Caros amigos.
Encaminho sem comentários. Nem precisa, né mesmo?
É isso, um abraço.
 
Luiz Ezildo
 
A instrução é a parte menos importante da educação.
JOHN LOCKE, filósofo inglês
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O carrão e a jamanta

SÃO PAULO - Em Brasília, há um famoso escritório de advocacia, muito conhecido, o Escritório Carrão, o mais poderoso escritório de lobby administrativo junto aos três poderes federais, sobretudo ao Executivo. Na entrada, durante muito tempo, havia três nomes, escritos em bronze colado na parede: Eduardo Carrão, Eliseu Padilha, Nelson Jobim, advogados.

Fernando Henrique, desde senador e ministro, fez dali seu bunker político. Eleito presidente em 94, levou Eliseu Padilha para o Ministério dos Transportes e Nelson Jobim para o Ministério da Justiça. Um para cuidar de dinheiro e o outro para tomar conta da lei. Carrão ficou lá. E os nomes de Padilha e Jobim continuaram lá, gravados na parede, em bronze.

No Congresso, senadores e deputados sabiam que ali era um intocável centro de poder, e que numerosas leis e medidas provisórias eram fecundadas e paridas ali e, depois de redigidas, mandadas para o Palácio do Planalto.

Um dia, contei aqui a história, arrancaram o bronze e tiraram os nomes de Padilha e Jobim da entrada do escritório. Mas, como sua ação nas sombras, também os dois nomes permaneceram lá, em sombras negras na parede.
No escritório, os amigos brincavam dizendo que ali havia o carrão (o próprio), o trator (Padilha) e a jamanta (Jobim).

A "Lei de Angra"

Na "IstoÉ", o jornalista Weiler Diniz conta ("A Lei de Angra"):

"Véspera do réveillon de 2001 para 2002. O deputado Miro Teixeira (RJ, líder do PDT na Câmara) recebe em sua casa de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Nelson Jobim, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer. Entre doses de uísque a canapés, Miro vira-se para Jobim e dispara:
- Quando é que o Tribunal vai responder minha consulta sobre as coligações partidárias? O candidato de vocês, José Serra, pode ser grande beneficiado".
A resposta veio essa semana, terça-feira, às 22,45.

O TSE se reuniu tarde da noite, já quase madrugada. Miro Teixeira, líder do PDT e de Brizola na Câmara, sempre foi o líder da "bancada da madrugada" (senadores e deputados de bancadas da oposição que se reúnem permanentemente com Fernando Henrique, no Palácio da Alvorada, nas madrugadas, para não serem vistos; há outros: senador Roberto Freire, do PPS, deputados José Genoino e Paulo Delgado, do PT, etc.).

Em 94, quando Lula percorreu o Brasil, na Caravana da Cidadania, o Tribunal Superior Eleitoral proibiu o uso de "imagens externas" nos programas eleitorais das televisões, para que os filmes sobre a Caravana de Lula não aparecessem na TV.

A proposta ao TSE foi do mesmíssimo Miro Teixeira, que, na época, "apoiava" a candidatura de Brizola contra Fernando Henrique. E Nelson Jobim, o Jamanta, comandava a assessoria jurídica da candidatura de Fernando Henrique lá de dentro do bunker do Escritório Carrão.

Miro e José Serra foram padrinhos de casamento de Nelson Jobim. Tudo em casa, domesticamente. A "Lei de Angra" é a lei do Jamanta.

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