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DÓLAR - 02/08/2002
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10h35 |
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11h00 |
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11h17 |
3,035 |
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11h49 |
3 |
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12h00 |
3,02 |
3 |
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3,06 |
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13h00 |
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13h02 |
3,07 |
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14h00 |
3,07 |
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15h00 |
3,07 |
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15h48 |
3,01 |
3 |
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16h00 |
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17h00 |
3 |
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Rio, 3 de Agosto de 2002
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Candidato elogia a atuação da Rede Globo e afirma que esta é a campanha mais isenta dos últimos tempos, com todos tendo a mesma atenção nos meios de comunicação
‘O debate tem que ser sobre programas’
“Baixaria não leva a nada”, é o que diz o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ao afirmar que o comportamento dos seus competidores — Ciro Gomes, José Serra e Anthony Garotinho — até aqui tem sido acima da média e que o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso não tem se intrometido na disputa. Depois de destacar, em entrevista dada ontem à revista americana “Time”, que a cobertura da Rede Globo nestas eleições tem sido um dos fatos mais importantes para a democracia, Lula, em entrevista ao GLOBO, fez uma análise do comportamento geral da mídia na cobertura da campanha para a Presidência da República.
Jorge Bastos Moreno
SÃO PAULO
Os analistas dizem que há três componentes novos na eleição: o equilíbrio da competitividade dos candidatos, as pesquisas que alimentam semanalmente e a ampla cobertura da mídia. Chegam ao ponto de dizer que a mídia eletrônica está antecipando a escolha dos indecisos, tornando quase inócua a aposta no horário eleitoral gratuito.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA:
Não diria que a mídia eletrônica anula o horário eleitoral, porque você vai usar o tempo do horário gratuito para vender o programa de governo, que muitas vezes não sai na cobertura diária. De qualquer forma, acho que é uma coisa extraordinária. Com isso, vai informando, vai preparando melhor a sociedade. Vai fazendo a sociedade se decidir com mais clareza, até um pouco bem antes das eleições. Acho que esse é o mais importante acontecimento destas eleições: o interesse da mídia eletrônica.
Em entrevista à “Time”, o senhor destacou a importância da cobertura isenta que, segundo o senhor, a Rede Globo está fazendo.
LULA:
Mas isso nem é preciso dizer só à “Time”. Mas para qualquer órgão de imprensa, inclusive O GLOBO. Acho que a Rede Globo está tendo este ano um comportamento exemplar. Já tinha dito publicamente que, em 98, a cobertura mais isenta das eleições tinha sido feita pelo jornal O GLOBO. Acho que a TV agora está fazendo uma cobertura excepcional. Primeiro, porque está cobrindo em igualdade de condições todos os candidatos, dando o mesmo tempo para todos. Acho que não existia isso nas eleições passadas. Às vezes o candidato do governo entrava mais, o candidato da oposição entrava menos. Hoje, repito, está todo mundo entrando em igualdade de condições. Acho isso ótimo para a democracia e, sobretudo, ótimo para os próprios meios de comunicação.
O senhor acha que a mídia, de um modo geral, tem tido isenção nesta campanha ?
LULA:
Acredito que onde a gente tem mais tranqüilidade na mídia é exatamente no rádio e na televisão, naquilo que você faz ao vivo.
Por quê?
LULA:
A imprensa escrita é sempre mais delicada. Primeiro, o fotógrafo tira 80 fotos e manda para o editor escolher. Nem sempre a foto que sai é aquela em que você está melhor. Segundo, em alguns jornais, as manchetes nunca estão de acordo com o texto. As manchetes são mais sensacionalistas. São mais para vender jornal. Muitas vezes, você vai ver a manchete e depois ler o texto e descobre que não tem razão de ser aquela manchete. Em terceiro lugar, quem escreve as reportagens é um ser humano, que tem posições políticas. E, muitas vezes, por mais isento que seja, ele deixa escorregar suas afinidades ideológicas. Por isso, acho que a cobertura da imprensa escrita é mais vulnerável do que uma entrevista ao vivo, no rádio e na televisão, ou um debate.
Por quê?
LULA:
Porque mesmo que você seja encurralado por um jornalista, por estar ao vivo, as pessoas vendo e ouvindo podem fazer seu juízo de valor. Na entrevista escrita, você fica por conta do caráter, da honestidade de quem a faz.
Mas essa vulnerabilidade não deve ser recíproca? O repórter também não fica por conta do caráter e da honestidade de quem diz uma coisa e, ao ver a repercussão, volta atrás e acusa o repórter e o jornal? Nesse caso, não há o julgamento do caráter e da honestidade do entrevistado?
LULA:
Isso também acontece. Muitas vezes as pessoas falam e depois negam. Isso também é uma coisa corriqueira.
O senhor não falou do outro fenômeno: as pesquisas. Elas têm essa influência toda?
LULA:
Não dou essa excelência de importância às pesquisas. Acho que elas oscilam de acordo com os acontecimentos, de acordo com a onda da semana ou do mês.
O senhor acha que o presidente Fernando Henrique está tendo a atitude que se espera de um governante na eleição?
LULA:
Acho que até agora o presidente não tem se metido muito. Não sei se é porque as pesquisas estão dizendo que mais de 60% não votariam no candidato apoiado por ele ou porque a situação econômica do país está muito mal. O correto é que o presidente da República precisa ter a postura de magistrado. Ele não pode se meter de corpo e alma em qualquer campanha eleitoral. Precisa ser uma espécie de ser superior, acompanhando o processo eleitoral.
Ele está agindo assim?
LULA:
José Serra é o candidato dele. O PSDB é o partido dele. O que ele tem de fazer para ajudar Serra de forma natural, conta com a compreensão, acredito, de todos nós. A gente vê isso como coisa natural. O que não seria certo é se ele usasse a máquina eleitoral para favorecer seu candidato.
Ciro Gomes disse que o programa de governo dele está mais próximo do candidato “Lula novo”. Quem é o “Lula novo”?
LULA:
Lula novo? (às gargalhadas). Não sei o que é isso. Essa pergunta deve ser feita ao Ciro.
De modo geral, os candidatos estão se comportando bem na campanha?
LULA:
Acho que se a gente não trabalhar direito para manter o nível de respeito não está contribuindo para a politização da sociedade. A baixaria não leva a nada. O debate tem que ser sobre programas que cada um quer realizar, se eleito presidente. Acho que os debates têm que ser de alto nível. E acho que até agora o comportamento de todos tem sido acima da média.
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