O Apocalipse Inevitável (parte
V)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_v.php>

[image: real]

No deserto do real de *Matrix* (1999), o planeta está envolto nas trevas. A
própria humanidade havia bloqueado a luz do Sol em uma última tentativa
desesperada de vencer os robôs, que se alimentavam diretamente de energia
solar. Como resposta, e de alguma forma que nunca foi realmente explicada
(afinal, é apenas um filme) as máquinas passaram então a colher energia de
bilhões de seres humanos cultivados em casulos, com as mentes ocupadas em um
mundo virtual.

Começamos falando de Apocalipses da ficção porque em 2007, no deserto real e
vermelho de Marte, dois de nossos mais valentes robôs, *Spirit* e *
Opportunity*, foram atingidos por um problema muito parecido. O planeta
árido vê redemoinhos e tempestades de poeira a todo momento, e
periodicamente as gigantescas tempestades se reúnem para englobar Marte
completamente. Detalhes de seu relevo, que geralmente podem ser vistos
claramente a grande distância devido à ausência de nuvens, são turvados por
uma espessa camada de poeira. A poeira que se eleva até a alta atmosfera de
Marte bloqueia a luz do Sol, praticamente transformando o dia em noite, ou
em um “crepúsculo ao meio-dia”, prejudicando assim a fonte de energia das
sondas-robô, os painéis solares.

[image: 109925main_br_2001duststorms_i1]

Matrix e Marte, mas nós ainda estamos falando do Inverno Nuclear.

“A sonda espacial americana Mariner 9, o primeiro veículo a orbitar outro
planeta, chegou a Marte no final de 1971. O planeta estava envolto por uma
tempestade de poeira global. Enquanto as partículas finas lentamente
retornaram à superfície, pudemos medir as mudanças de temperatura na
atmosfera e superfície. Logo ficou claro o que havia acontecido”,
escreveu *Carl
Sagan* em um suplemento dominical lido por milhões naquele mesmo ano de
1983. O título? “*O Inverno
Nuclear*<http://www.cooperativeindividualism.org/sagan_nuclear_winter.html>
”.

“Eu e meus colegas *James B. Pollack* e *Brian Toon* do Centro de Pesquisas
Ames da NASA estávamos ansiosos por aplicar estas descobertas à Terra. …
Juntando forças com *Richard Turco*, que havia estudado os efeitos de armas
nucleares por muitos anos, começamos a dirigir nossa atenção aos efeitos
climáticos da guerra nuclear”. O resultado desse trabalho seria o estudo
científico que definiria o Inverno Nuclear.

Se a linhagem direta de conhecimento científico que levou à descoberta dos
efeitos climáticos globais de uma guerra nuclear começava com *Paul
Crutzen*e seus estudos sobre alta atmosfera, incluindo o ozônio, o que
incluiu um
ufólogo alertando sobre o câncer de pele no
Congresso<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/06/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_1.php>,
foi Marte e suas tempestades de poeira que levaram Sagan ao Inverno Nuclear.
O estudo TTAPS trabalha referindo-se tanto à ciência atmosférica terrestre
de Crutzen quanto à extraterrestre desenvolvida entre outros pelo próprio
Sagan.

Estes são detalhes deliciosos da história da ciência, no cruzamento entre
ficção e realidade, sobre como cientistas planetários estudando a dinâmica
de planetas a milhões de quilômetros de distância podem fazer descobertas
importantes para bilhões de seres humanos em nossos próprios países. No
entanto, estes detalhes curiosamente também seriam, e são usados, para
criticar esta mesma ciência.

[image: inconvenient_truth]

Desde o início “céticos” e negadores do Inverno Nuclear questionaram a
validez do conceito. Décadas de políticas e trilhões de dólares e rublos
haviam sido investidos sem considerar os efeitos climáticos globais de um
confronto nuclear. Que estes efeitos fossem apocalípticos e questionassem
tais políticas não seria aceito sem contestação.

