21/12/00 18:23:00 Internet:
Java ou Windows?
Infoworld/EUA
Yager: No meio do barulho
do julgamento antitruste da Microsoft, dos vírus de e-mail do Outlook
e da apresentação da .NET, a Microsoft entregou o Windows 2000 Server.
Ele passou despercebido, principalmente graças à ausência de um
marketing eficaz da companhia. Este novo sistema operacional inclui um
conjunto completo de facilidades de middleware corporativas:
transações, objetos distribuídos, um banco de dados robusto e
messaging garantido. Aliado ao servidor Web Internet Information
Server (IIS) e à uma facilidade de scripting poderosa, o middleware do
Windows 2000 arredonda um ambiente poderoso para aplicações
corporativas. E tudo está incluído no preço do Windows 2000.
Fielden: Talvez seja
verdade que o Windows pode fornecer uma solução abrangente para
implementar aplicações de negócio, mas um dos meus grandes problemas é
que ele o faz de maneira extremamente proprietária. Isso obriga
fornecedores, empresas e usuários finais a se submeterem a um sistema
fechado. Além disso, dado o meu background de arquiteto de sistemas,
tenho um enorme problema com qualquer pessoa que sugira implementar
uma solução restrita a uma plataforma – o PC. Ao contrário do Java 2
Enterprise Edition (J2EE), que permite aos usuários escolherem as
plataformas que fazem sentido para seu negócio, o Windows 2000 elimina
esta escolha e encoraja o conceito de server farming, para deleite dos
fabricantes de hardware e software – cada um buscando uma fatia do
bolo.
Admito que, quando as empresas
estavam no meio da computação cliente/servidor, o Windows, com
freqüência, provou ser a melhor direção estratégica. Mas, na atual era
pós-PC, Java faz um trabalho vastamente superior de se posicionar em
uma base muito maior de dispositivos de consumo e plataformas
servidoras.
A capacidade do Windows 2000
melhorou muito desde os tempos do NT. Mas, infelizmente, o mesmo
aconteceu com as complexidades do produto. Quando se considera o
volume de esforço necessário para fazer serviços obrigatórios como
Active Directory funcionarem, não posso, em sã consciência,
recomendá-lo.
Serviços similares,escolhas
similares?
Yager: O menu de serviços
de aplicações empresariais do J2EE é extraordinariamente similar ao do
Windows 2000. O J2EE não o vence em recursos básicos. O J2EE é Java, o
que é visto por quem já codifica em Java como uma vantagem. Gosto da
Java, mas prefiro escolher uma linguagem para cada projeto, e codifico
para serviços do Windows 2000 usando C++ e JScript.
Fielden: Tendo admitido que
gosta de escolher, por que você recomendaria algo que oferece tão
pouco? Se você observar a popularidade da Java na indústria agora,
seria uma aposta segura suportá-la, especialmente considerando-se que
ela é apoiada por fornecedores como Sun Microsystems, IBM e Oracle,
para citar algumas. Você falou em codificar para serviços do Windows
2000 – qual é a diferença de codificar para a especificação Java? O
uso de serviços do Windows 2000 não proporciona dianteira. Ambos
provêem ao usuário conectividade e capacidade de reutilização.
Você tem que considerar não só o
custo, mas também a disponibilidade de recursos para executar o
trabalho. Eu poderia apostar que, embora um grande número de
desenvolvedores seja qualificado em C++, um número ainda maior é
encontrado no campo Java.
Quanto a mesclar linguagens de
aplicação, você deve observar que as aplicações de negócio escritas
com J2EE podem incluir o uso de funções codificadas em muitas
linguagens que não Java, como C++.
Custos e necessidades de
recursos
Yager: Muito me espanta
que alguém pague US$ 25 mil por CPU para J2EE quando as facilidades
corporativas do Windows 2000 são incorporadas ao sistema operacional.
Tendo em vista que o J2EE é escrito em Java, você precisa de muito
hardware robusto para rodar essas aplicações. Uma licença de US$ 1.800
do Windows 2000 lida com quatro CPUs e 25 licenças clientes, e ele
roda em PC servers velozes e acessíveis. Quanto ao custo a longo
prazo, todos os gastos associados ao Windows são mais baixos:
treinamento, serviço de hardware e suporte a software. Em comparação,
o J2EE é um sorvedouro de dinheiro.
Fielden: Onde você viu o preço
de US$ 25 mil? Consegui baixar o J2EE (de
java.sun.com/j2ee/download.html) e criar uma variedade de aplicações
de negócio que rodam bem em uma multiplicidade de plataformas muito
mais baratas do que o necessário para suportar uma grande corporação
com tecnologias Microsoft.
A afirmação de que J2EE requer
hardware robusto para ter êxito é um mito. Na verdade, se você fosse
comparar ambientes de negócio idênticos com 10 mil ou mais usuários, a
configuração Windows exigiria muito mais hardware, já que os
requisitos de memória e disco são mais altos para Windows do que para
J2EE.
Em termos de habilidades, quem
pode codificar para Java também pode codificar para a especificação
J2EE. O Windows 2000 demanda grande conhecimento do sistema para
fazê-lo funcionar corretamente. Além disso, a mudança de estratégia de
objetos da Microsoft do seu próprio COM (Component Object Model) para
o SOAP (Simple Object Access Protocol) causará grandes dores de cabeça
para desenvolvedores e para empresas que investiram muito em COM.
