Caro Otávio,

Em primeiro lugar me desculpo por ter errado em algumas datas, p.e. 
a data de início de vendas da Mozzarella Paineiras da Ingaí. 
Participei de todas as reuniões do Grupo do Leite. E em quase todas 
elas era discutido o tema de se evitar uma concorrência predatória e 
de se criar o conceito de MOZZARELLA DE BÚFALA como um produto  
NOBRE, e não deixá-la cair na vala comum das comodities, também 
remunerando o leite de búfala a um valor justo. Qto à remuneração do 
leite, no nosso caso, continuamos a manter o compromisso assumido 
pagando o dobro do leite Tipo C, ou quase: hoje em dia o leite C 
vale R$ 0,55 e o leite de búfala R$ 1,00. Falmos muitas vezes sobre 
a importância de um Selo de Qualidade e na dificuldade q. seria 
implantá-lo. Além do fato, q. vc certamente se lembra, que 
encontrávamos bastante resistência entre os criadores mais 
tradicionais que julgavam um absurdo tirar leite das búfalas pois 
comprometeríamos de forma irreversível o desenvolvimento dos 
bezerros. Ouso dizer q. conseguimos: hoje existe um mercado para a 
mozzarella de búfala, hoje existem produtores especializados de 
leite de búfala.
Acho q. uma búfala por ser mais pesada do q. uma vaca, come mais, 
mesmo tendo uma maior flexibilidade doquanto à qualidade da 
alimentação (fora o mito de q. uma búfala pisoteia mais as 
pastagens...).
Qto aos custos de produção é preciso lembrar q. nem todos nós 
possuímos rebanhos tão produtivos qto o teu e alguns poucos outros, 
e q. os custos de produção podem ser elevados.
Gostaria de concluir dizendo q. sinto bastante saudade daquela época 
de pioneirismo e harmonia e q. fico muito feliz em ver os frutos q. 
estamos colhendo. Isso não quer dizer q. concordo da maneira como 
está implantado o selo de pureza e q. ele deveria ser bastante 
aprimorado, principalmente em seus controles.
De resto, concordo com quase a totalidade do teu e-mail.

Um abraço cordial,

Federico

p.s. Em todas as reuniões o Sr. Wanderley vinha com planilhas 
detalhadas de custos e produções, q. salvo engano, eram preparadas 
por você...





