Nos meios político e empresarial a procura é inútil.

Carlos Antônio.

Retirado de Direto da Redação

Eliakim Araújo escreveu:



      Publicada em: 31/05/2007 

     
        PROCURA-SE UM HONESTO 
      . 
      Todo mundo sabe que a corrupção não é um fato novo nesse nosso Brasil 
varonil. Ao contrário, dizem que ela vem desde (e com) a chegada dos 
colonizadores portugueses. 

      Há quem acredite que não tem mais jeito, pois a corrupção está 
irremediavelmente impregnada nos corações e mentes dos brasileiros, educados 
desde a mais tenra idade a serem mais espertos e procurarem levar vantagem em 
tudo. 

      Nessa febre de denúncias de corrupção que assola o país, ocorreu-me a 
idéia de se criar uma campanha que poderia se chamar "procura-se um honesto". 
Com certeza muita gente morreria de rir e diria: "é mais fácil encontrar uma 
agulha no palheiro". 

      A idéia não é nova. Vem de uma piada que os opositores do regime militar 
espalhavam. Diz a anedota que os chefes militares, preocupados com as denúncias 
de corrupção nos governos de seus colegas de farda, sobretudo durante o período 
Médici (30/10/69 a 15/03/74), nos ministérios encarregados de obras públicas, 
teriam criado uma comissão de alto nível para descobrir um honesto dentro das 
forças armadas. Um mês depois, desanimados, os membros da comissão voltaram com 
a resposta: "não encontramos nenhum honesto, mas encontramos um Ernesto". E foi 
assim que o general Ernesto Geisel teria chegado à presidência da república. 

      Se havia corrupção ou não nos governos militares, não se sabe. Impossível 
não é, mas nunca vai se saber ao certo como, quanto e quando ela aconteceu, 
pois na época a imprensa estava amordaçada e a maioria dos personagens acusados 
já está morta. 

      De toda forma, a piada vale para os dias que correm, diante dessa pletora 
de denúncias, desse prende e solta que virou rotina e deixa o cidadão tonto, 
sem saber o que existe de real e o que é pirotecnia. Embora seja impossível não 
reconhecer que nunca, em governo algum, a Polícia Federal e o Ministério 
Público atuaram com tanta firmeza no combate aos crimes contra o patrimônio 
público. E não têm livrado a cara de peixes graúdos, como empresários, 
políticos, juízes, advogados, lobistas, etc. 

      Mas o cidadão comum quer entender o que se passa verdadeiramente. Afinal, 
é o dinheiro dele que paga toda essa gente: o pessoal da PF, os funcionários do 
poder judiciário, os parlamentares, etc. O raciocínio é muito simples: se a PF 
oferece uma denúncia pública contra determinado grupo de políticos e 
empresários e a justiça manda soltar a todos, ou a polícia cometeu um grave 
erro de investigação ou a justiça está protegendo os acusados. 

      Por outro lado, qualquer pessoa de bem que tem seu nome enxovalhado 
publicamente sem razão, vai até o fim para punir aquele que lhe acusou 
injustamente. No Brasil, fica tudo por isso mesmo. 

      Veja-se o caso Renan Calheiros, que teve sua vida pessoal esmiuçada na 
mídia. Seus pares, que chegaram a admitir sua cassação, agora já falam em 
“arquivamento” do processo contra ele. É incrível como as coisas mudam de uma 
hora para outra. Ou são muito levianos ou o “esprit de corps” falou mais alto e 
calou a boca da turma do Senado. E ele se diz absolutamente "tranquilo".

      Turminha esperta que enquanto se fecha em torno de seu presidente aumenta 
o próprio salário em 28,5%, com cláusula de retroatividade a primeiro de abril. 
Ou seja, ainda pegam dois meses de atrasados. Que farra, hein? 

      E aí, leitor (a), você vai aderir à campanha “procura-se um honesto?” O 
perigo é encontrar-se outro Ernesto. 

     

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