Jonas,

Quando me deparei com tais taxas aplicadas ao rebanho paulista, conforme a 
unica estatística disponível (que é a divulgada pelo Instituto de Economia 
Aplicada-IEA), também imaginei que poderia ser algo assim, mesmo porque, com 
uma certa estrada vimos vários companheiros de longa data não mais presentes na 
atividade. Assim, procurei confrontar  os dados de rebanho (IBGE) x Abates 
(IEA), a cada ano e verifiquei que durane 3-4 anos a taxa de desfrute vinha se 
mantendo em níveis impossíveis , acima de 73-75% (teriam que estar sendo 
abatidos bezerros e animais de sobreano), o que mostrava que alguma falha 
existe em algum ponto. Lembro que em SP, os valores "de pauta" dos tributos 
eram até bem pouco tempo superiores aos de bovinos o que estimlava a 
sub-notificação de abates de bubalinos e havia (e em alguns locais ainda 
existe), o abate "não contabilizado", ou seja, mesmo as estatísticas de abate 
tem uma certa tendencia a estarem subestimadas, o que se aceitas, significariam 
que o tal desfrute seria então superior áquele indicado. Só se SP importasse 
anualmente os animais (pagando ICMS interestadual) e passasse a abater animais 
por aqui. Mesmo se assim fosse, o desfrute "total" no país não refletiria tais 
índices. Então, como explicar que no ano do censo o IBGE assinala que 90% do 
rebanho brasileiro teria sido abatido e que ao final do ano, restava ainda 834 
mil animais ? e pior, baseado em outra fonte deles mesmos (Pesquisa pecuária 
municipal) eles assinalam que naquele mesmo ano o rebanho seria mais de 20% 
superior !!??

Sintomático que, exatamente no ano seguinte à divulgação destes dados 
discrepantes (e fornecidos à FAO), resolveu o IBGE abandonar a coleta de dados 
de abates bubalinos no país, apesar de que em todo abate inspecionado se 
identifica a espécie. 

Esta parafernália numérica, a meu ver, antes de mero preciosismo tem se 
traduzido em expressivo prejuízo à bubalinocultura nacional posto que é com 
base nela que se estabelecem politicas públicas, alocação de recursos para 
pesquisa, planos estratégicos privados (soube por exemplo que a Tortuga não tem 
interesse no desenvolvimento de produtos para a espécie face à informação do 
IBGE que o rebanho não apresenta crescimento).

Falando em estatística, o censo agropecuário legalmente deveria ocorrer a cada 
5 anos e com base nele é que teoricamente se faz a partição de recursos e 
definição de políticas públicas e o último ocorreu em 1996. Assim, apesar do 
segmento agropecuário representar nada menos que 1/3 do PIB brasileiro, há 10 
anos não se realiza novo censo, projetando-se pois para o planejamento sobre 
esta "realidade".

Quanto àquelas taxas elevadas de crecimento dos anos 80, a se destacar que a 
fonte era a mesma, o IBGE e, por elas, pelo que se ve, que parecem 
subestimadas, verifica-se que de 1961 a 2005 o rebanho bubalino brasileiro 
cresceu nada menos que 1806%, superando todos os demais animais do'mésticos de 
interesse econômico.

 Otavio 





  ----- Original Message ----- 
  From: Jonas Assumpção 
  To: bufalos@yahoogrupos.com.br 
  Sent: Tuesday, June 20, 2006 6:17 PM
  Subject: Re: [bufalos] Rebanho bubalino, abates e produção leiteira


  Otávio,

  Nos acostumamos, desde longa data, a aceitar como corretas, taxas bastante
  exageradas de crescimento para nossa pecuária bubalina. Meio no " embalo" ou
  no "vácuo" do que todo mundo dizia, mencionávamos taxas de 8, 10, 12 e até
  15% ao ano ! Os anos foram se passando e a coisa começou a ficar no mínimo
  engraçada, pois mesmo com essas taxas, continuávamos estimando o rebanho
  brasileiro em cerca de 2 ou 3 milhões de cabeças, como fazíamos há mais de
  20 anos...
  Hoje acho que ninguém mais ousaria continuar afirmando que nosso rebanho
  cresce segundo aquelas taxas, mas é extremamente penoso, frustrante e até
  melancólico levantarmos a hipótese de que houve ou está havendo um
  "encolhimento"  da pecuária bubalina brasileira, mas encarando de frente a
  questão, lhe pergunto :
  O número de abates oficiais que você cotejou com a população bubalina
  citada, ( que resulta em desfrute perto dos 90%), ao invés de indicar sub
  estimativa do rebanho, não poderia ser ínterpretado também como indício de
  diminuição da população de nossos búfalos ?
  Abraços,

  Jonas.


