Aos amigos listeiros: Escrevi este texto para o jornal do PDT, em cima do que Brizola nos disse na ultima reuniao do Diretorio Regional do PDT-RJ. Abraço para todos. -----------------------------------
Brizola reitera: “Apoio do PDT a Lula é incondicional” por Osvaldo Maneschy O apoio ao governo Lula é incondicional e não passa pela distribuição de cargos porque o Partido Democrático Trabalhista vai colaborar no esforço de recuperação nacional a partir da posse de Lula dia primeiro de janeiro. A declaração é de Leonel Brizola e foi feita em meados de dezembro quando recusou o Ministério das Comunicações do novo governo, explicando que não havia como aceitá-lo sem causar problemas porque aceitar o cargo “seria um contra-senso com o meu histórico e o histórico do PDT”, embora a midia já informasse que o cargo seria entregue ao deputado Miro Teixeira. Preocupado com a governabilidade, Brizola se reuniu com as atuais e futuras bancadas do PDT na Câmara dos Deputados e no Senado, onde foi tirado documento pelo apoio incondicional ao governo Luis Inácio da Silva especialmente nas questões que envolvam o interesse nacional, preservando-se a independência do PDT e seus princípios programáticos e ideológicos. Segundo texto aprovado no encontro realizado em Brasília, o governo Lula deverá ser “uma verdadeira mudança nas estruturas sociais do país” - daí a obrigação do PDT de ajudar no processo de mudanças. O presidente eleito vem mantendo contatos diretos com Brizola desde a sua vitória no primeiro turno e tem feito questão de anunciar publicamente a presença do PDT na sua base de apoio. Segundo Lula, as divergências políticas entre PT e PDT “nunca foram maiores do que os seus pontos de confluência”, daí ser perfeitamente natural o aproveitamento do PDT no governo. “Quero governar com muitos porque não há como administrar sozinho um país tão grande quanto o Brasil”, argumentou. “A reação virá” No início de dezembro, em longo balanço reunido com integrantes dos Diretórios Nacional e Regional do partido, no Rio de Janeiro, Brizola avaliou que “nós, que temos experiência e acompanhamos de perto o governo de João Goulart, não temos dúvidas de que a reação à eleição de Lula virá e temos que estar preparados para resistir”. Na opinião de Brizola, “a direita está quieta, veraneando, mas está viva e se prepara para reagir a Lula – o presidente que o povo na sua simplicidade escolheu, optando por colocar um ex-operário na Presidência da República”. O momento é de grandes responsabilidades políticas, acrescentou, porque se o governo Lula não der certo, o erro não será do povo brasileiro - “que escolheu certo” – mas das pessoas responsáveis pelo período que se inicia agora em janeiro, uma época que definiu como “de construir, de realizar e de fazer oposição correta”. -- Todos nós precisamos estar a altura da escolha de nosso povo porque o Brasil e os brasileiros em geral vão entrar em um período muito rico em experiências políticas, de grandes ensinamentos e de grandes lições, argumentou. “Pessoalmente me sinto vitorioso” Sobre a sua derrota na disputa para o Senado, destacou que pessoalmente sentia-se vitorioso. E explicou o por que: “Minha eleição seria confortadora, mas me preocupava muito o day after dela porque as pessoas e a imprensa são muito exigentes, fiicariam prestando atenção se eu fosse ou não as sessões plenárias, ou mesmo se precisasse faltar alguns dias por causa de compromissos que o partido me exige. Nesta altura da minha vida, francamente, tenho que buscar atividades que me deixem mais a vontade para atuar na política do que o exercício de um mandato no Congresso”. A sua candidatura teve o objetivo de atender a exigências partidárias, exatamente como ocorreu nas eleições municipais de 2.000, quando disputou a prefeitura do Rio de Janeiro. Brizola disse que fazendo com ele mesmo um balanço da eleição de 2002, chegou a conclusão de que deveria ter disputado a Presidência da República – como vários companheiros do PDT chegaram a pedir e inclusive divulgaram manifesto neste sentido. Analisando a campanha para o Senado, destacou a pobreza extrema de sua candidatura em matéria de propaganda eleitoral devido à falta de recursos do partido e as novas regras da Justiça Eleitoral que permitem – sem qualquer objeção – abusos do poder econômico como no caso dos painéis iluminados colocados nas laterais