Realmente as coisas estão sendo misturadas: - A dieta apresentada (e não sugerida) foi usada em um experimento (Sousa, AA 2.002) com bovinos nelores. O foco foi a avaliação do resultado econômico da suplementação em períodos de baixa disponibilidade de pastagens e nas terminações para melhor "acabamento do produto final".
- Os custos apresentados e a conclusão quanto à necessidade de um ganho diário superior a 1.500 kg são "primários" e não levam em conta todos os fatores envolvidos no custo-benefício de uma terminação definida a partir de um bom "plano de safra." Roberto -----Mensagem original----- De: bufalos@yahoogrupos.com.br [mailto:[EMAIL PROTECTED] Em nome de otavio Enviada em: domingo, 3 de julho de 2005 22:57 Para: bufalos@yahoogrupos.com.br Assunto: Re: [bufalos] Um bom exemplo de marketing Creio que misturou-se um pouco as coisas: - A discussão sobre "odor" da carne foi motivada por um caso real ocorrido no mercado e, pelas opiniões de criadores aqui colocadas, parecem estar ligadas a componentes da dieta e, em alguns casos, ao abate de animais muito velhos. Assim, a lista cumpre ao menos em parte, mais uma vez, sua finalidade que é buscar intercâmbio de informações visando melhor manejar a espécie. A discussão de eventuais "problemas" verificados com a bubalinocultura de forma franca e aberta (apesar da relativamente restrita penetração do grupo) rompe, a meu ver, com uma prática muito deletéria do passado que era a de varrer para baixo do tapete qualquer aspecto que pudesse parecer negativo sobre a espécie, o que não coloborou em nada para um avanço mais significativo no conhecimento da mesma. - As colocações do Prof. Sório sobre o maior acumulo de gordura no revestimento de tecidos em determinadas raças bovinas e seu importante papel na proteção da mesma pelo resfriamento e, ainda, que tal fator estaria relacionado à percepção de melhor qualidade pelo consumidor, na verdade, tem aplicação dentro de determinados limites posto que tanto o consumidor quanto na qualificação de carcaças tal cobertura deve se encontrar dentro de determinados limites (3 a 10 mm), sendo penalizada as carcaças com cobertura excessiva (tanto pelos compradores quanto pelos consumidores) na maior parte de país. Quanto ao marmoreio, tão apreciado no Sul e em diversos países do hemisfério Norte, na maior parte do Brasil, é considerado pelo mercado consumidor como um fator negativo, havendo inúmeros trabalhos mostrando que a preferncia do consumidor recai sobre a carne "limpa" e, em determinados cortes, com uma cobertura de gordura sem excesso. - O fato de o búfalo, a exemplo do zebuíno, ter menor gordura entremeada, não se constitui necessariamente em fator negativo, muito pelo contrário, se convenientemente explorado, tem na alimentação saudável, tão em voga atualmente, forte apelo receptivo. - Quanto ao "acabamento", além dos aspectos próprios de determinadas raçais(mais precoces ou tardias) e de seleção ainda incipiente (ainda estamos selecionando em busca de maior precocidade de peso e não necessariamente na busca de maior "qualidade de produto na percepção do mercado consumidor"), relevante é ainda o manejo nutricional, no qual, principalmente em animais mais jovens, um alimento de maior densidade nutricional em tais fases tem papel relevante (o que não necessariamente significa uma dieta rica em concentrados posto que pastagens em ótimo estadio vegetativo e com oferta abundante podem permitir performance similar) e tem nas adaptações de realidades regionais um longo caminho a ser estabelecido. - Quanto ao rendimento de carcaça obtido com dietas como a proposta, infelizmente, nem sempre representam um caminho pausível face à sua relação custo x benefício. Tomando o exemplo dado,a preços usuais praticados em SP (que detém boa oferta de componentes), aproveitando a queda relativa do preço de alguns insumos (como a soja por exemplo), representam um custo diário de R$ 2,17/animal/dia, sendo que o peso vivo dos bubalinos está hoje sendo pago por aqui em torno de R$ 1,50/kg , que resultaria a necessidade de um ganho diário superior a 1.500 g somente para amortizar o concentrado (polpa cítrica: R$ 250/t - Farelo Soja: R$ 500/t - Refinasil: R$ 300/t - Uréia Pecuária- R$ 900/t - Sal Mineral - R$ 1,10/kg), o que limita sobremaneira sua utilização em condições normais de mercado e o ganho de 2 a 3% de rendimento de carcaça talvez não justifique o investimento. Quanto a estudos com búfalos sob confinamento, existem diversos ( aliás, nossa sugestão é que se façam mais estudos sobre manejo a campo, modelo de produção masi adotado em nosso país), Desta forma, continuo acreditando que qualquer aspecto, positivo