Caro Roberto
   
  Questão 1:
  Na verdade o conceito de que a nutrição está diretamente envolvida com a 
extensão da lactação não foi desenvolvida na ESALQ (local onde desenvolvi meu 
doutorado), mas por meio de diversos estudos nacionais e internacionais e este 
conhecimento é disseminado nos dversos cursos de graduação e pós-graduação no 
Brasil e no exterior.
  Na minha tese trabalhei com 5 fazendas (pode ser encontrada na página da 
biblioteca da ESALQ, procurar Sérgio Augusto de Albuquerque Fernandes) estão 
disponíveis diversas informações sobre os rebanhos estudados, entre elas o 
período de lactação e produção média. Percebeu-se que a fazenda na qual havia 
suplementação alimentar buscando atender as exigências nutricionais tanto o 
período de lactação foi maior quanto a média. Nos parece, então que a teoria 
para bovinos se encaixa para os bubalinos.

  Questão 2:
  A formação dos grupos deve-se levar em consideração o peso vivo dos animais 
sim, além da produção de leite e de componentes do leite individuais. O Otávio 
me repassou um arquivo no qual constam estas exigências.
   
  Questão 3:
  O conceito de dieta total deve sim ser levado em consideração. Na verdade é 
fundamental. Um critério que ainda não temos conhecimento efetivo em bubalinos 
é o valor máximo de FDN (fibra em detergente ácido) na dieta, importantíssimo 
nos tropicos, onde as gramíneas forrageiras possuem elevados teores de FDN que 
implica diretamente na ingestão.
   
  Assim, acho que temos muita coisaa para pesquisar em nutrição, diria em todas 
as áreas, com relação a espécie bubalina. contudo, alguns conceitos devemos 
levar em consideração a nutrição de ruminantes, como um todo, além da 
experiência profissional como a do Otávio. 
   
   
  
Roberto Mesquita <[EMAIL PROTECTED]> escreveu:
          Caro Sergio,

Há algum tempo eu implementei em algumas fazendas de produção de 
leite com bovinos a gestão de controles leiteiros avaliando a 
persistência leiteira que segundo conceitos desenvolvidos por 
técnicos da ESALQ tem um forte componente genético que praticamente 
sugere que suas variações negativas ao longo da vida produtiva das 
vacas deve ser fortemente condicionada pelo não atendimento das 
exigências nutricionais indivíduais.

Esse fato praticamente indiscutível para aqueles que perseguem a 
avaliação do nível máximo de agregação de renda em sistemas de 
produção comercial do leite é que mostrou as vantagens econômicas 
obtidas com a formação de lotes de produção semelhantes aos descritos 
pelo Otavio.

O seu alerta e a sua constatação de que búfalas com dietas 
balanceadas perfeitamente para o atendimento pleno das exigências 
nutricionais tendem para uma possível extensão do período de lactação 
me parece um forte indicativo que confirma a tese da importância 
sugerida pelo pessoal da ESALQ do acompanhamento da persistência 
leiteira nos controles oficiais ou particulares de leite.

As minhas perguntas são:

1. Igualmente a extensão do período de lactação você encontrou também 
o aumento da média diária de produção?

2. Na composição das dietas dos lotes de produção não é importante 
acrescentar o pesô médio vivo das matrizes para definição dos níveis 
ideais de NDT, Proteína, MS, Fibra, Ca e P, entre outros?

3. O balanceamento ideal da dieta das búfalas também será melhor 
atendido mediante o conceito de dieta total, ainda que estimando os 
nutrientes que ela tem disponível no pastejo diário?

Desculpe se algumas das perguntas não são apropriadas para aplicação 
às dietas dos búfalos, pois como eu sempre tenho frisado, o meu 
envolvimento na pecuária leiteira é meramente prático e gerencial e 
restrito à bovinos.

