Caro João,

Eu já li alguns lógicos de outros séculos protestando contra a ideia de
modalidade e afirmando que no fundo tudo não passava de mais predicados para
a lógica de predicados que já havia. Então, essa posição de reduzir lógicas
modais a uma lógica não-modal é velha.

Por outro lado, já faz muitos anos que Dugundji provou que não há uma matriz
finita característica de S5. Também, já faz muito tempo que se sabe que os
sistemas de Lewis são indiscerníveis sintaticamente, que é preciso
considerar uma semântica (de mundos) para os diferenciar. Esses resultados
são velhos e não creio que alguém os consiga derrubar. De forma, que eu não
falaria tanto em revisionismo.

Se, por outro lado, colocarmos a lógica modal dentro de uma tradição de
lógicas intensionais, então há menos motivos para falar revisionismo.
Segundo consta, a lógica de Port-Royal já propugnava, com outros termos, a
distinção entre intensão e extensão. É muito provável que essa distinção já
existisse antes.

Enfim, não há uma definição de "modal" ampla ou universalmente aceite. Mas,
em se conhecendo o background filosófico por detrás, sabe-se do que se trata
(ou, como diriam outros, do que "se agita").

Em 14 de outubro de 2011 18:43, Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu:

> > Da minha parte, também creio que não podemos perder o espírito geral por
> > detrás do arcabouço dos sistemas modais: fazer lógica modal consiste em
> > primeiro pensar nos modelos, nas relações e nas suas propriedades e
> depois
> > encontrar ou construir os axiomas, as regras de inferência, enfim, como
> > diria o Chellas, os esquemas correspondentes.
>
> Este "espírito geral" sobre o qual você insiste é _revisionista_, Tony.
>
> Não discordo que seja maravilhoso pensar na lógica modal a partir de
> sua semântica relacional, ou a partir de sua semântica de vizinhança.
> Mas não foi assim (fato histórico) que os axiomas modais nasceram.
>
> De todo modo, a lógica como relação de consequência pode ser definida
> independentemente desta interpretação "modal" particular.
>
> Por outro lado, há até quem defenda, como Jean-Yves, que a lógica
> modal não é mais do que o "estudo dos operadores unários".  Esta
> proposta particular, contudo, tem dois defeitos que me parecem graves:
> desconsidera operadores modais n-ários, e não explica "o que é ser
> modal" do ponto de vista da Lógica Universal.  De uma maneira ou de
> outra, é verdade que a maior parte da literatura sobre lógica modal
> não define "o que é ser modal", do ponto de vista lógico.
>
> Joao Marcos
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