ou negativo, que possa contribuir para o aprimoramento de nossa exploração deveria ter nesta lista um espaço primordial e, creio, o tal choque de credibilidade a que se refere o Jonas, trata de evitar a prática de por vezes, generalizar para a espécie característica encontradas em uns poucos indivíduos, o que traz muita confusão principalmente nos novos criadores. Pena, como ressalta o Jonas, que os especialistas se manifestem tão pouco. Otavio ----- Original Message ----- From: Farming To: bufalos@yahoogrupos.com.br Sent: Sunday, July 03, 2005 6:37 PM Subject: ENC: [bufalos] Um bom exemplo de marketing Prezado Jonas, Concordo plenamente "que uma das coisas que o búfalo mais tem sentido falta, é de um verdadeiro CHOQUE DE CREDIBILIDADE". Acho perfeita a sua ponderação de que "esse choque envolveria uma fundamental mudança nos discursos pronunciados pelos próprios bubalinocultores e técnicos, os quais deveriam retirar deles todas "meias verdades", substituindo-as por testemunhos e trabalhos que inspirem franqueza e confiabilidade. O búfalo tem muitas virtudes. Não deve temer qualquer verdade." Assim, voltando ao tema da qualidade da carne ora em discussão, acredito que as eventuais desvantagens citadas por alguns dos mais competentes membros da lista como a menor espessura de gordura, por exemplo, podem ser corrigidas por um competente manejo nutricional, da mesma forma como demonstra Souza, A.A. (2002) que avaliou a suplementação a pasto sobre aspectos produtivos e de qualidade de carcaças produzidas de bovinos Nelore em pastagens de Brachiaria Bryzantha e aferiu um incremento do Rendimento de Carcaça de 53,9% (sem suplementação) para 56,4% (com suplementação) e da Espessura de Gordura de 3,3 mm para 4,87 mm. Interessante é que neste estudo, a suplementação foi 2 Kg polpa cítrica peletizada + 2 Kg refinazil úmido + 1 kg de farelo de soja + 0.1 Kg uréia (animal/dia) + suplemento mineral. Será que não se conseguirão os mesmos ganhos com os búfalos? Por medida de segurança, entendo que somente depois dessa avaliação é que devemos promover o "CHOQUE DE CREDIBILIDADE..." E mais ainda, isso também deve ser trabalhado diante do seu paradoxo do mercado, pois a quantidade a mais de gordura está também relacionada ao maior peso vivo dos animais, ou seja, animais que tiveram o início da deposição de gordura há mais tempo do que os precocemente acabados, qualidade também altamente valorizada pelo consumidor final. Um abraço, Roberto. -----Mensagem original----- De: bufalos@yahoogrupos.com.br [mailto:[EMAIL PROTECTED] Em nome de Jonas Assumpção Enviada em: domingo, 3 de julho de 2005 16:23 Para: bufalos@yahoogrupos.com.br Assunto: Re: [bufalos] Um bom exemplo de marketing Amigos, Quando ví este assunto da carne de búfalo, surgir em nossa lista, "o recebí de braços abertos ", principalmente porque a discussão do fato em uma lista em que muitos técnicos participam, traria justificativas, explicações, e certamente indicações corretas sobre o manejo de engorda, manejo de abate e próprio armazenamento adequado da carne bubalina. Todos lucrariam com isso : criadores, intermediários, varejistas e consumidores. Concordo com tudo que foi expressado pelo Ghaspar, mas também sou capaz de entender o receio manifestado pelo Roberto, em estarmos abordando abertamente um assunto no mínimo delicado. Pessoalmente não tenho a preocupação do Roberto, pois acho que uma das coisas que o búfalo mais tem sentido falta, é de um verdadeiro " CHOQUE DE CREDIBILIDADE ". Esse choque envolveria uma fundamental mudança nos "discursos" pronunciados pelos próprios bubalinocultores e técnicos, os quais deveriam retirar deles todas "meias verdades", substituindo-as por testemunhos e trabalhos que inspirem franqueza e confiabilidade. O búfalo tem muitas virtudes. Não deve temer qualquer verdade. O que me chamou a atenção sobre esses assuntos aqui abordados, foi a ausencia de manifestação dos técnicos específicos nesse assunto. Não quero nem posso crer que o silencio se deva ao desconhecimento do assunto, pois se isso fosse verdade, todos nós estaríamos literalmente perdidos.... Prefiro acreditar que eles estão gozando de merecidas férias e que tão logo retornem, "matem as cobras e mostrem o páu ".... Abraços, Jonas. ----- Original Message ----- From: "Farming" <[EMAIL PROTECTED]> To: <bufalos@yahoogrupos.com.br> Sent: Saturday, July 02, 2005 12:11 PM Subject: Res: [bufalos] Um bom exemplo de marketing Prezado João Ghaspar, Nada me agrada mais do que a "discordância cordial" pois prova amizade, mesmo que virtual, e sabedoria (por aqui se diz que a "unanimidade é burrice"). Mais ainda, me dá oportunidade de ratificar minhas reflexões