Pessoal.
Por sugestão do colaborador Maurício Conti, fui conferir na página "Primeira Leitura" e encontrei o apensado abaixo.
É isso, um abraço.
Luiz Ezildo - Santos/SP
 
"O maior castigo para quem não gosta de política é ser governado pelos que gostam"
- Arnold Toynbee - Historiador inglês (1889/1975)
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http://www.primeiraleitura.com.br/auto/entenda.php?id=2534 
As urnas e o golpe do recibo
Foi-se a inutilidade da impressora, e foram-se os lobbies espúrios. E mataram-se algumas falsas ingenuidades compradas por jornalistas nem tão ingênuos assim

REPRODUÇÃO
URNA ELETRÔNIA: uns tantos políticos bem intencionados e alguns moços espertos tentaram mexer no que está quieto e dá certo
O Congresso aprovou na semana passada um projeto polêmico. Terminada a eleição do ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avaliou todos os procedimentos, produziu um volumoso relatório sobre o que funcionou e não funcionou e sugeriu aos parlamentares, pois o assunto é da alçada deles, que aposentassem a idéia de as urnas eletrônicas terem, obrigatoriamente, de exibir ao eleitor o registro em papel do voto dado na máquina eletrônica.

A experiência a partir do uso parcial desse mecanismo mostrou, nas eleições de 2002, para presidente, governador, senador, deputados estaduais, federais e distritais, que o registro do voto em papel serviu para... nada. Ou melhor: atendia apenas a mentes como a do ex-governador Leonel Brizola (PDT-RJ), que transformou a defesa do registro em papel em uma espécie de cruzada do fim dos tempos democráticos. O ex-governador e uns quantos lobistas de empresas que fabricam módulos impressos de votos em papel gostam de dramatizar as possibilidades de fraude eleitoral e, não raro, são pegos dizendo que os hackers podem invadir as urnas eletrônicas.

Não podem. A urna eletrônica não funciona em rede com nada. É um aparelho esperto e burro ao mesmo tempo. Liga-se uma urna eletrônica a uma tomada tal qual um aparelho eletrodoméstico. Exatamente como se liga um liquidificador na tomada da cozinha. A diferença é que o liquidificador é usado para bater suco ou a fazer papinha do bebê, e a urna serve para armazenar e contabilizar votos. Essa maravilha esperta é apenas uma máquina burra de somar. O único jeito de engravidá-la com algo além do seu voto – quando ela funciona – é adulterando o disquete que é aberto e carregado na hora em que começa a votação. A operação é checada e executada na frente de todos os fiscais de partidos e candidatos.

Quando a urna não funciona, ou por falta de energia, ou porque sofreu alguma pane e fica mecanicamente travada, não há como insistir. O jeito é passar para o voto de papel, o preferido do doutor Brizola. A urna é do tipo binário: funciona ou não funciona. Se funcionou, coletou os votos e os totalizou, retira-se o disquete e faz-se o BU (Boletim de Urna) – pronto, está aí o papel que o senhor tanto queria, doutor Brizola! Os dados do disquete são transmitidos para a central de processamento de todos os votos, nos TREs, que os repassa ao TSE.

Alguém pode interferir na transmissão? Pode. E para quê? Se o disquete recolheu os votos, estão registrados e casam com o BU e o mapa da zona eleitoral, que diabo pode ser feito de interferência na transmissão que pode ser desmentido pelo disquete e pelo BU? Pelo menos à prova de fraude burra ela é!

Assim sendo, e porque o tal do registro experimental, em 2002, serviu apenas para nada, o Congresso acabou com a inutilidade. Para falar a verdade, nas eleições passadas, o módulo de registro do voto em papel, acoplado à urna eletrônica, teve uma única serventia: anular milhares de votos. Havia um procedimento ligeiramente diferente do voto em urna eletrônica e sem impressora, o que levou a um índice de votos nulos e brancos muito maior do que nas urnas com registro de papel. Em muitas zonas eleitorais, os rolos de papel para imprimir o voto também travaram. As urnas experimentais de 2002 revelaram-se um pesadelo e uma desnecessidade.

Em nome da lisura do processo democrático, justifica-se que a sociedade queira mais e mais aperfeiçoamentos na urna eletrônica. A segurança da urna, se é que ela pode ser muito mais segura, molda a cara de confiança com que o eleitor vota e molda o valor de um sufrágio que é pilar da democracia representativa. Mas nada disso é parte constitutiva da idéia de ter uma impressora ao lado da urna eletrônica para registrar um voto que ninguém pode carregar no bolso.

E chegamos à pergunta: nesse caso, por que tanta grita cercando a aprovação do fim do registro do voto impresso? Simples: porque foi armado um monumental lobby para a compra de impressoras de votos, uma comprinha de cerca de R$ 400 milhões para equipar as urnas eletrônicas existentes. E porque havia também a idéia de embutir no projeto a obrigação de que um órgão certificador de softwares, ligado à Casa Civil, ficasse encarregado de certificar o soft de cada uma das urnas a serviço da eleição.

Um órgão ligado à Casa Civil? Como assim?! Na reeleição de Lula, as urnas poderiam vir a ser certificadas pela Casa Civil, por um órgão certificador que existe desde o governo FHC e nunca ninguém se lembrou de levar a certificação para lá.

E quanto custaria essa certificação? Ninguém fez as contas, mas, nos corredores do Congresso, falava-se de uma soma da ordem de bilhão. Foi-se a inutilidade da impressora e foram-se os lobbies espúrios. E mataram-se algumas falsas ingenuidades compradas por jornalistas nem tão ingênuos assim.
 

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