Oi Antônio Kleber
Achei excelente o texto.
Mas, senti que o autor trata a realidade brasileira como algo distante.
Achei esquisitooo.
Como podemos estar distantes de nós?
Somos nós que fazemos parte e construímos essa sociedade.
Somos nós que votamos nos políticos.
Somos nós.
Construímos algo estranhíssimo onde quase tudo é permitido.
Enquanto não construirmos uma sociedade mais justa,
enquanto nossa vida não for regida por princípios que avaliemos como
importantes,
e enquanto não educarmos nossas crianças para viver sob eles,
como podemos esperar que a sociedade seja diferente disso?
Beijins
Fa
Se o orifício inferior é menor do que a boca,
por que o supositório é maior que o comprimido?
AKA escreveu:
um bom domingo para todos
Como confiar? Mauro Chaves
http://arquivoetc.blogspot.com/2008/08/como-confiar-mauro-chaves.html
Segundo pesquisa do Instituto Vox Populi, apenas 3% dos brasileiros
acham que é possível confiar nos outros. A muitos isso parece
estarrecedor, porque nas democracias civilizadas esse porcentual de
confiança chega a 65%. Mas encontrar no Brasil três pessoas (em cem) que
confiem em algo já seria um portento, dado o volume descomunal de
desconfiança que inspiram instituições, Poderes, governos, leis, pessoas
públicas, entidades de classe, organizações não-governamentais, veículos
de comunicação, campanhas de publicidade, gestões de universidades e
tantas coisas mais.
O brasileiro é profundamente desconfiado porque sabe o que lhe acontece
quando confia. Como confiar nas leis que permitem a um assassino
condenado ser libertado depois de cumprir apenas 1/6 de sua pena -
punição que reduz a vida humana a menos de 17% de seu valor? Aliás, por
que 1/6 - e não um 1/5, um 1/7 ou 1/10? Será uma homenagem ao número da
Besta, já que dividindo 100 por 6 dá 16,666...?
Como confiar no poder público, se altos funcionários, mesmo flagrados,
filmados - e exibidos na televisão - no momento em que estão recebendo
propinas ou roubando dinheiro público, impetram habeas-corpus e se
livram da cadeia, a ela jamais retornando, por falta de provas? Como
confiar na Justiça, se um sujeito mata premeditada e covardemente a
colega ex-namorada pelas costas, dando-lhe outro tiro quando ela já está
no chão, confessa o crime, é condenado e fica mais de oito anos livre
leve e solto - como está Pimenta Neves?
Como confiar em medidas socioeducativas em benefício de facínoras - do
tipo Champinha - só recuperáveis pela hipocrisia legal que, ao
contrário das leis de todos os países do mundo (menos Guiné, Venezuela e
Colômbia), estabelece maioridade penal apenas aos 18 anos, como se a
capacidade de recebimento de informações e de desenvolvimento de
consciência nos jovens de hoje fosse igual à de 70 anos atrás?
Como confiar nas mensagens publicitárias que afirmam que as pessoas
podem ser persistentes, batalhadoras, guerreiras, capazes de vencer os
obstáculos da vida e permanecer fiéis às suas origens só porque tomam
cerveja Brahma - como os brameiros Zeca Pagodinho e Carlinhos Brown?
Como confiar nas religiões, se tantas e tantas delas se tornaram
gigantescas caixas registradoras de dízimos, vendendo escandalosamente
indulgências pelo rádio e pela televisão, explorando com a máxima falta
de escrúpulos a credulidade e a ignorância do povo?
Como confiar na Segurança Pública, se há polícias que matam (até
crianças) antes de pedir documentos, enquanto outras fazem vista grossa
aos que praticam todo tipo de violência, nas invasões, nos esbulhos,
depredações, cárceres privados, saques de pedágios e de caminhões,
matança de animais, vandalismos contra sedes de propriedades rurais e
laboratórios de experimentação agrícola, como fazem os ditos movimentos
sociais, do tipo MST e assemelhados?
Como confiar numa medicina que chegou ao cúmulo da venalidade, a ponto
de médicos falsificarem exames, venderem lugares na fila de transplantes
de órgãos, condenando à morte os que não têm condições de satisfazer sua
abjeta ganância financeira - como acontece com a fila de transplantes de
fígado do Rio de Janeiro?
Como confiar em produtores de alimentos, cujo falta absoluta de
escrúpulos os fez adulterar o alimento básico das crianças - o leite -,
pondo em risco a saúde dos próprios filhos e netos, misturando ao leite
substâncias nocivas ou capazes de reduzir o seu valor nutricional (do
tipo soda cáustica, ácido cítrico, citrato de sódio, água, sal, etc.),
para aumentar seu volume e o prazo de validade, como é o caso das
cooperativas de produtores de leite denunciadas pelo Ministério Público
de Uberaba, em Minas Gerais?
Como confiar em intelectuais idealistas, que lutaram contra a ditadura
militar, mas se locupletaram com indenizações