Abraços,

Roberto 

--- Em bufalos@yahoogrupos.com.br, Sérgio Fernandes 
<[EMAIL PROTECTED]> escreveu
>
> Caros amigos
> 
> Entro nessa seara em função de ter tido a oportunidade de ter 
trabalhado com o plantel do Otávio Bernardes em 2002. Sem sombra de 
dúvidas o trbalho por ele desenvolvido é importante, como todos 
sabem, para a bubalinocultura brasileira e mundial. Os produtores têm 
que por na cabeça a importância de se trabalhar com nutrição para a 
obtenção de melhores resultados, em especial com búfalos, que 
demosntram excelentes resultados quando bem nutridos. Assim, fica o 
exemplo do Otávio que tem trabalhado há anos com formualção de 
dietas. Quero com isso dizer que todos os produtores devem buscar 
ajuda de técnicos com experiência em nutrição para desenvolverem seus 
plantéis.
> Em relação a PB do leite, este é um dos componentes em que se 
observa grande estabilidade no teor. De forma geral, ocorre uma 
curva, na qual se observa queda no teor de PB do leite ao se caminhar 
para o meio da lactação, voltando a se elevar no final. 
Nutricionalmente falando alterações no teor de PB do leite são muito 
tênues. Assim, dietas com níveis de PB maiores que a exigência do 
animal resultarão em elevação dos teor de Nitrogênio uréico no leite 
(popularmente chamada de uréia), pois a microbiota ruminal não 
conseguindo metabolizar completamente esta PB deitética (transformada 
em aminoácidos, pepitídeos e amônia no rúmen),determinará excesso de 
amônia no rúmen que será absorvido para a corrente sanguínea, sendo 
transformada em uréia (amônia é tóxica ao organismo) e assim expelida 
(no sangue e no leite). Em função desse fator, é importante se 
utilizar níveis adequados de PB na dieta para se evitar elevação do 
teor de nitrogênio uréico no leite. Por sua vez, níveis
> baixos de PB na dieta, determinarão outras cosnequências, 
especificamente sobre a microbiota ruminal, causando diminuição da 
digestibilidade da fibra da dieta. Também, acarretará diminuição do 
teor de PB do leite, em função da queda do fornecimento de proteína 
microbiana oriunda do rúmen, principalmente a caseína. Assim, tanto 
o excesso como a deficiência de PB na dieta podem causar efeitos 
negativos sobre o rendimento de industrial do leite.
> É reconhecido o efeito positivo da suplementação sobre extensão 
da lactação. De forma geral, animais bem nutridos tendem a apresentar 
maior extenão de lactação.
> Sugiro oas interessados que leiam meu artigo publicado na Revista 
do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" volume 60, números 346-
347, página 71-78: Componentes do leite de bubalinos ao longo da 
lactação no Estado de São Paulo. Neste artigo são comentados estes 
aspectos nutricionais e a qualidade do leite.
> 
> Otavio <[EMAIL PROTECTED]> escreveu:
> Prezado Prof. Willian,
> 
> No meu caso, não disponho de análise de gossipol no caroço de 
algodão que adquiro a granel. De qualquer forma, utilizamos o produto 
em quantidades de até 3 kg/animal/dia (normalmente 2 kg) e o 
fornecemos à búfalas em lactação e inclusive ao touro. Apesar das 
referencias na literatura de eventual comprometimento reprodutivo 
potencial, na prética de pelo menos 10 anos de utilização contínua, 
não observamos nenhum problema (nos ultimos anos, nossa taxa de 
fertilidade tem sido superior a 90% e tivemos touro que consumiu o 
produto por vários anos e mesmo assim, aos 20 anos foi doador de 
semen na Cebran e aos 21 anos ainda cobria a campo).
> 
> Costumamos expressar o teor de energia em kg de Nutriente 
Digestivos Totais (NDT), cuja equivalencia de forma grosseira poderia 
ser expressa:
> 1 kg de NDT = 1,28 UFL = 4,4 Mcal ED = 3,6 Mcal EM e 1 Mcal = 4,18 
MJ
> 
> Em função dos elevados teores de gordura e proteínas do leite de 
búfalas em relação ao leite bovino, para expressão da produção em 
