Salve, Valéria, e demais.

Bem, a memória do ser humano é falha, como sabemos, mas talvez convenha 
compartilhar mais algumas recordações da conversa, pois foi muito 
instrutiva para mim à época.

O grupo vinha organizando "MANELS" mais por omissão ou acidente do que por 
convicção. Com as reclamações em 2015, ficou meio que acordado que este 
fator seria considerado de modo mais contundente na organização de eventos 
posteriores. Entretanto, **não** foi colocado um embargo em "MANELS", 
embora evitar "MANELS" tenha sido promovido para um dos fatores de maior 
peso.

Minha única contribuição para a conversa, pelo que me recordo, foi 
compartilhar o relato de uma jovem pesquisadora de destaque, com a qual 
esbarrei num evento de lógica, quem lamentava estar sendo inundada por 
convites. Como ela considerava a causa justa, sentia-se pressionada a 
aceitar os convites, porém já estava ficando "farta de eventos e 
conferências" e sentia-se meio que usada como espécie de trunfo anti-MANEL.

É costumeiro julgar um evento, principalmente na fase inicial de 
organização, por meio da notoriedade do painel de palestrantes convidados. 
Junte-se a escassez de mulheres na área com outros fatores como conflitos 
de agenda, falta de entusiasmo por viagens transoceânicas e etc, e a tarefa 
de se evitar um "MANEL" pode se tornar bastante melindrosa. De fato, foi 
mencionado que alguns dos "MANELS" organizados anteriormente foram 
acidentais, isto é, mulheres foram inicialmente convidadas (não como medida 
consciente de evitar um "MANEL"), mas recusaram por razões diversas.

Por estas e outras razões, fixou-se o entendimento de que se evitar 
"MANELS" a todo e qualquer custo, não seria proveitoso. Por exemplo, numa 
suposta situação logística desesperadora, esgotadas as opções razoáveis, 
não seria propício (e talvez fosse mesmo ofensivo) estender convites a 
pessoas apenas longinquamente relacionadas com a temática do evento, de 
modo que ficasse patente que a pessoa estava sendo convidada *única e 
exclusivamente* por causa do seu gênero. Felizmente, parece que este tipo 
de situação hipotética se mostrou bem menos factível do que se antecipava. 

Enfim, as reclamações em 2015, além de não gerarem qualquer desconforto 
(pelo que me recordo), suscitaram mudanças positivas. Portanto, creio que 
ainda pode valer a pena reclamar, sim. Também acho razoável, contudo, 
adotar cautela ao atrelar malícia, ou um posicionamento consciente sobre o 
desequilíbrio de gênero na área, com base **apenas** na organização de um 
evento com "MANEL". Claro, independente das razões por traz do "MANEL", 
seja por fatores incontornáveis de logística organizativa ou simples 
obtusidade, reclamar é sempre legítimo e, eu diria, necessário.

Cordialmente,

--
Hermógenes Oliveira

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