba de quadra loc.subst.m. Também chamado samba de terreiro,
samba-canção ou de ritmo mais vivo, mas incluído necessariamente na
categoria de samba de meio de ano, que os compositores de escola de samba
compõem para cantar fora do período de ensaio dos sambas-enredo e que são
apresentados como diversão na própria quadra de ensaio ou terreiro, nas
reuniões e encontros de sambistas, em almoços de confraternização, festas
promovidas por aniversariantes da comunidade. Modernamente, é também de
caráter promocional-comercial, em apresentações de teatro, na televisão ou
nas chamadas noitadas de samba.

13) Samba raiado loc.subst.m Trazido para o Rio de Janeiro pelas "tias"
baianas, no início do séc. XX, variante do samba-de-roda, era sempre
acompanhado por palmas e o ruído forte e estridente de pratos de louça
raspados com facas de metal.

14) Sambalada s.m. Samba-canção com ritmo lento, semelhante aos das músicas
comerciais estrangeiras lançadas no mercado brasileiro, a partir do início
da década de 1950, sob o nome genérico de baladas.

15) Sambalanço s.m. Gênero de samba também chamado samba de balanço,
caracterizado pelo deslocamento da acentuação rítmica, introduzido na metade
da década de 1950 por profissionais ligados à música de dança produzida por
orquestras e conjuntos de boates cariocas e paulistas, influenciados pelos
gêneros musicais norte-americanos da época, sobretudo o jazz. Já na década
de 1960 evoluiu para uma mistura de bossa nova, maracatu, jongo e rhythm &
blues, dando origem ao samba-rock mais recente.

16) Sambão subst.m.aum. Nome cunhado e difundido durante a década de 1970,
referia-se ao samba composto e gravado com objetivo essencialmente
comercial.

17) Sambolero s.m. Samba-canção de ritmo abolerado, representativo da música
popular comercial da década de 1950, submetida ao impacto do primeiro gênero
de música de massa imposta pelas grandes fábricas de discos internacionais,
o bolero.

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