Caro Toscano,
(estou enviando copia desta resposta ao Fórum do Voto-E, para o qual 
convido-o a entrar)

Suas colocações sobre o modus-operandi do teste da urna a ser feito no dia 
da eleição são corretas.

Quando eu me referi ao teste que foi feito em Boa Vista eu estava apenas 
mostrando que é possivel "votar" na urna antes do dia evetivo correto da 
eleição, abrindo porta para uma fraude regional de baixa tecnologia. 
Salientei também que isto mostrava uma maneira de se testar a urna sem ser 
necessário a introdução do "disco de teste", como é feito hoje, o que torna 
o teste inútil.

Este teste que você propôs ao TSE é a mesma idéia que o PT propôs no início 
do ano ao TSE. Mas a proposta original do PT foi desfigurada pelos técnicos 
do TSE e, por final, foi rejeitada.

Em agosto passado, os técnicos do TSE disseram que aceitariam que o teste 
fosse feito nas seguintes condições:
1- O teste seria em 9 capitais escolhidas com antecedência (os partidos 
poderiam indicar que capitais seriam)
2- Apenas duas urnas seriam testadas em cada capital. As urnas seriam 
escolhidas no dia anterior pelos partidos.
3-Não sei dizer se a seção escolhida iria para voto manual ou seria 
preparada uma nova urna para lá.
4- As urnas seriam levadas para um local "controlado" sob guarda do TSE 
para serem testadas no dia seguinte.
5- O teste seria todo filmado, para conferir se os votos foram introduzidos 
corretamente
6- Os horários do teste seriam os mesmos da eleição normal (ligação, 
emissão da zerézima, abertura para coleta de votos, encerramento, emissão 
da BU)
7- das 8 h às 17 h seriam introduzidos votos, SEGUNDO UM TABELA PRÉ 
DETERMINADA, para se distribuir votos para todos os candidados majoritários.

Como você pode ver, Toscano, estas condições impostas pela equipe técnica 
do TSE desfiguraram a idéia inicial.
O teste em cidades pré-determinadas, o número muito pequeno de urnas 
testadas e o uso de uma tabela de votação pré-determinada tornariam o teste 
tão inútil quanto o atual.

Apesar destas condições terem sido aceitas pelo representante do PT, o 
teste acabou por ser negado pelos juizes do TSE, alguns dias antes da 
eleição, dizendo, se não me engano, que não era necessário testar pois o 
sistema era suficientemente seguro.

Foi esta recusa que levou o PT a divulgar uma carta-de-protesto, contra a 
confiabilidade das urnas, alguns dias antes das eleições.

Quanto ao teste que eu havia dito que era possível fazer, também, não era 
ideal pois a urna teria sido carregada com data do dia da eleição e 
colocada em teste logo em seguida. Este fato poderia ser detectado pelo 
software fraudulento e inibido a fraude.

Assim se ve que os teste ideal é difícil de se fazer. Qualquer coisa 
pre-determinada que se estabelecer poderia servir para "estragar" o teste, 
tornando-o inócuo.

Quanto a resposta que você obteve do TSE ("fique tranquilo por que nós 
somos honestos"), é a mesma, é ÚNICA, que eu venho ouvindo há 4 anos, desde 
que comecei a questionar a segurança do sistema, e é por isto que eu tenho 
lutado para tornar o sistema mais confiável que o atual, o qual depende 
apenas do fio-de-bigode de meia dúzia de pessoas.

Para encerrar, volto a convidá-lo, Toscano, a participar do nosso Fórum de 
Debates em:
   http://www.votoseguro.org/forum.htm
e também convido-o a escrever um artigo ou até monografia para ser colocado 
nas páginas do Fórum do Voto-e, a respeito de como se poderia testar ou 
avaliar o sistema.

Ou o que voce acha de comentar o seguinte:
- Os técnicos do TSE alegam que os programas carregados na urnas recebem 
assinatura digital para que se impedir que sejam carregados programas 
adulterados.
- mas negam aos partidos o direito de conferir (com programa próprio) se os 
programas carregados nas urnas contém a assinatura digital correta (feita 
no dia da compilação dos programas sob fiscalização aos partidos), 
alegando, em documento oficial, que revelar a chave pública da assinatura 
"quebra a segurança" do sistema.

Está correta esta "desculpa" deles para não permitir a conferência dos 
programas carregados?

At 14:53 04/10/2000 -0300, Toscano wrote:
>Caro Amílcar:
>Há algum tempo venho ouvido no rádio sobre sua desconfiança das urnas
>eletrônicas, da qual compartilho totalmente.
>Mas vou direto ao assunto, para não tomar muito seu tempo: Você afirmou
>que a urna pode ser testada "enganando-a" sobre a data da eleição (no
>caso, 01/10/00). Há, entretanto, que tomar cuidado quanto à coleta de
>votos pela urna durante o teste. Um software inteligente pode detectar
>que ele está sendo testado; por exemplo, se ele registrar que 80 % do
>eleitorado da seção eleitoral já votou num intervalo de tempo de uma
>hora, uma situação bastante irrealista, ele pode assim constatar o teste
>e "desistir da fraude", apresentanto os resultados corretos! Acredito
>que um verdadeiro teste somente o praticado em tempo real, entre 8 e
>17h, com a freqüência de votantes perto da que realmente se dá.
>
>Na última eleição para Pres. da Rep. enviei um e-mail para o TSE
>propondo testes das urnas. No dia da eleição, os partidos escolheriam
>aleatoriamente uma fração das urnas em todo o país para proceder aos
>testes (lembremos que não devem ser muitas, pois uma amostragem de cerca
>de 3000 de eleitores, como acontece nas pesquisas, fornece com boa
>precisão o comportamento de todo o eleitorado brasileiro). As seções
>eleitorais escolhidas teriam suas urnas remanejadas para o "teste em
>tempo real" acima mencionado, e os eleitores dessas seções votariam em
>cédulas, um pequeno sacrifício a bem da lisura das eleições. A resposta
>dos técnicos do TSE foi: "não se preocupe, pois as urnas são seguras e
>todos aqui neste órgão são honestos e de boa reputação!".
>
>Incrível, não? Admitem-se pertecer ao mais perfeito órgão público desse
>país de tantos escândalos e corrupção!
>
>Claro, também, que a proposta de cédula impressa do Sen. Roberto Requião
>é uma excelente idéia.
>
>Abraços e felicitações pelo serviço que você tem prestado ao país,
>
>Roberto Toscano Couto
>UFF - Dep. de Matemática Aplicada


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