Omar,

> Esses chips têm duas finalidades alegadas atualmente:
> 
> 1- suposta utilidade médica, pois conteria os dados do 
> paciente, remédio que toma, etc;
> 
> 2- monitoramento mesmo. Segundo se sabe já há algumas dúzias 
> de figuras ilustres que utilizam-no contra seqüestros por exemplo.
> 
> Procure por Verichip no Google. É de assustar.

Assutador? Talvez... esses chips podem soar novidade, mas nem o são.
Já somos marcados de várias outras maneiras, muitas com o nosso
consentimento, disfarçadas de outras formas. 

Exemplo trivial: o cartão de fidelidade do supermercado. Eles não
estão terrivelmente interessados em nos dar pontinhos pra depois
trocarmos por "prêmios" de queima-de-estoque. Você provavelmente
sabe que o que eles realmente querem é atrelar nosso nome ao que a
gente compra, para que eles possam estudar nossos hábitos de consumo
e ajustar os preços de acordo. O desconforto recorrente de perceber
que cada vez que a gente vai "fazer a feira padrão" no supermercado
ele sai ligeiramente mais caro é um resultado direto disso.

Rastreamento por chips soa assustador?  Muitos de nós já carregamos
hoje chips que nos rastreiam. Ele costuma ser conhecido pelo nome de
"telefone celular." Algumas empresas de telecom já demonstraram a
capacidade de localizar com razoável precisão a área em que você
está baseado na triangulação dos sinais do seu celular. E, naturalmente,
se alguém colocar (ou já tiver colocado) algum chip no celular para
facilitar sobremaneira esse processo, acho que vai demorar um pouco
para alguém notar.

Rastreamento por chips soa assustador? Nem tanto se você está assustado
com outras coisas, como seqüestros. Parece-me que a maioria das
pessoas cede com prazer sua privacidade por qualquer promessa vã de
segurança. Ao meu ver, para a maioria das pessoas, privacidade não
está nem perto do topo da lista de prioridades.

Sob esse prisma, esse chips e os tão falados RFIDs podem ser encarados
apenas como o próximo passo lógico/evolutivo.

Não me entendam mal. Não sou tecnófobo. Bem ao contrário. Queria
só ilustrar que o que nos parece assustador pode, para outros ou
até para nós mesmos em um outro momento, soar perfeitamente normal,
especialmente se vier "no pacote" junto com alguma conveniência
inegável, tal como falar com alguém à distância sem fios ou pelo
mero ato de sair da loja nossa conta bancária já seria debitada
com o que levamos da loja (eu mesmo ia adorar... odeio filas!)

O que isso tem a ver com software livre? Se dependesse de mim,
haveria alguma maneira da gente especificar e exigir que os
dispositivos só façam aquilo que a gente quer e nada além do que
a gente quer. Isso envolveria soluções técnicas e políticas...
e seria bem mais fácil se o software (e o hardware... e muitas
outras coisas do aespecto humano) fossem abertos.

Utopia? Talvez. Provavelmente, até. Mas eu também não achava,
há 10 anos atrás, que o movimento de software livre fosse tão
longe tão rápido. Se eu errei naquela previsão, quem sabe não
posso estar errado nessa? :)

-K.

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