Painel sujeito a fraudes
Auditoria confirma que o sistema de votação do Senado é
vulnerávelBRASÍLIA - O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA),
confirmou ontem que o sistema de votação secreta da Casa é vulnerável, sujeito a
18 tipos de fraude. “Há possibilidade de adulteração dos votos”, admitiu, em
relação ao processo de cassação do mandato do senador Luiz Estevão, em junho de
2000.
Segundo Jader, os técnicos da Unicamp que fizeram a perícia no
sistema de votações concluíram que é possível identificar os votos dos
senadores. No dia da cassação do mandato de Estevão, alguns
arquivos do sistema teriam sido apagados. Diante desse quadro, até a modificação
do sistema para aumentar o nível de segurança das votações, o Senado vai rever o
uso do painel eletrônico.
Senado usará urnas em votações secretas
As votações secretas, segundo Jader, serão realizadas
com a utilização de urnas, ficando o painel eletrônico reservado apenas para as
votações nominais. Ele ressaltou, no entanto, que não foi possível verificar se
houve violação da votação da sessão secreta que aprovou a cassação de mandato do
ex-senador Luiz Estevão em 28 de de junho de 2000.
O coordenador da equipe da Unicamp, Álvaro Costa, detalhou alguns
dos 18 pontos de vulnerabilidade do sistema: os votos dos senadores podem ser
alterados mediante a utilização da senha do parlamentar e da senha de acesso ao
painel; as senhas dos senadores estão arquivadas no sistema, permitindo que uma
pessoa de fora tenha conhecimento desses códigos; com a votação secreta em
curso, é possível tirar uma lista com os votos dos senadores; os cabos da redes
que interligam os terminais estão instalados em locais de fácil acesso. Assim,
uma pessoa poderia entrar no sistema e até alterar os votos. O laudo será
encaminhado ao Conselho de Ética do Senado.
ACM afirma que nada ficou provado
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que a perícia feita por
técnicos da Unicamp no painel de votação eletrônica do Senado não comprovou a
tese de que ele teria violado o sistema. Na versão de ACM, ficou comprovado que
ninguém mexeu no painel. “Portanto, as representações contra mim deixam de ter
importância”, acrescentou, referindo-se ao pedido de cassação do mandato dele
por quebra de decoro, que está sob análise do Conselho de Ética do Senado.
O requerimento foi apresentado pelas oposições, com base em
reportagem publicada pela revista IstoÉ, segundo a qual ACM teria dito possuir a
lista dos votos dados por todos os senadores na sessão secreta em que foi
cassado o mandato do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF).
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