Comentando o
Evangelho(1) O ABSOLUTO DO
REINO
O centro de convergência da parábola
do tesouro escondido e da pérola preciosa encontra-se na decisão do
agricultor e do comerciante, de desfazer-se de todos os seus bens para
adquirir o bem encontrado, por ser sobremaneira precioso. O bom senso
mostrou-lhes a conveniência de investir tudo na aquisição do bem maior. A
perda redundaria em ganho, a loucura revelar-se-ia sabedoria.
Assim comporta-se o
discípulo em relação ao Reino. Sua descoberta leva-o a redimensionar toda
a sua vida, dando um sentido novo a cada um de seus aspectos,
subordinando-os ao absoluto do Reino. O discípulo predispõe-se a qualquer
sacrifício. Nada lhe parece demasiadamente pesado, quando se trata de
colocar o Reino e seus valores no centro de sua existência.
O discípulo vê-se confrontado com a
responsabilidade de fazer uma opção que revolucionará toda a sua vida. Nem
sempre estará seguro do passo que deverá dar. Daí a possibilidade de se
deixar levar pelo medo e pela incerteza. A convicção do discípulo, ao
tomar esta decisão, dependerá do modo como foi tocado pelo Reino. Quanto
mais profunda for a experiência tanto mais seguro estará o discípulo. Uma
experiência superficial dificilmente levará a uma opção radical. Aí se
revela quem, de fato, fez-se discípulo do Reino.
SANTO
AFONSO MARIA DE LIGÓRIO(2)
Hoje
veneramos mais um gigante na santidade e na fecundidade de obras, no seio
da Igreja: Santo Afonso Maria de Ligório, bispo, escritor, poeta,
musicista, Doutor da Igreja, fundador de uma das mais ativas e numerosas
congregações religiosas: os Padres Redentoristas.
Afonso
nasceu perto de Nápoles, Itália, em 1696, primogênito da nobre. família
dos Liguori. Do pai herdara uma vontade férrea, inteligência viva e
perspicaz, enquanto que a mãe plasmou seu coração para a fé e a bondade.
Seu pai destinou-o aos estudos das artes liberais, das ciências exatas,
das disciplinas jurídicas, conseguindo Afonso rápidos e surpreendentes
progressos. Aos dezesseis anos doutorou-se em direito civil e eclesiástico
e começou a colher louros e triunfos no foro. Seu pai sentia-se orgulhoso
do brilhante futuro que se abria ao filho Afonso e já tinha preparado uma
noiva, rica e nobre que lhe fosse companheira na vida. Mas Afonso
acalentava ideais muito superiores.
Jovem
e brilhante advogado, tinha uma vida espiritual muito intensa: todos os anos fazia os exercícios
espirituais. Além da piedade, da ciência, cultivava também a poesia e a
música: deleitava-se em ouvir as obras de música clássica e, ele próprio,
compunha e musicava hinos religiosos.
Como
advogado, já de renome, recebeu uma causa de grande importância do Duque
Orsini para defender, contra outro príncipe. . . mas, quando tudo parecia
vitória, eis que por um imprevisto teve um revés. Então, Afonso decidiu
abandonar definitivamente a advocacia, para dedicar-se às causas mais
nobres na seara evangélica. Completou os estudos de teologia e foi
ordenado sacerdote aos trinta anos. Esta mudança custou-lhe renhidas lutas
com o pai, que não podia conformar-se com a escolha feita pelo filho,
renunciando aos títulos de nobreza e à rica herança da família.
Desde
então Afonso colocou suas altas qualidades de ciência e .de oratória a
serviço de Cristo, dedicou-se sobretudo à pregação, com o lema: "Deus me
enviou a evangelizar os pobres". Vários fatores forçaram Santo Afonso a
dar início a uma fundação de sacerdotes pregadores, que veio a chamar-se
"Congregação do Santíssimo Redentor ou Padres Redentoristas". Esta nova
família religiosa dedicavase à pregação de retiros, de missões
populares, sobretudo, em favor das classes mais pobres, nas aldeias
espiritualmente mais carentes. .
A
frente dos seus sacerdotes, Afonso percorreu cidades e vilas do sul
da Itália, convertendo
pecadores, reformando costumes, santificando famílias. Mais do que sua
palavra, pregava seu exemplo de virtude, de penitência, de caridade e de
santa inocência. O Papa forçou Afonso a aceitar a sagração ao episcopado
em Santa Agueda dos Godos, que ele pastoreou por 13 anos com sabedoria,
zelo e firmeza, cuidando sobretudo da formação do clero.
Homem
de ação vigorosa, Afonso foi também prodigioso escritor: deixou 120 obras,
que tratam dos assuntos mais variados: tratados de teologia moral, em que
Afonso foi mestre incomparável; livros de espiritualidade, meditação,
retiros, sermões, etc. Foi um grande mestre espiritual e Doutor da
Igreja.
Passou
seus últimos anos afastado da diocese e da própria congregação, suportando
sofrimentos físicos e provações morais que acrisolaram seu espírito.
Faleceu
santamente com 91 anos de idade, no dia 1º de agosto de 1787.
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