Brizola lidera passeata “Rio Contra Guerra de Bush’ no Centro do Rio de Janeiro
O ex-governador Leonel Brizola foi a grande estrela da passeata realizada na tarde de ontem no Centro do Rio de Janeiro contra a invasão do Iraque pelas tropas dos Estados Unidos que também contou com a presença dos presidentes nacionais do PC do B, do PSTU, e do PCB. Os grandes ausentes - da organização e do próprio ato - foram os dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), representados apenas por seus militantes mais combativos - um deles o deputado federal Chico Alencar, que falou pelo partido. A manifestação reuniu milhares de pessoas e transcorreu exatamente como o previsto por seus organizadores do Comitê Rio Contra a Guerra e Pela Paz - integrado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), representantes de sete partidos políticos (PC do B, PSTU, PDT, PT, PCB, PCR e PCML), dezenas de sindicatos, ONGS, entidades estudantis (UNE, UBES, AMES e UEE) – além de organizações como MST, CUT, Fórum Social Carioca, Viva Rio, Famerj, Tortura Nunca Mais, União Comunista, Unafisco, MV-Brasil, e o Movimento Humanos Direitos. A concentração foi na Candelária e por volta das 17h20m os manifestantes começaram a ocupar a pista principal da Avenida Rio Branco, partindo em direção à Cinelândia – cumprindo roteiro tradicional de passeatas no Centro do Rio. Um mar de pessoas e bandeiras tomou a avenida, predominando as do PDT. O único incidente foi na chegada a Cinelândia quando um carro de som, contrariando decisão conjunta da organização, tentou deslocar os manifestantes até o Consulado norte-americano. Mas só uns poucos o seguiram, ficando a esmagadora maioria dos presentes no ato público da Cinelândia que teve Brizola como primeiro orador. Esbanjando vitalidade e saúde nos seus 82 anos, Brizola fez questão de caminhar junto com os manifestantes da Candelária a Cinelândia, sendo saudado pelo público ao longo de todo o trajeto. Ainda na concentração, Brizola foi muito solicitado e deu entrevistas. A primeira delas foi para a agência norte-americana Associated Press. Em espanhol Brizola explicou porque são importantes as manifestações contra a guerra: “É fundamental que toda a humanidade se manifeste porque isto não é uma guerra, é a luta do mais forte contra o mais fraco com objetivo de conquista. Onde estão as armas de destruição em massa? Vemos agora claramente que tudo não passou de pretexto para invadir, ocupar e controlar o petróleo do Iraque”. Brizola lembrou que os EUA interferem há anos no Oriente Médio apoiando Israel, mas que agora, com Bush, decidiram agir diretamente: “Mas o mundo inteiro está reagindo à invasão, inclusive o Brasil. Se fizéssemos pesquisa veríamos que aqui 90% da população são contra a guerra”, destacou. -- Nós amamos o povo americano, mas estamos indignados com este grupo que tomou conta do poder nos Estados Unidos. A ponto de duvidarmos de que o incidente de 11 de setembro tenha realmente ocorrido. E se tudo aquilo não passou de conspiração? Se este governo é capaz de cometer agressões como esta ao Iraque, porque não acreditar nesta hipótese? Invoco nesta dúvida o testemunho do ex-presidente Carter, personalidade admirável. E com todas as restrições que fazemos ao ex-presidente Clinton, basta comparar Clinton a Bush para ver o absurdo e a insensatez do momento. O que está acontecendo no Iraque é uma questão a ser discutida em um tribunal internacional – e se isto porventura um dia ocorrer, não tenho dúvidas, Bush será condenado. Em outra entrevista Brizola prosseguiu: -- Os brasileiros se opõem à invasão do Iraque porque sabem que isto é uma questão de cidadania. Sabem que Bush e os que o apóiam são pessoas comprometidas com a tarefa indigna, criminosa, de massacrar iraquianos. Não defendemos o sr. Saddam Hussein, mas condenamos a frieza deste massacre onde os que cometem o crime se escondem atrás da linha do horizonte. Falando para a TV Bandeirantes e a Rádio CBN, Brizola acrescentou: -- No mundo inteiro estão ocorrendo manifestações contra a a guerra e o Rio de Janeiro não poderia ficar atrás, afinal foi o Rio de Janeiro que derrubou a ditadura com o comício das “Diretas Já”, aqui mesmo neste lugar, a Candelária. Este é o nosso lugar e não poderíamos ficar de braços cruzados. O Rio, solidário com o mundo inteiro, engrossa hoje as manifestações contra a guerra mostrando todo o seu repúdio a esta insensatez, a este erro, a este absurdo, a este crime, que é a invasão do Iraque. Uma verdadeira agressão que colocou o mundo contra os Estados Unidos, inclusive a Europa, onde pessoas cultas e esclarecidas