anteriores na direção de retificar o entendimento indevido a que induzi o amigo. Assim, não tenho a visão de utilizar a lista com fins meramente promocionais das qualidades do búfalo, mas entendo que precisamos reconhecê-la como uma importante mídia digital para informação precisa a todos os níveis de participantes, inclusive os "mais importantes" dessa importante cadeia produtiva, ou seja, o consumidor final. A informação passada sobre odor e sabor desagradável da carne foi patentemente registrada como uma deficiência do manejo nutricional de alguns animais em fase final da terminação para o abate, sem qualquer detrimento à qualidade da carne dos búfalos bem manejados. Mas será que os revendedores e consumidores presentes na lista entenderam isso? E se entenderam, será que não estão desconfiados de que animais abatidos (sem os cuidados relatados por exemplo pelo Migliorini que suspende o fornecimento do caroço de algodão 30 dias antes do envio para o abate) possam chegar ao consumidor final sem garantias quanto à segurança alimentar? Para piorar, começou-se a discutir a cobertura de gordura como um fator eventualmente negativo para a qualidade dessa carne por reduzir a sua vida útil na prateleira do supermercado (ou açougue), encobrindo uma das suas principais virtudes nutricionais, ou seja, o baixo teor calórico em comparação ao concorrente bovino. Falou-se também na alimentação com cama de frango, se eu não estiver enganado, um sub-produto hoje proibido para utilização no arraçoamento animal, sem qualquer comentário sobre a grande virtude do búfalo de corte que é sem dúvida a do acabamento precoce e a PASTO, condição alimentar em que a grande maioria dos animais de corte são abatidos. Meu caro João Ghaspar, tenho certeza de que estas nossas reflexões (agora não são mais minhas) irão ajudar a todos os envolvidos no agribusiness com búfalos a entender melhor a importância desta "LISTA" como ferramenta fundamental não só para a informação zootécnica, mas também para a comunicação institucional e marketing digital. Um abraço, Roberto. -----Mensagem original----- De: bufalos@yahoogrupos.com.br [mailto:[EMAIL PROTECTED] Em nome de joao ghaspar de almeida Enviada em: sábado, 2 de julho de 2005 07:33 Para: bufalos@yahoogrupos.com.br Assunto: Re: [bufalos] Um bom exemplo de marketing Prezado Roberto Aqui no Sul do Brasil existe uma frase que acho que se pode usar aqui : " Permita-me discordar cordialmente ..." Acho que a sua visão de utilizar a lista como instrumento de promoção apenas das qualidades do búfalo , para que eventuais consumidores finais e membros da cadeia produtiva tenham a impressão de perfeição sobre este nosso querido animal está errada . O búfalo é um animal extraordinário , com muitas qualidades quase insuperáveis no dia a dia do campo . Mas , assim como todas as outras raças e espécies de animais domésticos tem algumas características que precisam e devem ser conhecidas e corrigidas na utilização deste animal como produtor de carne e de leite . Os elos da cadeia produtiva devem conhecer os detalhes desta matéria prima e o consumidor final é sempre muito rápido e veemente na sua percepção do produto lá na prateleira. Portanto acho que discutir e aprender que não devemos utilizar determinado racionamento pois influi no odor da carne ou saber que , por ter menor capa de gordura na carcaça ,o tempo de armazenagem da carne deve ser mais curto , é algo útil para todos nós. Acho que a postura de "exaltação ingênua" já nos retardou muito o desenvolvimento desta maravilhosa espécie . Temos que desenvolver é a logistica de oferta ao mercado . E promover , através de publicidade , as nossa grandes qualidades . Mas não queremos que o nosso consumidor compre apenas uma vez. Um abraço ingênuo João Ghaspar [As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas] ___________________________________________________________________ Lista de discussao sobre bubalinocultura: Inscrição: envie mensagem para [EMAIL PROTECTED] (sem assunto nem nada no texto) Para sair da lista: enviar mensagem para [EMAIL PROTECTED] (sem assunto nem texto) Página do grupo: http://br.groups.yahoo.com/group/bufalos Links do Yahoo! Grupos ___________________________________________________________________ Lista de discussao sobre bubalinocultura: Inscrição: envie mensagem para [EMAIL PROTECTED] (sem assunto nem nada no texto) Para sair da lista: enviar mensagem para [EMAIL PROTECTED] (sem assunto nem texto) Página do grupo: http://br.groups.yahoo.com/group/bufalos Links do Yahoo! Grupos -- No virus found in this incoming message. Checked by AVG Anti-Virus. 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