equivalente de energia do leite bovino (leite ECM), é utilizada a 
fórmula da Dra Di Palo: {(gordura(g) -40) + (proteina (g) -31) x 
0,01155} x leite produzido, que expressa pois quantos litros de 
equivalete energético de leite bovino a búfala produz, lembrando que 
o leite bovino corrigido para 4% de gordura tem 740 kcal ou 3,1 MJ. 
Estima-se que são necessário cerca de 0,39 kg de NDT por litro de 
leite ECM produzido (além da energia necvessária para manutenção).
> 
> Com relação à proteína/gordura do leite, não efetuamos as análises 
de rotina, sendo a ultima vez que controlomos em toda a lactação foi 
em 2002 quando o Dr. Sergio Fernandes, coletou material para sua tese 
e a mesma mostrou a ampla variação observada na espécie durante a 
lactação, com tendencia a se elevar ao final da lactação.
> Um trabalho do Prof. Campanille mostra que o teor de energia da 
dieta necessário para produção de um litro de leite ECM independe do 
nivel produtivo do animal.
> 
> Otavio
> 
> ----- Original Message ----- 
> From: [EMAIL PROTECTED] 
> To: bufalos@yahoogrupos.com.br 
> Sent: Tuesday, September 25, 2007 9:45 AM
> Subject: Re: [bufalos] Montando lotes...
> 
> Estimado Nelson & Otávio,
> 
> É realmente fabuloso esse trabalho que vocês estão fazendo dentro 
do 
> sistema de produção leiteira da linhagem WB. Entretanto tenho 
alumas 
> dúvidas sobre o assunto e gostaria de que vcs. nos as clareassem:
> 
> 1. Qual o teor de gossipol existente no caroço de algodão que vcs. 
> estão adicionando na ração ?
> 
> 2. Quantas Kilokal ou Kilojoules são gastos vcs.para cada litro de 
> leite produzido?
> 
> 3. Qual a relação Leite ECM mobilizada pelas búfalas de melhor 
> produção para a produção de 1 litro de leite ? Vcs. têm a dosagem 
no 
> leite do teor de gordura e de Proteína ?
> 
> Gostaria de vcs. me tirassem essas dúvidas.
> 
> SDS
> 
> William Vale
> 
> Citando Laguna <[EMAIL PROTECTED]>:
> 
> > Otavio,
> >
> > É certo que utilizarei as informações que voce disponibiliza para 
> > confrontar com o que estamos praticando e colhendo por aqui.
> > Além das 80 g de mistura mineral de injestão forçada os animais 
tem 
> > livre acesso a cocho com mistura mineral ?
> > Porque motivo voce limita a oferta de ureia a 150 g / animal / 
dia ? 
> > Porque voce deixa de considerar a ureia no consumo de PB/kg/leite?
> > Um maior teor de proteina na dieta do animal, mesmo que sem 
elevar a 
> > produção, não contribui para aumento dos niveis de proteina do 
> > leite com consequente melhora de rendimento na produção de 
derivados 
> > lacteos?
> > Os animais do grupo 3 apresentaram consumo de NDT/ kg leite 
similar 
> > aos grupos 1 e 2 dos quais só se destacaram pelo maior consumo de 
PB 
> > por litro produzido; foi observada melhora qualitativa neste 
leite ?
> > Mesmo havendo os animais do grupo 3 ja entrado no terço final de 
> > suas lactactações ainda apresentaram melhora de 5% no volume de 
> > leite e GMD de prox. 0,550 kg voce espera que a suplementação 
venha 
> > a contribuir tambem para uma mais longa lactação ?
> > Abusando de meu acesso aos arquivos da Paineiras verifico que 
Gilete 
> > esta em sua 15ª lactação o que faz dela, pelos dados que voce 
> > apresenta, valioso exemplo da longevidade produtiva ECONOMICA da 
> > especie bubalina.
> >
> > Nelson
> > -----Mensagem Original-----
> > De: Otavio
> > Para: bufalos@yahoogrupos.com.br
> > Enviada em: segunda-feira, 24 de setembro de 2007 17:13
> > Assunto: [bufalos] Montando lotes...
> >
> >
> > Falando em comida de búfalas leiteiras e, enfrentando uma seca 
> > danada e tentando racionalizar um pouco a alimentação, além de 
> > tentar reduzir o efeito das búfalas dominantes no rebanho, 
dividimos 
> > mes passado os animais em 3 lotes em função do estágio de 
lactação 
> > e produtividade:
> > (a) 18 animais, 135 dias pós parto, produção média de 11,1 kg/dia
