Ditabranda Nunca Houve. Ditadura Nunca Mais!*
*Foi com imensa honra que entrei ontem, no Dia da Poesia de 2009, como
colunista do site www.patrialatina.com.br, no qual, como já expliquei ontem
neste espaço, vou contracenar com gente do porte de Emir Sader, Eduardo
Galeano, Fidel Castro, José Dirceu, Frei Betto, Fausto Wolff e, nada mais
nada menos que Eduardo Galeano e Noam Chomsky, além de outras feras do
jornalismo e da política. Para ter um diferencial em meio a tantas
celebridades, vou fazer o que eles não sabem. Vou escrever em literatura de
cordel. Mas o editor Valter Xéu me garantiu o direito de escrever sobre o
que quiser e do jeito que quiser. Portanto, sempre que necessário escreverei
mesmo em prosa. Mas, na medida do possível vou me proteger nas trincheiras
do cordel, pois além de fazer a diferença, estarei divulgando esta potência
discriminada, a poesia cordeliana que sempre cumpriu um papel jornalístico e
histórico e continua excluída por falta de chancela acadêmica, das escolas e
gêneros literários brasileiros. Vamos ao primeiro artigo/poema que
disponibilizamos no Pátria Latina, fazendo coro aos que protestam contra a
posição cretina da Folha de S.Paulo, ao classificar como "ditabranda" a
tragédia dos anos de chumbo no Brasil: Prezados amigos e leitores do portal
Pátria Latina vai aí a matéria da vez. Versa sobre a barbaridade da Folha
chamando a cruel ditadura militar de ditabranda. Nossa interpretação em
versos de Cordel.

Dizem que a "dita" é a sorte
De um povo ou de uma pessoa,
Há "dita" ruim, "dita" boa,
"Dita" fraca ou "dita" forte,
"Dita" pra vida ou pra morte,
"Dita" suja e "dita" pura,
"Dita" clara e "dita" escura,
"Dita" maldita ou bendita,
Mas "dita" vira desdita
Na maldita DITAdura!

Nas crônicas das tiranias
Jamais viu-se em ditadura,
Um só grama de brandura...
Só tortura e hipocrisias;
Somente em cabeças "Frias"
Tanta ignomínia anda,
Pois pra nós nunca foi branda
A má "dita" que perdura
Na maldita ditadura
Da cabeça de quem manda.

Porque chamar "Ditabranda"
Uma bruta ditadura
Que jogou na fase escura,
Cruel, corrupta e nefanda,
Nossa Pátria que demanda
Nas paredes da memória
Ao longo da sua história
Alguma oportunidade
De ver-se a felicidade
Pra quem foi jogado à escória!

Quem batiza a ditadura
De "ditabranda" ironiza,
Tripudia, escarra e pisa
Quem sofreu na escravatura,
Quem viu sua taba pura
Sucumbir frente às bandeiras,
Quem viu as hordas guerreiras
Matando a fé nos Sertões
Quem viu chibata e canhões
Contra as almas marinheiras!

Quem por "ditabranda" chama
Décadas de tortura e medo,
Prisão, cassação, degredo,
Golpes, ódio e mar de lama,
Com certeza é porque ama
A cartilha do fascismo,
E além do grande cinismo
De um jornalismo marrom
Que chama o que é ruim, de bom,
Pratica o mau-caratismo!

Somente um cérebro maldito
Defende com tanto afinco
Golpe, canhão, AI-5,
Censura, porão, conflito...
Cospe os ossos de Frei Tito,
Pisa na democracia...
Eu peço a essa mente Fria:
Por caridade não jogue
Por sobre o túmulo de Herzog
Seus buquês de covardia!

Só quem é da mesma laia
De Cabo Anselmo e Fleury
E as botas de Golbery
Lambeu de forma lacaia,
Só quem quer o Brasil caia
Ao patamar de Uganda,
Quem arapongas comanda,
Quem deu Kombi pra tortura...
É que chama a ditadura
Tão cruel de "ditabranda"!

Antes que jornais burgueses
Passem-nos Goebells nas ventas
Dizendo mais novecentas
E noventa e nove vezes,
Não vamos esperar meses,
Sequer semanas e dias
Que essas mentes doentias
Tão friamente fascistas
Precisam ser sempre vistas
Como calculistas... Frias!

Se a "Dita" foi mesmo branda
Cadê Padre Henrique orando?
Vandré, onde está cantando?
Rubens Paiva aonde anda?
Honestino a quem comanda
Na batalha estudantil?
Cadê Dina varonil?
Fiel Filho onde faz greve?
Herzog agora, onde escreve?
Cadê teus filhos, Brasil???

Quem ensinou censurar,
Quem da OBAN foi reboque,
Quem noticiou que Roque
Morreu, antes de expirar,
Não poderá criticar
Fábio e Vitória jamais...
Tem rabo preso demais
Mas não com quem lê nem ouve...
Ditabranda NUNCA HOUVE
Ditadura NUNCA MAIS.

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