A "Tribuna da Imprensa" de hoje, aqui no Rio de Janeiro, publicou esta
matéria com informaçoes transmitidas pelo professor Pedro Rezende no
alto da página 3, com foto e direito a chamada na primeira página - logo
após o título e a chamada principal. Portanto, com grande destaque.
Repasso para voces, a integra da matéria da "Tribuna" encontrável na
internet na pagina www.tribuna.inf.br


                    Especialista teme "apagões" na totalização

                    O professor Pedro Antonio Dourado de Rezende, do
Departamento de
                    Ciência da Computação, da Universidade de Brasília
(UnB) se diz
                    preocupado com a reprogramação das urnas eletrônicas
para o
                    segundo turno. "O que estava previsto era que um
disquete avisaria
                    ao programa de votação na urna quais candidatos
dentre os já ali
                    cadastrados participiam do segundo turno", afirma o
professor.
                    Segundo ele, a reprogramação das urnas pode ter
destruído provas
                    fundamentais para os processos de impugnação dos
programas
                    abertos nos TRE do Rio e de São Paulo.

                    Rezende teme também que os mesmos incidentes
suspeitos
                    envolvendo a totalização dos votos que aconteceram
no primeiro
                    turno, se repitam no segundo.

                    Para quem não lembra, em um determinado momento da
totalização
                    dos votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em
Brasília, o sistema
                    caiu. Pouco antes, no telão que transmitia os dados
apurados, Lula
                    repentinamente apareceu com 41 mil votos negativos.
A imagem
                    chegou a ser retransmitida para todo o Brasil pela
Rede Bandeirantes,
                    mas logo em seguida tudo apagou-se por quase cinco
minutos.

                    "A totalização dos votos neste ano foi completamente
secreta", diz o
                    professor. "Os partidos não puderam validar o
programa totalizador,
                    nem mesmo para verificar se estava sendo usado o
mesmo
                    apresentado no TSE, em setembro. Não puderam sequer
acompanhar
                    o processo no recinto onde estava sendo executado.
Por isso,
                    ninguém de fora pôde conhecer a natureza e a causa
do momentâneo
                    placar de 41 mil votos negativos para Lula",
explica.

                    Segundo Rezende, "o sinal negativo não apareceu lá
boiando, pois os
                    votos de Lula já passavam, em muito, dos 41 mil.
Isto só poderia
                    acontecer por uma subtração que "errou a mão" ou por
estouro de
                    campo. Mas um estouro de campo teria acontecido
antes, tanto na
                    apuração como em testes."

                    O maior receio de Rezende é que voltem a acontecer
no segundo
                    turno as mesmas práticas que, no primeiro, teriam
facilitado o
                    trabalho de quem tivesse a intenção de fraudar os
resultados.

                    "No Rio e em São Paulo, vários mesários se recusaram
a fornecer aos
                    fiscais de partidos o boletim impresso e também a
registrar em ata
                    esta recusa. O problema foi mais grave no Rio, onde
ocorreu com alta
                    freqüência, mas é grave em qualquer extensão porque
fica a palavra
                    de um fiscal contra a de um mesário. Para lhe
confirmar, tenho que
                    acreditar nos coordenadores de fiscalização."

                    Sem os boletins, é impossível conferir a veracidade
dos dados
                    relativos a cada urna lançados na planilha de
totalização. Não há
                    sequer meios de recorrer dos resultados, porque não
há prova
                    material para fundamentar a denúncia. Junte-se o
fato ao isolamento
                    em que a totalização transcorreu e tem-se um
ambiente tentador
                    para quem pretende manipular os resultados da
votação.

                    Há também a questão do transporte dos disquetes para
os TREs.
                    Depois de encerrada a votação, os dados da urna
registrados em um
                    disquete são transportados para os TREs por
mensageiros
                    contratados. São mais de dez mil em todo o Brasil,
mas o TSE não
                    divulgou sequer o nome deles "por questões de
segurança".

                    Pior: a assinatura digital do boletim de urna
transportado em disquete,
                    supostamente um recurso de segurança, pode
converter-se, em mãos
                    mal intencionadas, num controle de acesso para a
manipulação dos
                    boletins, "porque quem tiver cópia da chave de
assinatura pode muito
                    bem assinar um boletim que foi trocado no meio do
caminho. E esta
                    chave está em todos os flashcards carregados nos
bolsos dos
                    funcionários terceirizados para operar a eleição",
explica Rezende.

