Joao Marcos <botoc...@gmail.com> escreveu: > [...] > >> O interessante é que Heinrich Scholz, elogiado por Fraenkel nas >> referidas memórias e amigo próximo de Fraenkel até a sua morte, > > Estranho, sem dúvida, que eles fossem tão amigos. Eu não sabia. Como > disse anteriormente, não li muita coisa de pessoal do Fraenkel, ou > sobre o Fraenkel, além deste texto.
Pois é. No trecho das memórias que você indicou, Fraenkel anuncia que vai falar sob Otto e Scholz, mas essa parte foi cortada e não aparece no trecho. Ambos os teólogos são lembrados de forma elogiosa no seu livro de memórias. Scholz é um caso peculiar, pois há relatos aparentemente contraditórios a respeito da relação dele com os nazistas: alguns relatam simpatia, ou, pelo menos, tolerância, com relação a NSDAP, principalmente antes da ascensão do partido ao poder; outros relatam que Scholz era um dos poucos com os quais se pudesse conversar francamente e criticamente sobre a NSDAP durante o auge do nazismo. Conta-se também que a intervenção de Scholz teria sido decisiva no resgate de um certo discípulo de Łukasiewicz (Salamucha) dos campos de concentração, tendo ele inclusive corrido riscos pessoais por fazê-lo. Eckart Menzler-Trott escreve que "Scholz war anfänglich ein starker Sympathisant des Nationalsozialismus [...]" mas que, contudo, "[...] aus seiner protestantischen Theologie schöpfte er ---im Gegensatz zu seinen Kollegen Emmanuel Hirsch und vielen anderen--- die Kraft gegen den Nationalsozialismus." > Aparentemente o idiota do Bieberbach não era tão dogmático com relação > ao que aceitava publicar na sua revista? Ou o alinhamento ideológico > lhe era mais caro do que o alinhamento matemático? Vai saber. Pelo pouco que sei a respeito, tendo a concordar com o diagnóstico do Courant: o sujeito parecia ser meio desmiolado. >> Vale lembrar que algumas coisas ali são mesmo controversas. Quando >> se trata desse tipo de assunto, as coisas nunca são tão preto no >> branco. Em geral, intelectuais e acadêmicos são comumente desligados >> de questões políticas e são facilmente manipuláveis ideologicamente, >> isso quando não são ativamente oportunistas. Os poucos que arriscam >> arregaçar as mangas nesse quesito, pagam muitas vezes um preço caro >> em termos de suas carreiras, e podem mesmo acabar na cadeia (como >> aconteceu com Bertrand Russell e Michael Dummett). > > Hilbert não parece ter sido uma figura muito desligada das questões > políticas... Não conheço muito da biografia de Hilbert, mas a impressão que tenho é que ele era bem engajado quando se tratava de questões políticas que afetavam o meio acadêmico. Não obstante, intelectuais que se engajam ativamente em questões políticas de interesse geral como anti-militarismo (Bertrand Russell) ou racismo (Michael Dummett) são bem mais raros. > Por acaso, o que vinha à minha mente enquanto eu lia sobre isto era a > história dos EUA, país que faturou cerca de 40% de todos os prêmios > Nobel da história. Destes, 31% foram dados a cientistas que não > nasceram lá. O recrudescimento do nacionalismo e da xenofobia, nos > EUA e fora de lá, pode vir a causar danos nesta fronte, e em várias > outras. Eu pensei algo similar... -- Hermógenes Oliveira -- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "LOGICA-L" dos Grupos do Google. Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para logica-l+unsubscr...@dimap.ufrn.br. Para postar neste grupo, envie um e-mail para logica-l@dimap.ufrn.br. Visite este grupo em https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/group/logica-l/. Para ver esta discussão na web, acesse https://groups.google.com/a/dimap.ufrn.br/d/msgid/logica-l/87zihowmta.fsf%40camelot.oliveira.