> > (b) 17 animais, 188 dias pós parto, produção média de 7,3 kg/dia
> > (c) 14 animais, 208 dias pós parto, produção média de 4,0 kg/dia
> >
> > Usamos aquela planilha que disponibilizei ao grupo e calculei uma 
> > dieta respectivamente para produção de 12 kg/dia, 7 kg/dia e 4,0 
> > kg/dia, tendo por base de cocentrados caroço de algodão, cevada 
> > (residuo umido de cervejaria) e polpa cítrica. Além disso o 
volumoso 
> > base era 60-65% de cana + 35-40% de silo de capim (panicum).
> > Acrescentei uma mistura contendo 80 g/vaca/dia de sal mineral + 
> > 100 g de calcáreo + 150 g de uréia.
> >
> > Em teoria, a dieta média por animal foi:
> > grupo (a)- 1,5 kg de caroço + 4 kg de cevada (20 kg úmida) + 3 kg 
> > de polpa = 13,3% de PB e 66% de NDT (um pouco a menos de energia 
que 
> > recomendado)
> > grupo (b) - sem caroço + 2 kg de MS cevada (10 kg umida) + 1 kg 
de 
> > polpa = 9,73 de PB e 59% fr NDT (adequado para 7 litros/dia)
> > grupo (c) - sem caroço + 1,7 kg de MS cevada (8,5 kg umida) e sem 
> > polpa= 8,48% de PB e 57% de NDT
> > Cálcio e fósforo, pela planilha, pareciam adequados.
> >
> > Um mês depois, o resultado observado foi o seguinte:
> > grupo (a)- produção média de 10,6 kg/dia, vacas ganharam em média 
> > 1,9 kg no período. Em média, consumiram de concentrado 0,59 kg 
NDT e 
> > 0,15 kg de PB por litro produzido.
> > grupo (b)- produção média de 7,7 kg/dia, vacas gaharam em média 
> > 5,3 kg no período. Em média, consumiram de concentrados 0,57 kg 
de 
> > NDT e 0,16 kg de PB por litro
> > grupo (c)- produção média de 4,2 kg/dia, vacas gaanharam em média 
> > 17,6 kg no ´período. Em média, consumiram de concentrados 0,57 kg 
de 
> > NDT e 0,22 kg de PB por litro.
> > No cálculo de consumo de proteínas/litro produzido, não incluimos 
a uréia.
> >
> > Praticamente todos os animais já estavam teoricamente em balanço 
> > positivo, com mais de 100 dias pós parto (ou seja, eram capazes 
de 
> > consumir a quantidade de alimentos que necessitavam), exceto uma 
no 
> > primeiro grupo com 20 dias pós parto que foi a búfala Gilete, que 
> > perdeu 26 kg neste mês além da ração para poder produzir 17,2 
kg/dia 
> > aos 36 dias pós parto e 20,3 kg/dia aos 51 dias pós parto.
> >
> > Chama a atenção os valores muito próximos de energia por litro, 
> > considerando que as recomendações são da ordem de 0,34 kg de NDT 
por 
> > litro ECM (cerca de 0,51 kg de NDT/kg de leite in natura).
> >
> > Fica o registro...
> >
> > Otavio
> >
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> >
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> >
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> -- 
> Prof. Dr. WILLIAM G. VALE
> Professor Titular
> Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
> Instituto de Saúde e Produção Animal - ISPA
> Av. Presidente Tancredo Neves, 1501
> Cep: 66.077-530, Belém, Pará
> BRASIL
> Telefax: (91) 3210-5239
> Fax: (91) 3210-5154 (91)3274-0466
> Celular: (91)8114-9806
> 
> ----------------------------------------------------------
> Esta mensagem foi enviada pelo Correio Eletronico da UFPA
> 
> ----------------------------------------------------------
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> No virus found in this incoming message.
> Checked by AVG Free Edition. 
> Version: 7.5.488 / Virus Database: 269.13.30/1030 - Release Date: 
25/9/2007 08:02
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> Flickr agora em português. Você clica, todo mundo vê. Saiba 
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    http://br.groups.yahoo.com/group/bufalos/

<*> Para sair deste grupo, envie um e-mail para:
    [EMAIL PROTECTED]

<*> O uso que você faz do Yahoo! Grupos está sujeito aos:
    http://br.yahoo.com/info/utos.html

 

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