Jonas,
Alguns reparos:
- O segundo touro foi colocado em 09 de julho com as fêmeas, ou seja suas
coberturas iriam gerar produtos a partir de 09 de maio, exatamente neste mês as
parições subiram de menos de 5% de abril para 10-15% e depois mais de 20% em
junho e algumas em julho. Me parece que na verdade ele não precisou “esquentar”
mas sim, esperar que as fêmeas entrassem em cio.
- A tal “agressividade” foi observada durante 3 períodos, com 3 touros
diferentes, não aparentados, dois deles com menos de 5 anos e que depois,
levados a outros lotes/rebanhos com menor numero de fêmeas, voltaram a ter um
comportamento absolutamente normal. Minha hipótese é que a extrema dominância
dos machos na espécie, diferentemente de bovinos por exemplo, despertaria não
propriamente agressividade, mas sim, uma tentativa de “controlar” suas fêmeas,
eventualmente agredindo aquelas que se afastavam ou cercando o lote... mas isso
é assunto para o etologista Alberto Couto que depois que começou o mestrado em
zootecnia literalmente nos abandonou...
Otavio
De: bufalos@yahoogrupos.com.br [mailto:bufalos@yahoogrupos.com.br] Em nome de
jonasassumpcao
Enviada em: sábado, 12 de janeiro de 2013 10:33
Para: bufalos@yahoogrupos.com.br
Assunto: Re: [bufalos] Touros agressivos
Otavio,
A partir de seus dados, acho que dá pra fazer algumas observações :
1 - Parece certo que o touro que se tornou agressivo, não deu bem conta do
recado quando o número de matrizes se elevou.
Prova disso é que não se atingiu o pico histórico de 30% de parições em
janeiro, e houve queda de partos também em março e abril.
2 - Parece também certo que o novo touro colocado em serviço no começo de
julho, necessitou de uns 2 meses para se esquentar, provocando o 2* pico de
partos apenas em setembro. Pela minha experiência acho isso perfeitamente
normal e acontece sempre que introduzimos um novo touro no trabalho. (
Principalmente quando trata-se de um animal proveniente de outra criação,
submetido a outro manejo, etc. )
3 - O que não me parece muito fácil de concluir é que a agressividade seja
decorrente da elevação da quantidade de matrizes. Quase todos touros mais
velhos costumam ficar mais marrentos, mas será que essa alteração de
comportamento seria decorrente do animal sentir que nessa altura do campeonato
de sua vida, seu desempenho sexual não é mais o mesmo ?
Será que o fato de não conseguir f. nem sair de cima deixa o bicho
nervoso ? Não sei. Quem sabe Freud, se estivesse vivo, poderia explicar...
Abraços,
Jonas.
PS 1 : Só sei que os touros de que mais gosto são do tipo que comem quietos.
Não enchem o saco de ninguém, não perturbam, não cercam matrizes nas porteiras,
não provocam gaúchos a dispararem tiros e produzem bezerros pra lá de bons...
Em 08/01/2013 12:31, Otavio Bernardes escreveu:
Há algum tempo comentamos na lista o comportamento agressivo de alguns touros
com fêmeas do rebanho, o que gerou certa polêmica sobre as bases deste
comportamento com alguns creditando serem traços de personalidade que deveriam
condenar os animais seja por entenderem irreversíveis e outros por entenderem
tratar-se de característica geneticamente transmissível. Outros creditavam tal
comportamento a fatores do meio, tais como elevada concentração de cios ou alta
relação búfalas:touro.
No meu caso particular, trabalhava com apenas um lote de fêmeas adultas com um
touro e, conseguindo um melhor suporte das pastagens, acabei elevando em
demasia o numero de búfalas que passou de 70 para serem cobertas por apenas um
touro.
Nossa propriedade situa-se no estado de São Paulo onde a sazonalidade
reprodutiva da espécie costuma ser bem marcada, com os partos ocorrendo
principalmente ao final da primavera e durante o verão (chuvoso na região),
período favorável às pastagens. E em média, nos últimos 11 anos teve o seguinte
comportamento:
Em função do comportamento agressivo do touro em uso, o mesmo foi substituído
por um touro jovem no começo de julho e, posteriormente, observamos a seguinte
distribuição de partos:
Notem que os partos ocorreram normalmente até o mês de fevereiro (coberturas em
abril) e caíram abruptamente em março e abril (coberturas de maio e junho),
exatamente quando se verificou a maior agressividade dos touros. Com a
substituição do mesmo em julho, novo touro passou a ter um comportamento
normal e as cobertura voltaram a ocorrer em julho e agosto principalmente e se
extendendo até outubro (partos entre maio-agosto). O novo touro não se mostrou
agressivo e nem o anterior que, colocado com um lote de novilhas, abandonou o
mau hábito.
Curiosamente, o comportamento do touro acabou induzindo a um manejo reprodutivo
com “estação de monta”, de tal sorte que boa parte do rebanho acabou dando
crias mais tardiamente, aumentando a uniformidade da produção leiteira durante
o ano, conforme se pode observar a produção diária em 2010 confrontada com a de
2012.
Otavio