O editorial do GLOBO de hoje se chama "urnas caras".
Nada a ver com o preco das urnas eletronicas em si, mas com o projeto de 
financiamento publico das campanhas eleitorais (o que acho absurdo, pois 
nao vai eliminar o caixa 2 e vai rapinar novamente nossos bolsos).
Voltando ao assunto: fala-se em R$ 742 milhões de gastos por campanha 
eleitoral em financiamento publico das campanhas.
E quanto se gasta a cada eleicao com as urnas eletronicas?
Quanto se gastaria para aperfeicoa'-las?
Facamos as contas.

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Urnas caras

Talvez não haja na vida pública das democracias nenhum setor tão resistente 
à moralização quanto o do financiamento de campanhas eleitorais. As 
irregularidades praticadas por candidatos e grupos de interesses ameaçam um 
ponto vital do sistema democrático: o ato de votar, que deveria refletir 
com absoluta clareza e total lisura a vontade do cidadão. Em princípio, o 
projeto aprovado na semana passada pelo Senado, instituindo o financiamento 
de campanhas exclusivamente com dinheiro público - além de proibir doações 
de pessoas físicas e jurídicas e o uso de recursos próprios dos candidatos 
- é um passo na direção da moralização e da igualdade de oportunidades. 
Seria uma forma de acabar com hábitos perniciosos do modelo em vigor, no 
qual a injeção de recursos particulares nas campanhas multiplica a 
eficiência do lobby, na sua versão perniciosa e ilegítima, tanto nos 
plenários do Legislativo como nos gabinetes do Executivo. Por outro lado, é 
justificável o temor de que as novas regras, em vez de sanearem o sistema, 
contribuam para distorcê-lo ainda mais. Na prática, o novo modelo poderá se 
revelar extraordinariamente difícil de administrar. Como se trata de um 
investimento significativo de recursos públicos, toda cautela é pouca. Pelo 
projeto, o Orçamento Geral da União destinará em ano eleitoral R$ 742 
milhões (em valores de hoje) a um fundo de financiamento. É quantia 
equivalente ao que o país gasta por ano no combate à Aids. Tão importante 
quanto estabelecer regras de proporcionalidade na distribuição da verba - 
dando fatias maiores às bancadas mais numerosas, e garantindo um mínimo aos 
partidos pequenos - é criar mecanismos para evitar e desestimular abusos. 
Críticos do projeto aprovado pelo Senado alertam, aparentemente com razão, 
para o risco de o novo modelo conceder poderes excessivos aos diretórios 
regionais, encarregados de administrar a fatia de cada partido. É sempre 
bom ter presente a experiência de outros países. Nos Estados Unidos, por 
exemplo, as eleições ainda são bastante vulneráveis a abusos do poder 
econômico. Todo ano eleitoral multiplicam-se as denúncias de 
irregularidades - e as promessas de reforma do sistema. Isso tudo apesar da 
existência de financiamento das campanhas com recursos públicos e de normas 
severas sobre doações particulares.


PAULO GUSTAVO SAMPAIO ANDRADE
Teresina - Piaui
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