Segundo tais críticos, a promoção intensa feita por Sagan e seus colegas,
mesmo antes da publicação na *Science*, incluindo coletivas de imprensa e
inúmeros programas televisivos, incluindo o painel de
debate<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_3.php>após
a exibição de “
*The Day 
After<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_2.php>
*”, refletiriam muito mais ativismo político que uma descoberta científica.
A crítica se estende até hoje. Recentemente, o escritor de ficção científica
(!) *Michael Crichton* proferiu uma
palestra<http://wattsupwiththat.com/2010/07/09/aliens-cause-global-warming-a-caltech-lecture-by-michael-crichton/>comparando
a famosa equação de Drake sobre a existência de civilizações
extraterrestres – popularizada principalmente pelo mesmo Sagan – com a
ciência do Inverno Nuclear. Para ele, seriam ambas muito questionáveis,
enquanto nenhum dos parâmetros usados nos modelos poderiam ser conhecidos
com a segurança apropriada. Ficção e ciência, extraterrestres e o futuro da
Terra novamente se cruzando, mas para negar o Inverno Nuclear.

Além dos ataques aos proponentes e a seus motivos, o questionamento ao
Inverno Nuclear se dirigiria de forma concentrada justamente ao fato de que
se baseava em modelos computadorizados da atmosfera. Na década de 1980, com
computadores menos poderosos que um aparelho de MP3, o modelo utilizado no
estudo TTAPS era de fato primitivo: lidava, por exemplo, com apenas uma
dimensão. Toda a complexidade tridimensional da atmosfera, as interações
imensamente complexas em diferentes latitudes e longitudes, o comportamento
de sistemas complexos e caóticos como nuvens, eram todos simplesmente
ignorados em um modelo unidimensional simplificado.

“É um exemplo absolutamente atroz de ciência, mas eu receio muito em expor
seus erros publicamente. Acho que vou me distanciar desta: quem quer ser
acusado de ser a favor da guerra nuclear?”, teria confidenciado o
físico *Freeman
Dyson* a *Russell Seitz*. Seitz citaria várias outras figuras acadêmicas
renomadas criticando a ciência do Inverno Nuclear, incluindo o prêmio Nobel
*Richard Feynman*. “Você sabe, não acho que esses caras realmente saibam do
que estão falando”, teria dito. *Victor Weisskopf*, físico do MIT, resumiria
a questão comentando como “Ah! O Inverno Nuclear! A ciência é terrível, mas
talvez a psicologia seja boa”.

[image: KUWAIT-10009]

Um episódio especialmente embaraçoso aos defensores do Inverno Nuclear, e
especialmente, a Carl Sagan ocorreu em 1991 quando em outro debate
televisivo sobre as consequências da Primeira Guerra no Golfo, Sagan previu
que a fumaça de centenas de poços de petróleo em chamas no Kwait, consumindo
seis milhões de barris diariamente, teria um efeito similar ao de um Inverno
Nuclear em pequena escala. A fumaça chegaria à alta atmosfera, e todo o
sudeste asiático e possivelmente outros continentes ao norte poderiam passar
um ano sem verão, frio e seco, prejudicando a agricultura sustentando
centenas de milhões de pessoas. Em conjunto com Richard Turco, do Inverno
Nuclear, também assinaria os mesmos alertas em editoriais publicados em
jornais.

Nada disso aconteceu. De fato o impacto ambiental na região do Golfo Pérsico
foi significativo, com dias transformados em noite, e a fumaça densa
absorveu a radiação solar. No entanto ela nunca chegou à troposfera, nunca
afetou assim áreas mais distantes, e à pouca altitude foi dissipada
rapidamente pela ação atmosférica de nuvens e outros processos naturais.

Teria Sagan, ao tentar promover uma Verdade Inconveniente, vendido ao invés
a Grande Farsa do Inverno Nuclear? Ao buscar salvar o mundo, teria
subvertido a ciência que tanto defendeu como a vela na escuridão e a
ferramenta indispensável a garantir nosso futuro? A resposta, ou o melhor
que pudermos oferecer como resposta, no próximo nexo.


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]



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