http://plogdopaulohenrique.zip.net/arch2004-11-14_2004-11-20.html

Amigos, não escrevi sobre o Caso Proconsult, como Jeroen van Graaf, professor da Ciencia da Computação da UFMG chegou a me pedir um dia que fizesse, mas o Paulo Henrique Amorim e a Maria Helena Passos escreveram por mim. Imperdível a leitura da reconstituição do Caso Proconsult de 1982, a primeira tentativa de fraude eletrônica nas eleições brasileiras. O levantamento histórico, via jornais e publicações da época, mais depoimentos, estão perfeitos na minha suspeita opinião de brizolista. Paulo Henrique e Maria Helena resgataram, definitivamente, o Caso Proconsult. Um belíssimo trabalho jornalístico que merece todos os premios essos disponíveis no mercado.

O trabalho se encerra com a citação do livro do Gáspari, no trecho onde Golbery comenta que para fazer coisas como essas, fraudar via computador uma eleição, é preciso competencia. Em 1982 o SNI não teve essa competencia. Só que a partir de 1986, infelizmente, passou a ter. Tanto que foi exatamente nesse ano, em cima do recadastramento eleitoral tocado pelo juiz Roberto Wider aqui no Rio de Janeiro, que começou uma nova saga: a implantação das urnas eletronicas - processo que só ficou pronto em 1996, dez anos depois. Fizeram devagar e direito tanto que convenceram a população de que as urnas eletronicas brasileiras - essas mesmas que por não imprimirem o voto tem o seu uso proibido em 11 estados norte-americanos - são 100 por cento seguras. Não são.

Enquanto não existir no Brasil a contra-prova do voto eletronico em papel, para que seja possível a recontagem, a auditoria dos resultados, teremos no Brasil um sistema eleitoral 100 por cento inseguro, como já disse uma vez o engenheiro Amilcar Brunazo Filho, moderador do Forum do Voto Eletronico (www.votoseguro.org) na cara do Paulo César Camarão, o secretário de informática do TSE e um dos pais da endeusada (por eles) urna eletronica brasileira.

Em 1986, ao lado de Procópio Mineiro e Alvaro Queiroz, na Rádio Roquette Pinto, adquiri a certeza de que as eleições no Brasil eram fraudadas. Em 1986 os "homi" aprenderam a fazer a coisa, via computador, quando finalmente MOreira Franco venceu o PDT e Darcy Ribeiro, tornando-se governador via fraude de totalização. Foi em 1986 que o TRE-RJ em vez de aperfeiçoar o sistema contra golpes, usando a experiencia do Caso Proconsult de 1982, pelo contrário, nos tirou o mapa da apuração. Nós, partidos políticos e militantes, passamos a não poder mais conferir o resultado da eleição. Passou tudo para as maõs da Justiça Eleitoral e o jeito passou a ser cruzar os dedos e rezar. Como é até hoje, com as urnas eletronicas inseguras que temos, que não permitem auditoria, recontagem, ou fiscalização.

Novo golpe contra a democracia ocorreu em 1989 quando o PDT solicitou ao TSE uma auditoria internacional do programa de totalização que seria usado na eleição daquele ano, a primeira direta para a presidencia da República, e o TSE - como se fosse a coisa mais natural do mundo - indeferiu o pedido sem sequer se justificar. No Peru, pelo mesmo motivo, o candidato da oposição se recusou a disputar o pleito contra Fujimori e foi um escandalo internacional. Aqui nada aconteceu, nós do PDT ficamos sozinhos, sem midia, sem nenhum outro partido para ajudar, absolutamente sós. O TSE fez a eleição do jeito que quis, não foi a toa - na minha suspeita opinião, que Francisco Rezek deixou o Supremo, depois de presidir o TSE em 1989, tornou-se ministro de Collor e - quando explodiu em escandalos a República de Alagoas - voltou para o Supremo renomeado pelo moribundo Collor. Bela trajetória é isto, o resto é conversa.

Desconfiar da Justiça Eleitoral naquela época era coisa de brizolista maluco. Ninguém nos ouviu, infelizmente. Depois vieram as "urnas" eletronicas, que de urnas não tem nada. São máquinas programáveis que até 2.000 tinham 25% de seu software considerado "de segurança nacional" e infiscalizável. E que hoje são "fiscalizáveis" no período e no ambiente que a Justiça Eleitoral determina. O que na prática continua tornando-as infiscalizáveis segundo o pessoal que entende do riscado reunido no Forum do Voto Eletronico.

Hoje, infelizmente, os "homi" - embora tenha acabado a ditadura - tem competencia para fraudar eleições e nós, cidadãos, temos que lutar contra essa "competencia". Por isso digo sempre que a luta continua. Um dia, sei lá quando, erguerão uma estátua para os listeiros do voto eletronico - esse exército de brancaleone que Amilcar Brunazo Filho aos trancos e barrancos juntou em torno da página do voto seguro, no ar desde 1998, que luta pela lisura do processo eleitoral no Brasil.

Ainda bem que essa discussão começa a avançar nos EUA e já que lá na metrópole as coisas estão acontecendo, aqui no Brasil começam a nos ouvir também. Imaginem se no plebiscito da Venezuela o Hugo Chávez não tivesse usado urna eletronica com impressão do voto?

Grande abraço para todos, não deixem de ler o texto de Paulo Henrique e Maria Helena Passos. Fico feliz que tenha sido escrito e esteja na internet. Repassem.


Abraço grande

Osvaldo Maneschy


-------- Mensagem Original --------
Assunto: [Voto-E] Caso Proconsult
Data: Tue, 23 Nov 2004 02:18:28 -0200
De: Amilcar Brunazo Filho <[EMAIL PROTECTED]>
Responder-Para: [EMAIL PROTECTED]
Para: Fórum do Voto-E <[EMAIL PROTECTED]>, CIVILIS - Sociedade em Defesa da Cidadania <[EMAIL PROTECTED]>
Referências: <[EMAIL PROTECTED]>



Olá,

Parabéns ao Paulo Henrique Amorim pela coragem de enfrentar a versão
oficial no Caso Proconsult em:

http://plogdopaulohenrique.zip.net/arch2004-11-14_2004-11-20.html

É mais do que tempo para que Jornalistas, que fazem jus à profissão,
comecem a desmontar as farsas que a nossa toda-poderosa Justiça Eleitoral
sistematicamente cria para esconder suas mazelas, especialmente agora com
as urnas eletrônicas que não permitem conferência da apuração.

É preciso esta coragem e muito denodo para iluminar contra o obscurantismo
no sistema eleitoral brasileiro atual.

Amilcar Brunazo Filho



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