Segundo um relatório recente do Gartner Group, o COM da Microsoft não
deve mais ser visto como uma estratégia viável.
Dianteira do
J2EE
Yager: O Windows 2000 é
baseado em tecnologias da versão 4.0 do Windows NT e existem muitos
desenvolvedores de Windows experientes. Infelizmente, a maioria
desconhece os novos serviços corporativos do Windows 2000. A Microsoft
tem se mostrado lenta no processo de disseminar sua mensagem
corporativa. Na verdade, na Professional Developers Conference deste
ano, a empresa focou totalmente a .NET. Acho que isso dá à Sun um
período de um a dois anos para estabelecer o J2E. O J2EE pode até
ganhar presença, no espaço Windows, entre aqueles que não percebem que
serviços comparáveis já estão no sistema operacional Windows 2000.
Fielden: Tom, nós dois sabemos
que o J2EE já está bem estabelecido no mercado. O fato é que mais de
50% do código do Windows NT foi substituído para criar o Windows 2000,
o que representa uma barreira educacional enorme para os
desenvolvedores.
Eles também vão precisar de
tempo para aprender sobre a ..NET (SOAP e C#). É um custo imenso e um
dreno de tempo para as empresas que estão tentando ser competitivas na
Nova Economia. A mudança da Microsoft de COM para SOAP é que dará
dianteira ao J2EE. Além do mais, estamos passando para a computação
baseada na Internet, para a qual o J2EE é muito mais adequado.
Quem é
devorador?
Yager: O J2EE merecia
constar do Guinness, livro dos recordes, por ser o maior devorador de
CPU e memória do mundo. Um servidor Sun de US$ 75 mil mal seria
adequado para o J2EE. Os serviços do Windows 2000 são escritos em C++
e executam com rapidez e suavidade em hardware muito mais barato.
Quanto a estabilidade, administradores experientes podem criar
servidores Unix, Linux e Windows que funcionem sem parar. Os gerentes
de informática, tradicionalmente, estão mais dispostos a gastar
dinheiro com sistemas para administração do Unix, pensando que quem já
usou o Windows pode operar servidores Windows corporativos. Está
errado, e alimentou o mito de instabilidade do servidor da Microsoft.
Servidores Windows infalíveis são uma realidade; você só tem que saber
como criá-los.
Fielden: Tom, tive que
rir quando li seu comentário sobre os requisitos para rodar aplicações
J2EE, já que o uso para rodar aplicações de negócio em hardware de
menos de US$ 5 mil, e não percebi degradação na performance vs.
configurações high-end rodando as mesmas aplicações. Seu argumento é
mais apropriado para aplicações de negócio empresariais rodando na
plataforma Windows. Todo mundo sabe que o Windows é um glutão de
recursos de hardware.
Talvez você possa criar um
ambiente de servidor Windows estável, mas o fato é que, com o correr
dos anos, a Microsoft relaxou nos esforços de desenvolvimento. O
código Windows está cada vez maior e mais complexo.
Objetos
concorrentes
Yager: Lembre-se de que a
Sun tirou a Java da trilha dos padrões. A Sun usou seu monopólio de
Java para corrigir taxas de licença ridiculamente altas para o J2EE.
Fora isso, Sun e Microsoft têm abordagens similares para a abertura.
Ambos cortejam os desenvolvedores ativamente, e esses criam muitos
aprimoramentos para Java e Windows disponíveis comercialmente e
gratuitos. A dianteira de padrões da Sun está no uso de CORBA como uma
camada de objeto pelo J2EE. A Microsoft escolheu o SOAP, muito mais
fácil de codificar e gerenciar do que o CORBA. Mas CORBA tem um
séquito de adesão enorme – a Microsoft, definitivamente, está lutando
para se recuperar com os padrões de objetos.
Fielden: Tom, você tem
uma visão interessante das coisas. A Sun não detém monopólio sobre
Java. A Microsoft optou por afastar-se da comunidade Java quando
descobriu que não poderia controlar o mercado. Em termos de abertura,
não há comparação entre Windows e Java, já que o primeiro é fechado e
está passando para o status de legado devido à mudança para a era
pós-PC. O último é muito mais aberto e alinhado com tecnologias de
Internet.
Os únicos “aprimoramentos”
disponíveis gratuitamente que vi vieram da comunidade de
desenvolvimento Java. Admito que CORBA e COM sejam igualmente difíceis
de lidar e não consigo ver como um seja mais fácil do que o outro. A
Microsoft tem que tomar cuidado na iniciativa de passar de COM para
SOAP. O problema é alienar muitos desenvolvedores que dedicaram tempo
e empenho a aprender COM.
Além disso, SOAP não pertence só
à Microsoft. É um padrão e outros fabricantes estão muito à frente na
tarefa de implementá-lo de uma maneira realmente aberta. A IBM, por
exemplo, liberou-o para a comunidade open-source. Os desenvolvedores
de Java também podem beneficiar-se facilmente de SOAP se eles
quiserem.
|Computerworld - Edição 334 - 18/12/2000|
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