dos prédios e espalhados por toda cidade. “Hoje não há controle sobre os painéis que praticamente fizeram desaparecer a propaganda nos out-doors, que tem regras, em benefício do poder econômico”. -- Não me elegi senador, mas me honro muito de ter recebido cerca de 1 milhão e 200 mil votos dos fluminenses apesar de praticamente não ter feito campanha e ter cedido o meu espaço na tevê e no rádio para os outros candidatos do partido. PDT, cláusula de barreira e urnas eletrônicas Prosseguindo no balanço com os companheiros do PDT, que lotavam o auditório da Funaçao Alberto Pasqualini, Brizola lembrou que “nossos adversários não se cansaram de dizer no decorrer da campanha eleitoral que o PDT estava acabado, estava liquidado”. --- Mas vieram as apurações e embora o nosso partido estivesse como que caído, com um pé no pescoço, mesmo assim ele mostrou a sua força e presença eleitoral no Brasil, sendo um dos mais votados do país – inclusive ultrapassando a cláusula de barreira enquanto dezenas ficavam nesse obstáculo – como o PTB e o PPS - nossos aliados na Frente Trabalhista. Sobre as urnas eletrônicas, destacou que da mesma forma que muitos afirmam que não houve fraude eleitoral com as urnas eletrônicas nessas eleições, pode-se dizer que houve. Porque “não há como provar nada, já que as urnas eletrônicas continuam a não permitir recontagem ou qualquer tipo de auditoria”. A insistência da Justiça Eleitoral em não dar transparência ao processo eleitoral eletrônico, junto com as falhas que ocorreram em todo o Brasil envolvendo a votação eletrônica permitem que ele, Brizola, o maior crítico desse processo – afirme que a Justiça Eleitoral, neste ponto, é absolutamente autoritária, um verdadeiro “filhote do autoritarismo”. Explicou que basta algum candidato querer “saber muito” de seus votos, ou questionar resultados como aconteceu em Brasília, no Ceará, ou na Paraíba, para que “algum juiz queira mandar prender”. Embora o PDT tenha estado atento o tempo todo a esses aspectos, disse, todos os recursos apresentados pelo partido para que o processo eletrônico se tornasse mais transparente foram rejeitados pela Justiça Eleitoral, que preferiu manter o processo fechado – como ele continua a ser. “Nós somos a resistência” O apoio incondicional ao PT, o grande vencedor das últimas eleições, é a posição política mais correta, no entender de Brizola. -- Independente do que Lula tenha dito, do que o PT tenha feito, tudo isto tem que ficar para trás porque neste momento precisamos reconhecer as grandes responsabilidades do PT e desejar, pelo bem do povo brasileiro, que tudo de certo. Lula vai assumir o governo e a nós só resta desejar que esteja a altura da tarefa, que seja bem sucedidos na linha do bem público, na linha de defesa dos interesses nacionais. É nosso dever ajudá-lo sem querer nada em troca. Mas também não podemos de deixar de elogiar a sua atitude de nos procurar tão logo venceu porque só queremos o melhor para o Brasil. Na visão de Brizola, os militares – que tudo podiam no período que governavam o país através da ditadura, inclusive dispor da vida das pessoas – fizeram muitas bobagens. Mas nada se iguala aos erros cometidos pelos governos civis que os sucederam. -- Esses governos chegaram ao poder em nome da liberdade e da democracia, mas conseguiram ser muito piores do que os militares. Porque os militares pelo menos tinham vergonha de vender o Brasil, vergonha que os civis não tiveram. E nesse período recente, os militares da ditadura e os civis que os sucederam enterraram o pais nessa divida monstruosa, lamentou. Brizola reiterou suas criticas ao governo Fernando Henrique Cardoso: “Nunca houve governo tão desastrado quanto este que se diz democrático, mas que governou através de medidas provisórias – atos discricionários tão antidemocráticos quanto os decretos-leis da ditadura”, assinalou. -- Sabem por que os estrangeiros elogiam tanto FHC? Por que ele é um bobo alegre que se desmancha com elogios. Ele não é um presidente, nunca tivemos um nesse período dele. E agora, no final, não me lembro de alta tão violenta no custo de vida quanto a que estamos assistindo nesses dias. Este governo é um fracasso, mas insiste em desfilar nas passarelas internacionais. O grande perdedor das eleições de outubro, na sua opinião, foi Fernando Henrique Cardoso pelo fato dele ter sido “repudiado pelo povo