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Title: Microsoft propõe TV digital sobre IP

ETHEVALDO SIQUEIRA

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO - ECONOMIA DIGITAL

Microsoft propõe TV digital sobre IP

EDMOND, EUA - Poucas vezes a crítica de um especialista poderia ser mais incisiva na condenação dos padrões tecnológicos de TV digital adotados pelos Estados Unidos, Europa e Japão, quanto a que faz o vice-presidente da Microsoft Corp., Craig Mundie. Para ele, o próprio modelo de negócios da TV digital em alta definição, em difusão terrestre e sinal aberto (broadcasting), não tem grandes perspectivas de sucesso num país com as características dos Estados Unidos, em que a TV paga (via cabo, satélite ou microondas) alcança mais de 90% dos domícilios. Na verdade, a TV digital, depois de sete anos, ainda não alcança mais do que 5% dos domícilios americanos. Mas o foco central da crítica de Craig Mundie é a escolha do padrão tecnológico. "Baseado em minha experiência profissional, afirmo que os Estados Unidos fizeram uma escolha ruim, quanto à arquitetura para difusão terrestre (em broadcasting) de TV digital. Isso mostra que os homens que tomaram essas decisões não acreditavam verdadeiramente que a televisão vai se tornar totalmente digital. Os estados Unidos optaram por um sistema de modulação e transmissão obsoleto, que teve origem na TV analógica. Para mim, fica totalmente claro que o melhor meio de distribuição de sinais de televisão é o de pacotes de vídeo (packetized vídeo), seja através da atmosfera ou via cabo."

Na condição de vice-presidente sênior e executivo principal de tecnologia (Chief Technical Officer), da Microsoft Corp., Craig Mundie é responsável pelas estratégias avançadas da empresa na área de tecnologia. Em sua opinião, "o caminho para se evoluir rumo à TV digital deveria ter sido o da comutação e transmissão de pacotes e nunca a alternativa baseada em padrões do tipo MPEG (Moving Pictures Expert Group) ou streaming data (corrente de dados).

Mundie explica que, com a tecnologia de pacotes, um sistema de TV digital consumirá apenas 20% do espectro de frequências, que é um bem natural precioso, caro e finito. "Em lugar de alocar boa parte desse espectro em sistemas de TV ultrapassados, old style, seria muito melhor economizar agora boa parte do espectro para poder utilizar melhor essas frequências nos sistemas de comunicação microcelulares do futuro, ou sistemas de acesso em banda larga."

E que caminho deveria seguir o Brasil, em sua opinião? "Se o Brasil ainda não fez sua opção, eu tomaria a liberdade de sugerir-lhes que aguardassem um pouco mais e prestassem atenção nesse novo sistema de difusão de TV digital, o video-packing, ou seja, de pacotes de sinais de vídeo, como uma solução realmente melhor."

Futuro é IPTV - Craig Mundie não vê muitas perspectivas de sucesso noa tual sistema de TV digital nos Estados Unidos, que previlegia a imagem de alta definição, mas utiliza um formato inadequado de transmissão. Em sua opinião, o futuro da TV digital está na televisão sobre protocolo internet.

"Não tenho dúvida em afirmar - enfatiza - que esse é o melhor caminho. As lições de mais de sete anos nos EUA, na Europa e no Japão nos levam a pensar nas possibilidades do formato IPTV, ou seja, TV sobre protocolo internet (TVoIP ou TV over IP). Essa TV pode ser transmitida sobre linhas telefônicas digitais de assinante, ou seja, do tipo DSL ou Digital Subscriber Line. Ora, em praticamente todos os domícilios norte-americamos, dispomos de telefones ou TV a cabo. Não há, assim, muito espaço nem viabilidade para um sistema de TV digital em broadcasting, com sinal aberto, difundido pela atmosfera, para recepção de todos. Em resumo, eu diria que não há praticamente necessidade de os EUA adotarem um padrão anacrônico de transmissão de TV digital, à moda antiga."

LCD e plasma - Noutra perspectiva de futuro, uma das dúvidas que pesam sobre os projetos de casas digitais está nos preços dos telões e displays de cristal líquido ou de plasma. Mundie não tem dúvida de que os preços continuarão caindo. Para as pessoas de menor poder aquisitivo, haverá soluções intermediárias. Uma delas é a aquisição de telas menores, em lugar das muito grandes. Outra possível solução será a dos sistemas de projeção de imagem, em especial com a tecnologia de cristal líquido sobre silício (Liquid Crystal on Silicon ou LCOS), que permite grande redução de custo e tem muita semelhança com os sistemas de modulação da Texas Instruments do tipo - DLP (Digital Light Processors), com milhões de espelhos microscópios.

Com ou sem fio? - Craig Mundie acha que o mundo viverá nos próximos dez anos a fusão total das redes com fio e sem fio: "O que esperamos ver num horizonte de dez anos é a emergência das chamadas redes comunitárias (community networks), que vão servir a áreas relativamente pequenas, mas com elevada concentração humana. Essas redes poderão, assim, atender a muita gente tanto nas metrópoles quanto em pequenas localidades ou aglomerados rurais, suprindo a demanda de banda larga até nos países em desenvolvimento, por seu baixo custo e a partir de investimentos relativamente baixos."

Um dos grandes desafios de hoje é combinar as duas formas de acesso, com fio e sem fio em alta velocidade, com as formas de distribuição via cabo - do tipo ADSL (Asynchronous Digital Subscriber Line), serviços em cable modem ou mesmo via cabos elétricos (Power Line Distribution) -, interconectando-as com formas de distribuição wireless, como as redes locais sem fio (W-LAN ou Wireless Local Area Networks). Ao mesmo tempo, ampliam-se, de forma acelerada, as possibilidades de acesso sem fio em baanda larga por meio de dispositivos móveis - como celulares, computadores de mão ou câmeras digitais. O que ninguém esperava era o crescimento explosivo do uso do espectro não licenciado, de que é exemplo a revolução das redes locais sem fio, como a Wi-Fi e, num, futuro próximo, Wi-Max.

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O ESTADO DE SÃO PAULO
Domingo, 9 de Maio de 2004

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