--- Em bufalos@yahoogrupos.com.br, "Otavio Bernardes" <[EMAIL PROTECTED]> 
escreveu
> 
> Como dizem por aí, não sou muito velho, só sou meio antigo... Na 
época, mero coadjuvante, vi os mesmos fatos e enxerguei cenas um 
pouco diversas.
> 
> Tendo iniciado nossa criação em 1973 em Sete Barras, uns 3-4 anos 
depois já sofríamos não com o baixo preço pago pelo leite de búfalas 
na região, mas sim, com o fato de que não havia um comprador sequer. 
A experiencia de fornecimento de leite de búfalas ao Sr. Antonio 
Ruopollo, proprietário da Yema, foi um completo fiasco pois o 
caminho"pela serra da macaca, com seus milhões de curvas e buracos 
fazia com que o leite já chegasse manteiga pronta na plataforma. É 
certo que as búfalas àquela época produziam pouco leite, mas beber 
aquilo tudo, absolutamente não dava , e a família, já traumatizada 
com algumas experiencias anteriores do Sr. Wanderley com sua criação 
de patas que por falta de mercado eram direcionadas à tal "economia 
de subsistência" (haja gemada, gema crua, omeletes, ovos fritos, 
cozidos, bolos e mais umas dezenas de criativas formas de tentar dar 
um destino nobre aqueles enormes ovos que brotavam em quantidade do 
famigerado "pateiro"). Foi a motivação para a construção de nosso 
primeiro "laticínio", tocado pela "mulher do vaqueiro" que 
fabricava  então apenas o queijo tipo frescal "cheio de furinhos", 
mas muito gostoso, que "seu" Ursulino, com a caminhote lotada saia 
vendendo em tudo que era porta ou feira no Vale do Ribeira.
> 
> Mudando para o "planalto paulista" em 1983, o Laticínio local 
(Colaso), adquiria o leite pagando pequeno adicional pela gordura (a 
Yema, na época, satisfeita com sua produção de "bolinhas de leite 
bovino", não se interessou em adquirir o leite). Iniciou-se o 
programa de "fomento", sendo distribuidas 10 vacas e um touro a cada 
parceiro que ficava com o leite e metade dos bezerros e, depois de 4-
5 anos, devolvia o lote que era repassado a novo parceiro, até que 
um bom numero de criadores definitivamente aderiu à atividade. 
(computa-se hoje mais de 200 criadores de búfalas naquela região).
> 
> Na sua meta de ver florescer a bubalinocultura, entendeu o Sr. 
Wanderley que o caminho seria agregar valor à matéria prima, e em 
1992 voltou a operar informalmente o Laticínio até sua legalização. 
Passou assim em 1994 a adqurir o leite de seus parceiros. 
Paralelamente, indicado como Coordenador de Leite da ABCB, promovia 
as tais reuniões citadas, mas diferentemente do que ele entendeu, 
sua finalidade não era propriamente a de combater a "falsa" 
mussarela produzida pelo Yema, ou mesmo de criar um Selo de 
Qualidade, mas sim, a de fomentar a bubalinocultura leiteira no país 
para o que, entendia, somente um mercado saudável (com concorrência 
honesta) e com produtos de qualidade, seria capaz de melhor 
remunerar o derivado de búfala e, por sua vez, o produtor de leite 
da espécie. Lembro que à época, todo o foco da criação de búfalas 
era direcionado à produção de carne e a oferta de matéria prima aos 
ainda inciantes Laticínios que então se formavam era bastante 
restrita, daí uma das primeiras medidas definidas nas tais reuniões 
foi a de que sus participantes se comprometiam a remunerar o leite 
bubalino em pelo menos duas vezes a cotação paga pelo leite tipo C 
bovino, decisão que consta inclusive de um do Boletins da ABCB da 
época, onde aparecem Dna Wilma, Wanderley e Federico.
> 
> O conceito do "selo" então proposto esbarrou realmente no 
entendimento, a meu ver equivocado, de que sua finalidade seria 
tentar reproduzir aqui a certificação DOP italiana, que além das 
fraudes (que até hoje lá são constatadas entre seus participantes, 
conforme matéria divulgada em nosso último Boletim do Búfalo), busca 
proteger uma denominação de origem (região de fabricação), um método 
tradicional de preparo do produto a fim de obter benefícios fiscais 
e facilidades de mercado na região em que atuam e, divulgando 
o "produto" e não propriamente uma ou outra marca, obter "escala" 
para uma atuação conjunta de publicidade, pesquisa e controle de 
seus produtos. Em nosso meio, a idéia do selo é a meu ver puramente 
promocional e didática, visando manter uma concorrencia honesta 
e "educar" o consumidor para num momento inicial diferenciar 
o "presunto da presuntada" bem como, com a maior adesão, obter 
escala para o desenvolvimento de ações conjuntas de interesse do 
mercado. Abrigado numa Associação de Criadores (e não de 
fabricantes), espelha não só o âmbito de sua atuação (Ministério da 
Agricultura e não o de Indústria e Comércio) mas também um conceito 
que permeou sua idealização, ao menos na cabeça do Sr. Wanderley, 
desde o início, de que criadores e laticínios são interdependentes e 
se existir desenvolvimento assimétrico, ambos terão dificuldades em 
suas operações (o que não é bem aceito por alguns criadores e 
fabricantes, que apostam no modelo existente na pecuaria leiteira 
bovina em que o produtor produz uma commoditie e o fabricante compra 
matéria-prima... bem, quem acompanha a pecuaria leiteira bovina sabe 
muito bem que esta não tem sido uma boa solução, posto que a parte 
do leão tem sobrado para outros elos da cadeia) 
> 
> Quanto aos conceitos econômicos, minha concepção e experiencia é 
diversa da que se descreveu posto que  o peso da matéria prima no 
custo de fabricação dos derivados bubalinos é até mais baixo que no 
caso dos derivados bovinos, mesmo se os Laticínios continuassem 
remunerando o leite da espécie ao histórico "dobro do leite tipo C" 
(o que hoje, mais raramente se encontra), sendo que os custos 
adicionais, a meu ver, decorrem entre outros fatores muito mais da 
falta de escala de nossas produções, que oneram demais os custos 
indiretos das operações e reduzem o poder de negociação junto a 
grandes redes varejistas, além de, em algumas regiões uma certa 
concorrencia predatória entre produtos legalizados e outros "de 
safra", como nos relatam alguns fabricantes, sem contar com o custo 
financeiro e logístico trazido pela estacionalidade produtiva. 
> 
> Otavio
> PS. Os experimentos mostram que a búfala, diversamente do que 
muita gente pensa, não "come mais". Sua ingestão é proporcional ao 
seu peso (mais propriamente ao metabólico), assim como a bovina, e 
de sua capacidade de produção leiteira (mais particularmente, à 
produção de sólidos no leite). Assim, no aspecto nutricional, o 
custo de produção de seu leite, não decorre da mesma comer mais, mas 
sim, do fato de produzir um leite melhor... 
> 
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> 
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