Também deixo para para você
as memórias da primeira
surra
que levei quando comi seu
celular
e também todo o meu
esquecimento ...
Deixo para você
um
esconderijo que fiz no jardim
debaixo dos arbustos
perto da
varanda da frente,
onde eu costumava me
esconder do sol
nos dias de verão.
Ele
deve estar cheio de folhas
agora e por isso talvez
você tenha
dificuldades
em encontrá-lo.
Sinto muito!
Deixo também só para
você,
o barulho que eu fazia
ao sair correndo
sobre as folhas
de abril,
quando vagabundeávamos pelo sítio.
Deixo
ainda,
a lembrança de momentos
pelas manhãs,
quando saíamos
junto pela
margem das lagoas
do
condomínio
e você me dava
aqueles
biscrocks coloridos.
Recordo-me das suas risadas,
porque eu não
consegui
alcançar aquele
coelho impertinente.
Deixo-lhe como
herança
minha devoção,
minha simpatia,
meu apoio
quando as
coisas não andavam bem,
meus latidos
quando você
levantava
a voz aborrecido... e
minha frustração
por você ter
ralhado comigo
todas as vezes que
eu
colocava o nariz debaixo da
cauda.
Eu nunca fui à igreja,
nunca escutei um sermão,
e sem ter dito sequer uma
palavra
em minha vida, deixo para
você
lições de paciência,
de tolerância,
de amor e compreensão.
Sua vida tem sido mais rica
porque eu
vivi.
(Frank
Reinshstein)