Caro Marco Aurélio,

Marco Aurelio Neves Lima de Almeida escreveu:
Caro Amilcar:
Acompanho, desde 2002, a questão das urnas. Pude ver, na Paraíba em 2002, como essas urnas são inseguras durante a eleição em Campina Grande. Lá, todas as urnas foram manipuladas, durante meia hora, na madrugada do dia da eleição- conforme laudo de um professor da Escola Técnica Federal da Paraíba.Foi um escândalo. Também houve um caso estranho com as assinaturas eletrônicas das urnas (acho que é isso), pois elas não conferiam com as que vinham do TSE (gostaria que você me esclarecesse esse problema, pois foi um amigo que trabalhou como observador que me relatou esse caso).
Boa sorte!
Marco Aurélio Neves Lima de Almeida


Em 2002, sobre os programas de computador das urnas eletrônicas eram calculados 
um valor de controle de alterações, chamado de HASH, que a grosso modo deveria 
servir para se fazer verificações de integridade, ou seja, se os programas 
carregados nas urnas eram os originais ou se tinham sido modificados.

O processo todo tinha falhas pois a verificação era feita pelo um programa 
verificador da própria urna que acabava emitindo um certificado de 
auto-indulgência nada confiável. Mas podia detectar alterações feitas em algum 
arquivo que não o próprio programa verificador.

Quando estes arquivos das urnas eram produzidos no TSE em Brasília, era 
calculados seus Hashs e, por minha exigência, os fiscais dos partidos recebiam 
cópias impressas assinadas destes numeros HASH imediatamente. Estes eram os 
valores oficiais e válidos.

No dia da carga das urnas era possivel se escolher algumas delas para disparar 
o programa verificador e conferir os valores que eram impressos numa tira de 
papel com a lista impressa recebida no TSE.

No primeiro turno eu não soube de nenhum problema.
Mas no segundo turno, o partido para o qual eu trabalhava, o PDT, ficou de fora 
e não me mandou ao TSE acompanhar os preparativos dos programas. Os fiscais dos 
partidos que foram lá não tiveram o cuidado de exigir a nova cópia impressa dos 
hashs válidos (provavelmente não tinham a menor idéia pra que aquilo servia) e 
deixaram que o TSE publicasse estes valores na Internet, ficando sem prova dos 
valores oficiais.

No dia da carga do segundo turno em Campina Grande, um assinante do Fórum do 
Voto-E, o Hebert, que tinha entendido o sistema, resolveu fazer a conferência 
dos Hashs pegando os valores publicados na Internet pelo TSE.

Para a sua surpresa, deu diferença!

As "assinaturas" de vários arquivos das urnas de Campina Grande estavam 
adulterados em relação ao valor oficial publicado no site do TSE. Fez constar em ata que 
havia diferença, mas o juiz, malandramente, em vez de escrever quais eram as diferenças, 
disse apenas que o representante do PMDB alegava divergências!

O Hebert imediatamente comunicou no Fórum do Voto-e e me enviou cópia xerox do 
comprovante impresso pela urna com os valores dos hashs diferentes dos 
publicados na internet. Botamos a boca do trombone e o que aconteceu em seguida 
foi vexaminoso.

Lá no TSE, 3 horas depois, eles alteraram os valores no site para que ficassem de acordo com o encontrado nas urnas de Campina Grande.
Isto era irregular, o que devia valer era o valor inicial calculado em Brasília 
e não um novo valor recalculado depois. Mas como os fiscias idiotas que 
estiveram lá em Brasília não pegaram a cópia impressa dos hash válidos, não se 
tinha como provar a fraude que os técnicos do TSE fizeram.

Nesta troca dos valores republicados na internet ainda continha um erro e houve uma segunda troca. Eu tenho cópia dos 3 arquivos de valores dos hashs publicados no site do TSE naquela ocasião, no segundo turno de 2002, mas como não é material impresso, o TSE não reconhece como prova (de sua própria fraude) e, na maior cara de pau, diz que vale o último valor publicado.
Obviamente, se fosse para ser honesto, o que deveria valer era o primeiro 
publicado que fora produzido na frente dos fiscais dos partidos. Mas 
honestidade e transparência não é o caracteriza aquele pessoal.

Mais tarde, em processo do PMDB contra o resultado da eleição, foi apresentado 
um memorando interno entre técnicos do TSE e do TRE-PB onde reconheciam que 
havia diferença e se dava orientação para tentar esconder isto dos fiscais dos 
partidos.

Apesar disto tudo, os juizes do TRE "interpretaram" que não havia sinais de 
fraude nas urnas-e que eles mesmo administravam e ofereciam para o eleitor votar e 
negaram o pedido para fazer perícias nas urnas!!!

Acredita nisso? O valor de verificação de integridade dos arquivos das urnas 
acusaram alterações e os juizes, responsáveis pelas urnas, em vez de mandar 
fazer uma perícia, alegaram que este fato era irrelevante!!!

Nada como ser juiz em processo no qual também se é o réu, não é?

O candidato a governador derrotado recebeu um cargo federal no govervo Lula e não recorreu.
A coisa ficou por isto mesmo... deu em pizza..... ou foi em caldinho de macunim?

[ ]s,

Amilcar Brunazo Filho

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