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SÃO PAULO - Aloizio Mercadante foi, durante muitos anos, a voz econômica do PT. Vencida a eleição, não foi nem ouvido nem cheirado. Agora que o governo precisa de uma pajelança para ver se consegue ressuscitar, Lula convida Delfim Netto para ser o feiticeiro, com o que desmoraliza de vez Mercadante.
Se havia, fora da política eleitoral, um trio que todo mundo identificava
com o PT, aliás com o que o PT tinha de melhor, era formado pelo jornalista
Ricardo Kotscho, por frei Betto e pelo empresário Oded Grajew.
Debandaram
todos. Em silêncio leal, mas eloquente.
José Dirceu, suposta alma do PT, caiu, disse que vinha para a planície
para combater, mas, em vez da planície, está perdido em algum buraco negro,
silencioso.
José Graziano era a cara do Fome Zero antes mesmo de o Fome Zero existir.
Sumiu.
Olívio Dutra era o bigode-símbolo do PT que parecia ter dado certo, o de
Porto Alegre/Rio Grande do Sul. Ao lado de Tarso Genro. O bigode ainda está lá,
mas o PT foi varrido de Porto Alegre e do governo do Estado, Olívio é o ministro
mais demitido da história e Tarso louva o valor de ter o PMDB no governo, justo
o PMDB que os varreu no Sul.
Sobrou algum petista facilmente reconhecível no
governo Luiz Inácio Lula da Silva? Há alguns, sim. Burocratas sem votos e sem
que se saiba que diabo pensam.
Ah, tem o tal de Antonio Palocci, é verdade,
mas é bom lembrar que está onde está porque foi assassinado
quem lá estaria (Celso Daniel). Sem o crime, Palocci seria apenas mais um
deputado federal ou prefeito de Ribeirão Preto (SP). Vamos, portanto,
parar de falar que o governo pode acabar. Como governo do PT, tal como foi
eleito, já acabou. Pior: não começou nenhum outro tipo de
governo.
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