brasileiro, apesar de todo o seu dinheiro, de toda a sua propaganda, de todo o apoio que teve” da elite brasileira e dos controladores da economia mundial, que se locupletaram com o seu governo no Brasil. -- Mesmo com tudo isto nas mãos, inclusive os meios de comunicação, Fernando Henrique foi derrotado. Nós, aqui no Rio de Janeiro, não fomos derrotados porque não tínhamos nada – dinheiro, propaganda, mídia, nada. Ele não, ele tinha tudo e perdeu. O povo o repudiou, a ele e ao seu governo, votando maciçamente em Lula. O futuro Na visão de Brizola, para o PDT, só há um caminho. Trabalhar muito, trabalhar mais e melhor “porque novos dias se aproximam com a vitória de Lula”. -- Esta foi a vontade de nosso povo, não temos o que discutir – temos que apoiar, prestigiar, garantir a solução que o povo brasileiro deu e está incompleta porque o PT não fez maioria no Congresso, na Câmara e no Senado, como também não conseguiu eleger a maioria dos governadores – especialmente no eixo estratégico Rio, Minas Gerais e São Paulo Lula assume refém da falta desse apoio geopolítico estratégico – esta é mais uma razão para nós apoiarmos o PT incondicionalmente. Lula agora é o mais alto magistrado do país, queira ou não, esteja preparado ou não. A postura de Lula, até agora, tem agradado Brizola porque Lula, na sua opinião, “tem sido modesto, humilde e tomado de seriedade”. -- Ele me disse: olha, Brizola, não tenho mais inimigos. Vou procurar as pessoas que preciso para governar, como você. Por isso estou pedindo para que você faça parte do governo. Neste momento (essa conversa foi em novembro) não sei dizer para você onde, em que lugar, ou em uma área especifica que você goste. Porque preciso avançar mais nos diálogos que estou travando desde as primeiras horas do dia até as altas horas da noite, preocupado em definir os companheiros que irão integrar a cúpula de nosso governo e os demais escalões, lembrou. Neste momento crucial que antecede ao início do governo Lula, explicou Brizola, não se trata de encontrar colocação para beltrano ou sicrano no esquema de poder que se inicia. O que é fundamental é que as pessoas se coloquem a disposição do Brasil. “Os companheiros do PT vivem grandes dificuldades neste momento porque o Brasil é imenso, há um mar de problemas a serem resolvidos e, para isto, há intensa demanda de quadros preparados, de pessoas dispostas a colaborar’. Quadro é favorável ao pdt Para Brizola o futuro imediato é favorável ao PDT e as suas propostas porque o PT cresceu muito, chegou ao ápice de um processo que se desenvolve desde as lutas do ABC, onde nos substituíram, e agora que está chegando ao poder, é natural que venha a sofrer muitos desgastes. -- Só agora serão submetidos à prova porque a partir de janeiro, é com eles. Nós, do PDT, não seremos duros com eles como foram conosco. Nós vamos ajudá-los para que o nosso povo, que os escolheu, não seja prejudicado. Mas não há como esquecer o tratamento do PT, por exemplo, ao programa dos CIEPS, a maior contribuição do trabalhismo na era pós-Getúlio. O programa dos Cieps, exemplar para o Terceiro Mundo, até hoje não foi assimilado pelo PT que continua dizendo que escola não é restaurante nem pensão. Segundo Brizola, no futuro, mesmo com o PDT trabalhando pelo êxito deles, o PT vai passar “e aí vai se abrir grande caminho para nós, especialmente para as gerações mais novas vinculadas a nós, espelhando as nossas idéias trabalhistas que historicamente vem Getúlio de Vargas”. -- Temos que olhar para a frente, precisamos agir concretamente para reestruturar nosso partido de alto a baixo, reformulando-o de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Daqui a dois anos teremos novas eleições e precisamos trabalhar muito para estarmos nos movimentos sociais, dentro das lutas da população, ao lado de nosso povo. Temos que fazer movimentos ativos e corajosos para enfrentar a policia se necessário, temos que promover movimentos que encorajem o povo e criem líderes, porque lideres não se criam em comitês, líderes se criam na luta ao lado do povo”. ______________________________________________________________ O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas. __________________________________________________ Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico http://www.votoseguro.org __________________________________________________