A pedido do Amilcar, que está temporariamente fora do ar, repasso o
publicado na Folha, no dia 12/12/2003.
  É isso, um abraço.
  Luiz Ezildo - Santos/SP

  "O maior castigo para quem não gosta de política é ser governado pelos que
gostam"
  - Arnold Toynbee - Historiador inglês (1889/1975)
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  São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

  FUTEBOL

  Catracas
  JOSÉ ROBERTO TORERO
  COLUNISTA DA FOLHA

  Neste último domingo, estava eu entrando na Vila Belmiro para ver Santos x
Grêmio quando vi que um funcionário, em vez de passar os ingressos pela
catraca eletrônica, apenas riscava-os com uma espécie de estilete.
  Perguntei o porquê disso, e ele respondeu que a catraca estava quebrada.
Fiquei ali por mais alguns instantes, até que apareceu um técnico para
consertar a catraca e o funcionário voltou a passar os ingressos por ela.
  Fui então procurar alguém do Santos para falar sobre isso, e dois rapazes
se apresentaram como integrantes da equipe de ouvidoria do clube. Eu contei
o que tinha visto. A resposta foi:
  - As catracas não valem nada. Elas não contam os ingressos. Só servem para
desmagnetizar. (Obs.: Segundo a BWA, empresa que fornece as catracas e os
ingressos, a federação paulista e o próprio Santos, as catracas servem sim
para fazer a contagem dos ingressos, ao contrário do que disseram os
ouvidores.)
  - Mas, se elas só desmagnetizam, como se sabe quantos ingressos foram
vendidos?
  - O pessoal dos guichês faz a contagem.
  - Mas assim não é fácil acontecer um erro?
  - Tem que ser desse jeito. Essas coisas eletrônicas e mecânicas sempre dão
problemas.
  Insatisfeito com a resposta, durante a semana pedi para entrevistar alguém
do Santos. Estavam lá o funcionário da catraca, o ouvidor e o diretor de
patrimônio Antonio Gouvêa, que afirmaram que as catracas quebram mesmo,
tanto que a BWA manda vários técnicos por jogo para consertá-las (segundo o
Santos, para esse jogo foram mandados quatro; segundo a BWA, mais ainda:
sete). E a BWA afirmou que realmente aconselha-se que, quando as catracas
quebram, sejam substituídas por um trabalho manual.
  Mas aí eu me pergunto: de que vale um sistema eletrônico que acaba sendo
substituído por um estilete?
  E eu me respondo: nada.
  Sem o controle de acesso eletrônico, a prestação de contas é feita com
base no guichê. Ou seja, se um clube pediu 10 mil ingressos e devolve 6.000,
é porque vendeu 4.000. Mas obviamente esse sistema antigo é muito frágil e
pode ser driblado de várias maneiras, como erros na contagem, acrobacias
aritméticas, devolução de bilhetes falsos, recebimento de mais ingressos do
que o declarado etc...
  Ou seja, sem passar pela catraca eletrônica, o sistema de segurança fica
aberto, frágil como uma defesa que tenha um anão como zagueiro central.
  O presidente da BWA, Bruno Balsimelli, diz que o problema deve ser
resolvido no próximo Campeonato Paulista, quando será usado o sistema
on-line.
  Nesse sistema, que deixará o ingresso R$ 5 mais caro, haverá compras
antecipadas e pela internet, postos de venda dentro e fora do estádio, cada
comprador terá que fornecer seu CPF e só poderá levar três ingressos.
  E, depois que você estiver com os ingressos na mão, por onde terá que
passar? Pelas catracas.







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