  ----- Original Message -----
  From: "Otavio Bernardes" <[EMAIL PROTECTED]>
  To: <bufalos@yahoogrupos.com.br>
  Sent: Monday, June 19, 2006 3:28 PM
  Subject: [bufalos] Rebanho bubalino, abates e produção leiteira


  Prezados,

  Muito se tem discutido sobre dados estatíticos sobre o rebanho bubalino
  brasileiro face a certas discrepâncias observadas entre os dados divulgados
  pelo IBGE (órgão oficial de estatística brasileiro) entre suas fontes (Censo
  1995/96 e Pesquisa pecuária Municipal) e a realidade.

  Assim sendo, em 1996 ano de realização do Censo, o IBGE apresenta duas
  estimativas (acessíveis em seu site), a baseada no censo, que estima a
  poulação naquele ano em 834.922 bubalinos e a baseada na Pesquisa Pecuária
  Municipal que apontava no mesmo ano 1.046.106 . Nos anos subsequentes, a
  estimativa vem se baseando na denominada Pesquisa Pecuária Municipal.

  A se destacar que, com base na menor estimativa (a do censo), naquele ano, o
  IBGE registrou a produção brasileira de leite bubalino, que foi de 60.831
  mil litros, o que é um dado impressionante visto que a Itália, tradicional
  produtor de leite da espécie registrava, segundo a FAO em 1995 a produção de
  80.500 mil litros de leite de búfala. Não dispomos de estatísticas de
  produção posteriores ao censo, porém, a ABCB registra que os
  estabelecimentos participantes do programa "Selo de Pureza", vem aumentando
  sua captação anual de leite bubalino em cerca de 30,2% ao ano entre
  2001-2005. Estimando-se um crescimento vegetativo conservador de 3% na
  produção leiteira na maior parte do país e de cerca de 10% no Centro Sul do
  país (onde se vem verificando uma expansão mais acentuada da exploração
  leiteira), nos parece adequado estimas que a produção de leite de búfalos
  ultrapasse em 2005 o volume de 92,3 milhões de litros de leite da espécie.

  Com base nos microdados no censo (não disponíveis no site do IBGE), em
  trabalho efetuado pela Fundação Getulio Vargas e IBRE, publicado pela CNA
  sob o título "Quem produz o que no campo: quanto e onde", em 2004,
  informa-se que no ano do censo foram abatidos no Brasil nada menos que 744
  mil bubalinos.

  Comparando-se os dados do censo de 744 mil abates para uma população então
  estimada 834,9 mil animais, o que representaria a absurda taxa de desfrute
  de 89,1%.
  Sendo as estimativas de abate são obtidas, além do censo, também dos
  serviços de inspeção sanitária, enquanto que os efetivos de rebanho são
  obtido apenas pelo inquérito do censo, é de se esperar que o abate seja um
  indicador mais fidedigno que o primeiro, assim, admitindo-se naquele ano que
  os bubalinos apresentassem uma tax de desfrute em torno de 23% (superior a
  de bovinos), isto significaria que a população real de bubalinos em 1996
  deveria se situar em pelo menos 3,2 milhões e que a população real
  certamente supera os 3,5 milhões de bubalins ora estimados pela ABCB.  Como
  já tivemos oportunidade de apresentar em outra ocasião, dados de abate e
  rebanho no Estado de São Paulo levam a conclusões semelhantes.

  A se destacar que, por razões que desconhecemos, o IBGE a partir do censo
  1995/96 resolveu não mais registrar a quantidade de bubalinos abatidos no
  país, consolidando tais dados juntamente com o de bovinos.

  Otavio




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