É a gente endinheirada que não trata "meio ambiente" como "meu ambiente".
Rafael 2006/6/11, Fatima Conti <[EMAIL PROTECTED]>: > > Oi > > Você sabe o que é elite? > > -- > Beijins > Fa > ---------------------------------------------------------------- > "O sol nasce para todos; a sombra para quem merece." > ---------------------------------------------------------------- > > > > Domingo, 11 de junho de 2006 > > > Marcos Sá Corrêa - O meio ambiente, da oligarquia à elite > > > A ministra Marina Silva mostrou que tem coragem, ao falar de elite no > Dia do Meio Ambiente. Cercando a palavra de adjetivos, como se para > circular em Brasília ela precisasse de escolta, disse coisas que a > cidade não ouvia desde que a sociologia saiu de moda no Palácio do > Planalto. "A desgraça de um país não é a sua elite. É não tê-la", > discursou a ministra. Mas fez questão de esclarecer que se referia à > "elite no sentido positivo", a que "pensa estrategicamente" e é capaz de > "aceitar projetos", como os empresários Miguel Krigsner e Guilherme > Leal, donos do Boticário e da Natura, que outro dia doaram US$ 1 milhão > cada um ao programa de conservação da Amazônia. > > Em outras palavras, a ministra falava da elite propriamente dita, que > poderia dispensar tantas ressalvas, se estivesse em vigor no Brasil a > definição que o economista americano Lester Thurow dissecou na década de > 80 em longo artigo para a revista "Atlantic Monthly". O truque, para > Thurow, é jamais trocar elite por oligarquia. Elite, ele ensinou, é > aquele punhado de pessoas que se trata pelo apelido de infância, casa-se > entre si, ganha bastante dinheiro e manda muito no país". A oligarquia > também não passa à primeira vista de um punhado de pessoas que se trata > pelo apelido de infância, casa-se entre si, ganha bastante dinheiro e > manda muito no país. Mas, ao contrário da elite, ela não enxerga um > palmo adiante de seus interesses imediatos. > > A diferença entre elas é, portanto, que uma se acha na obrigação de > cuidar do país. A outra acha que o país tem a obrigação de cuidar dela. > A fronteira que as separa nem sempre é a do poder aquisitivo. A elite > pode usar um relógio de plástico como se guardasse o Patek Philippe do > avô para o neto, porque mantém a postura – ou a pose, como diriam seus > desafetos – de quem veio para ficar pelo simples fato de que está aí há > muito tempo. E a oligarquia em geral tem pressa, inclusive de > enriquecer. A sociedade de cafeicultores que no século XIX devastou o > Vale do Paraiba para adquirir títulos de nobreza, mandar os filhos > estudarem na Europa, erigir palacetes afrancesados no Rio de Janeiro e > animar os salões do Segundo Reinado estava brincando de elite, mas não > passava de uma oligarquia escravocrata prestes a deixar para a > posteridade seu vasto legado de ruínas. > > Barões ladrões > > Com o tempo, um oligarca mais ou menos saciado tende a cair na tentação > de virar elite, como os pioneiros do capitalismo americano, que John > Kenneth Galbraith, economista de elite, chamou de "barões ladrões". É > gente que fez fortuna pilhando vorazmente o patrimônio natural dos > Estados Unidos, quando a maior parte de seu território era terra de > ninguém. Há famílias ilustres que deitam raízes em assaltantes de trem. > Mas um dia esses endinheirados se deixaram catequizar pelo marchand > Joseph Duveen, que lhes empurrou pela goela abaixo as obras-primas do > Renascimentgo italiano. Hoje suas coleções se espalham por alas inteiras > dos grandes museus, conferindo a seus nomes um atestado póstumo de > largueza aristocrática. > > No Brasil a elite e a oligarquia andam tão misturadas porque o populismo > está em voga. E ele não perde o hábito de confundi-las. Começa > prometendo abolir a elite. Acaba instituindo sua própria oligarquia. A > crise do mensalão no governo Lula é típica de uma oligarquia que chegou > com apetite demais ao poder. E a desmoralização dos políticos, um sinal > da falta que uma elite faz, como aliás lembrou a ministra Marina Silva. > Ela abriu uma discussão que teria tudo para ir longe, se houvesse em > Brasília outra pessoa interessada nesse tipo de conversa. Não havendo, > que fique pelo menos registrada a grande novidade: para o Ministério do > Meio Ambiente, elite, daqui para a frente, é quem não desmata, queima, > enfeia e polui, seja ele pobre ou rico, patrão ou empregado, índio ou > cara-pálida, fazendeiro ou sem-terra, industrial ou coletor de essências > nativas no coração da selva. Parece simples. Mas não era bem assim que a > política ambiental vinha funcionando na era Lula, agarrada ao princípio > de que preservar a natureza tinha que ser, como todo o resto, um assunto > para se acertar com aliados. > > Publicado também em "O Estado de S. Paulo". > > > > Retirado de > http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=8&textCode=22675&date=currentDate > ------------------------ Yahoo! Groups Sponsor --------------------~--> Get to your groups with one click. 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