                    Todo o sistema está cercado de ambigüidades. Aos
olhos do leigo, por
                    exemplo, um programa de totalização de votos parece
algo bastante
                    simples. Trata-se apenas de registrar e somar. O
TSE, no entanto,
                    acabou optando por uma complicada engenharia baseada
no
                    Windows, da Microsoft, um sistema de código fechado.

                    "A opção por um sistema operacional "de prateleira"
contendo 25 mil
                    programas para uma maquineta que vai apenas coletar
votos de
                    quinhentos eleitores digitados em um teclado
numérico, imprimi-los
                    numa impressora, montar uma tabelinha de totais para
gravá-la num
                    disquete e imprimi-la numa segunda impressora está
inexplicada e é
                    inexplicável. Um sistema operacional para esta
maquineta não precisa
                    de um centésimo disso", diz Rezende.

                    Para o professor, a desnecessária complicação serve
apenas para
                    facilitar a ocultação de um "código trapaceiro" na
urna. "Bastam umas
                    quatro linhas de código escondidas em qualquer um
desses 25 mil
                    programas (na forma de drives de impressoras,
arquivos dll, etc) para
                    desviar votos no boletim de urna, depois de
encerrada a votação e
                    antes da impressão e gravação em disquete do
boletim", explica.

                    A segurança dos dados a cargo da empresa Módulo
Security é outra
                    coisa que causa arrepios em Rezende. A Módulo, em
seu site na
                    Internet, se orgulha de ter sido alvo recente de
investidores de peso
                    como Intel Capital, Entrust Technologies, Merrill
Lynch, Texas Pacific
                    Group, Santander Private Equity, Latintech, Webstar.

                    "Cada um que julgue por si. Eu, pessoalmente, acho
que isso
                    caracteriza sério conflito de interesses, pois o
banco controlador da
                    empresa, segundo reportagem da "Gazeta Mercantil",
de 12/7, é um
                    dos que manipulam o tal risco-Brasil", indigna-se o
professor.

                    Se o que se vê é preocupante, o que não se vê é
ainda mais
                    assustador. Até hoje, o contrato firmado entre
Unisys, fabricante das
                    urnas, e o TSE permanece, na prática, secreto: todos
os esforços
                    dos partidos e da imprensa para chegar ao texto
completo do
                    documento resultaram em nada. A desconfiança do
professor é que
                    algum dispositivo que facilite a fraude tenha sido
encontrado.

                    "Há algo de muito estranho com as urnas que imprimem
votos. Já que
                    o sorteio das que serão fiscalizadas no dia da
eleição ocorre na
                    véspera da eleição, quem estiver interessado em
fraudar desviando
                    votos no boletim de urna estará interessado também
em avisar às
                    urnas sorteadas para não fraudar. Este aviso poderia
ser dado de
                    várias maneiras, como por exemplo, por controle
remoto. O controle
                    remoto evitaria ao fraudador precisar envolver o
mesário ou algum
                    eleitor na necessidade de avisar à urna para não
fraudar. Um
                    dispositivo semelhante ao controle do alarme de
carros, por exemplo,
                    poderia dar conta do recado.", suspeita Rezende.

                    A verdade é que ninguém viu essas urnas por dentro.
O contrato de
                    fabricaçao, que em tese exporia todas as
especificações da urna,
                    nunca foi divulgado. "Por que a empresa que
realmente forneceu as
                    urnas (Tegra) está bem longe na cadeia de
terceirização, uma
                    empresa cujo nome sequer aparece no extrato do
contrato
                    decorrente da licitação, publicado do Diário
Oficial? Por que esta
                    empresa apenas monta urnas pré-fabricadas num galpão
na Bahia,
                    quando deveria estar produzindo-as ali?", pergunta o
professor.

                    O que não faltam são alternativas para quem pretenda
fraudar os
                    resultados. Rezende não gosta de comentar a
auditoria das urnas,
                    feita por técnicos da Unicamp. Mas destaca que, das
oito ressalvas
                    feitas no relatório final, a maioria foi esquecida,
"quando bastaria uma
                    não ser atendida para que o sistema permanecesse
vulnerável a
                    fraudes de origem interna".


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