tem se manifestado exatamente como estamos fazendo aqui, neste momento. O belicismo de Bush, na opinião de Brizola “ainda vai trazer muita dor de cabeça, muito sofrimento, para os norte-americanos porque o conceito que os Estados Unidos adquiriram ao longo de anos, com muito trabalho, está sendo destruído dia-a-dia por Bush”. -- Estamos nas ruas para manifestar inconformismo que não é contra a existência dos Estados Unidos, contra seu Congresso ou contra os valores de seu povo. Estamos aqui para mostrar inconformismo contra a loucura dos que atualmente controlam os Estados Unidos – destacou. Convidado pelos organizadores do evento para ocupar lugar de destaque no alto do trio elétrico que puxou a manifestação, Brizola preferiu caminhar na multidão. Ele fez todo o trajeto a pé, recusando também convite para seguir na frente da faixa principal do comitê organizador. E não foram poucas vezes que grupos de populares o saudaram das calçadas da Avenida Rio Branco, gritando o seu nome. O tempo todo Brizola distribuiu acenos, apertos de mão e abraços. A caminhada durou uma hora aproximadamente e na chegada à Cinelândia, Brizola foi o primeiro a discursar falando do meio da multidão tendo ao seu lado o presidente da Juventude Socialista do PDT. Eis a íntegra de seu pronunciamento: “Companheiras e companheiros, não podemos parar aqui. Temos que agir para barrar os passos de Bush, este governante poderoso que abusa dos direitos humanos e choca a Humanidade fazendo muito mais o papel de um louco do que o de um ser humano normal. Ainda mais por ser o governante da Nação mais poderosa da Terra. Deus está lá em cima e a História também está aí. Toda Nação poderosa, armada, que abusa das nações fracas – ainda mais querendo se apoderar do patrimônio delas – acaba como tem terminado todos os impérios. É isto que vai acontecer com os Estados Unidos, a Nação que mais prosperou e se tornou admirada no mundo, porque o governo norte-americano caiu nas mãos de um grupo de ambiciosos que desrespeita os direitos da Humanidade e a soberania das nações. Esse grupo que se tornou um perigo para a Humanidade, como Hitler. “Vamos em frente, cada vez com mais energia, demonstrar nosso desprezo. E mais do que isto, vamos mostrar a nossa indignação com o que o governo dos Estados Unidos está fazendo. Estamos certos, seguros, como estamos reunidos aqui, de que não demora o próprio povo norte-americano dará uma volta nesse desequilibrado que hoje ocupa a Casa Branca. Vai fazer como fez com Nixon. “O povo é imperecível e não demora veremos tudo isto mudar. Vamos prosseguir com a mesma energia e com a mesma firmeza mostrando nosso repúdio contra todos eles, sejam dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Espanha, sejam de onde forem. As violências no Iraque não passam de um prevalecimento, de uma ação de covardes. Esta guerra não é uma guerra, é uma covardia. Observem que eles se escondem atrás do horizonte, eles não tem coragem de mostrar o peito, por isso se metem dentro de tanques, dentro dessas casamatas que se movem, porque tem medo de enfrentar os povos em igualdade de condições. Eles não são corajosos! São covardes! Estão matando mulheres, crianças, a população civil. E quem comete esses atos acaba com o destino de Hitler. “Os americanos, no começo da Segunda Guerra, quando o nazismo massacrava os povos, invadia as nações, matava judeus – ficaram encastelados nos Estados Unidos. Por que não invadiram a Alemanha no começo? Eles esperaram os contendores ficarem exaustos, para entrarem na guerra. E se aproveitaram dos despojos dela. Hoje o que vemos não é guerra. Tudo não passa de um assalto, de uma invasão a uma nação pequena para se aproveitar de seu patrimônio, de sua riqueza. “O povo brasileiro está contra tudo isto e nós aqui fazemos um apelo ao companheiro Lula, que nos governa, que está lá nos representando – para que não se intimide, que não se dobre, que mantenha a fronte erguida contra essa violência, contra essa invasão injustificável. Os brasileiros ficarão ao seu lado. Mas se Lula permanecer tolerante a tudo isto, os brasileiros não o seguirão, continuarão seu próprio destino que é ser contra esses atos covardes, desumanos, cometidos no Iraque”. (Por Osvaldo Maneschy) ______________________________________________________________ O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos sistemas de assinatura digital e infraestrutura de chaves publicas. __________________________________________________ Pagina, Jornal e Forum do Voto Eletronico http://www.votoseguro.org __________________________________________________