Usualmente falamos em "melhoramento" de nossos rebanhos com a utilização de 
animais de mérito genético superior daí, buscamos adquirir animais de 
comprovado valor nas características produtivas que pretendemos atingir. 
Gostaria de destacar, porém, que uma ferramenta fundamental na evolução 
produtiva dos nossos animais consiste numa "seleção" bem feita que, 
aproveitando a ainda enorme "variabilidade" existente nos búfalos, pode se 
constituir em um "atalho" bastante eficiente e que, muitas vezes vem sendo 
negligenciado.

 

No caso da produção leiteira, por exemplo, verificamos numa mesma região a 
convivência de animais produzindo de 1.000 até 5.000 litros de leite por 
lactação, amplitude de variação  que não é comum de se verificar em raças já 
selecionadas e especializadas para produção leiteira. 



Isto significa que se controlarmos realmente a produção individual dos animais 
de nosso rebanhos (um pouco mais além da famosa classificação de "boa, média e 
ruim"), poderíamos proceder a um progama de seleção visando descartar os menos 
produtivos e reter os mais produtivos. Assim sendo, se considerarmos um rebanho 
com produtividade média de 1.500 litros, com existência de animais produzindo 
de 1.000 a 2.000 litros e efetuarmos uma pressão de seleção mais elevada 
(substituição digamos de todas as 25% piores pelas filhas das 25% melhores), 
estaremos promovendo um ganho de produtividade, sem contar o papel do uso de um 
touro melhorador, de até  17,5% na produção a partir da primeira "substituição" 
(ganho superior a 3,5% ao ano). Quanto maior a amplitude de variação, mais 
acelerado é o processo. Alinado-se ao uso de um animal "melhorador" e a um bom 
manejo , os resultados podem duplicar e até triplicar, como já foi possível 
verificarmos em algumas propriedades.

 

Assim sendo, sem que utilizemos uma ferramenta relativamente simples de 
execução que é o "Controle Leiteiro", no caso da produção leiteira, nosso 
avanço será significativamente menor. Tal controle permite ainda, quando 
adequadamente processadas as informações de produção e genealogia, estimarmos o 
valor genético de animais que não expressam tais características (ou por ainda 
não terem atingido a idade adulta ou por fifiologicamente não a expressarem 
diretamente, como o caso de machos e produção leiteira), permitindo-nos 
proceder ao processo seletivo antes mesmo dos animais entrarem em fase 
produtiva.

 

Aliando tais controles, principalmente quando oficializamos tais informações,  
a uma correta identificação e rastreabilidade dos animais do rebanho (o que se 
obtém com o registro genealógico), passamos a dispor, além de uma melhor 
produtividade, de animais com valoração produtiva formal, ou seja, somos 
capazes de a eles agregar valor por seu potencial produtivo e por isso sermos 
remunerados por ocasião de sua eventual comercialização.

 

A universalização de tais procedimentos (controle produtivo + registro 
genealógico) permitiria pois aliarmos a ferramenta de "seleção" à de 
"melhoramento", garantindo ainda a manutenção de uma boa "amplitude de 
variação", encurtando caminhos para a evolução produtiva de nossos rebanhos e à 
comercialização de animais com efetivo valor produtivo conhecido. 



A cantilena de que não se efetuam controles individuais por se tratar de 
"rebanhos comerciais" a cada dia mais vem se mostrando uma atitude pouco 
eficiente numa atividade que ve continuamente suas margens estreitadas e que 
tem no aumento da produtividade um dos caminhos para garantir sua 
sustentabilidade



Otavio

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