Office 2007 terá plugin para abertura de documentos ODF no formato OpenXML

:: Luiz Queiroz     :: 10/07/2006

Depois de ter sido pressionada por clientes governamentais, que decidiram adotar padrões abertos em suas suítes de escritórios, mas não conseguiam a interoperabilidade com os seus programas, a Microsoft acabou cedendo, e agora anunciou que passará a apoiar o desenvolvimento de plugins que assegurem, já na versão 2007 do Office, a leitura de documentos redigidos em ODF (Open Document Format), no formato OpenXML.

Inicialmente, a Microsoft começou o desenvolvimento do OpenXML em contraponto ao ODF, criado pela OASIS (Organization for the Advancement of Structured Information Sandards), que tem o apoio de defensores do software de código aberto e já foi suportado pelo OpenOffice.org e pelo KOffice.

Porém, em meio a essa briga da Microsoft com a comunidade do software livre, os clientes governamentais passaram a buscar plugins para garantir, independentemente da vontade da multinacional, a interoperabilidade com o Office. Pressionada, a empresa de Bill Gates recuou, até porque não conseguiu ainda aprovar o seu padrão OpenXML na Europa, e agora anuncia mundialmente que apóia a criação de um conversor que está sendo desenvolvido pela comunidade do software livre e o disponibilizará, sem custo algum, na versão 2007 do Office.

O anúncio mundial foi feito na quinta-feira pela companhia e no Brasil ocorreu durante o seminário sobre Formatos de Documentos Digitais, realizado pela Câmara dos Deputados. Na ocasião, o gerente-geral para a Estratégia e Padrões de Documentos da Microsoft Corporation, Alan Yates, destacou o interesse da empresa em adotar um conversor, no sentido de garantir a criação de um padrão mundial de leitura de formatos de documentos digitais.

Na prática isto signfica que a versão do Office 2007 terá um plugiin que permitirá aos programas Word, Excel e PowerPoint aceitarem documentos redigidos no formato ODF (Open Document Format), através do formato OpenXML.

Indagado sobre o porquê da Microsoft não suportar diretamente o ODF, o assessor da Microsoft Brasil, Raimundo Nonato, explicou que o Open Document Format não é compatível com o legado de versões anteriores do Office, o que iria prejudicar os clientes destas soluções.

"Os governos de uma maneira geral são suscetíveis a padrões. Vários governos vinham anunciando que iriam suportar o ODF como um dos padrões a serem utilizados (Brasil também). A nossa decisão de suportar por intermédio desse tradutor é facilitar a decisão dos governos de ter uma opção", destacou Nonato.

No Brasil, o carro-chefe desse movimento em favor da interoperbilidade foi o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), que não apenas anunciou que iria adotar o ODF, como também alertou a Microsoft que iria aceitar os plugins que pudessem garantir a interoperabilidade com o Office.

"Então, na medida em que os nossos clientes governamentais davam uma solução que poderia ser atendida com o ODF, mas pela complexidade necessitavam do nosso formato, nós resolvemos abrir, independentemente do mercado ter anunciado que iria oferecer esses conversores", explicou o executivo da Microsoft Brasil.

O recuo da Microsoft de querer impor ao mercado o OpenXML como formato oficial e único para leitura de documentos redigidos em programas de código aberto, no Office 2007, começou a ser decidido pela empresa depois que o Gartner constatou que haveria 70% de chance de o OpenXML ser rejeitado pela ISO. O órgão já tinha aprovado o Open Document Format como padrão mundial para documentos representados em XML, e seria muito difícil para a Microsoft aprovar a sua versão nessa disputa. O Gartner chegou a prever que em quatro anos o ODF seria exigido por pelo menos 50% do mercado governamental e 20% das organizações comerciais.

"O momento é muito importante, já que governos de diversos países também estudam propostas para padronizar a formatação de documentos digitais de texto. As decisões são importantes pois está em discussão o lançamento de produtos dentro de um mercado de bilhões de dólares", disse o chefe da assessoria do Centro de Informática da Câmara dos Deputados (Cenin), Sérgio Falcão, durante o Seminário sobre Padrões de Documentos Digitais.


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