Notícias - Observatório Educação: Tecnologia obsoleta para o Brasil Por Raquel Moraes - 27/11/2006 04:16 Tema: História da Informática na Educação no Brasil Embora publicado no ano passado, a crítica de Roberto Aparici ao que ele chama de Laptop dos Pobres, segundo afirma, se mantém. RM
--------------------------------------------------------------------- Recentemente, estiveram no Brasil Seymour Papert e Nicholas Negroponte, famosos pesquisadores do MIT dos Estados Unidos, para falar e propor o uso de computadores antigos para o projeto Computador para todos, parte da política governamental voltada para a inclusão digital no Brasil. No entanto, o que eles não falaram é que estas tecnologias já não são mais usadas por ninguém nos Estados Unidos e nem na Europa, uma vez que são tecnologias obsoletas em função da configuração que está sendo proposta, que não possibilita fazer quase nada em termos de desenvolvimento da sociedade do conhecimento no Brasil. Na verdade, Negroponte e Papert só servem para dar prestígio ao projeto. Eles são somente a marca de um produto: o MIT, o mesmo instituto onde eu colaborei e que é considerado o melhor do mundo nesta área. Papert é imprescindível para os usos das tecnologias com uma teoria construtivista da aprendizagem, e Negroponte para falar sobre o futuro digital. Mas eles não são os especialistas apropriados para falar sobre software livre no ensino a distância. Seria também necessário convidar pessoas como Richard Stallman, um dos gurus do software livre e para a democracia digital. Mas Stallman é um outsider pouco conhecido pela academia e pelos políticos. A vinda deles foi uma estratégia de marketing para prestigiar o projeto Computador para todos, que busca vender cerca de dois milhões de computadores nos próximos anos. Uma operação semelhante ao projeto do Ministério de Educação da Argentina que pouco tem a ver com a inclusão digital e muito com a venda em grande escala de equipamentos, sendo que lá, ainda por cima, com softwares proprietários. No entanto, a filosofia comercial é quase a mesma: muito negócio e poucas mudanças no ensino e no mundo digital! O software livre é necessário e imprescindível para um uso democrático da tecnologia de software livre contra o monopólio de outros sistemas operacionais. O uso de software livre é um tema que deve ter todo o apoio dos organismos e cidadãos. Mas, para que esse sistema tenha um mínimo de operacionalidade, não podemos pensar em máquinas como as que estão sendo especificadas. A questão principal continua sendo como configurar um computador que possa ter utilidade no ano 2006 ou 2007 com as características até aqui apresentadas. Será que, então, o programa Computador para todos já começa sendo um projeto antigo?! A configuração proposta é semelhante àquela usada em 1995 na Europa e nos Estados Unidos e que, agora, são o lixo tecnológico do Primeiro Mundo. Com esses computadores, não se pode ter acesso aos programas mais atualizados e, por isso, quase nenhum jovem dos Estados Unidos ou da Europa usa um equipamento dessa geração. Assim, para as empresas, esse é bom um negócio que permite vender aquele lixo tecnológico já que, se não conseguirem vender para algum país, terão que gastar muito para tirar o lixo tecnológico do mercado do Primeiro Mundo. A venda dos computadores no Brasil é um bom negócio para as empresas e muito ruim para o futuro digital do Brasil. O projeto Computador para todos necessita desenvolver ainda um plano de formação para todos os setores da sociedade, deixando muito claro a todos que, nem tudo é, apenas, uma questão de tecnologia. Para que uma tecnologia se não se sabe o que fazer com ela? Se vão utilizar computadores obsoletos, tudo bem. Se vão utilizar software livre, ótimo! Mas o que se pode fazer com uma tecnologia se as pessoas não conhecem como esta tecnologia pode mudar suas vidas? Como saber se estas tecnologias podem melhorar a qualidade de vida e podem gerar novos empregos? Uma última questão que se pode pensar sobre a criação do projeto Computador para todos é: se tudo que é bom para os Estados Unidos e Europa é bom para Brasil, então por que não usar o software livre com a mesma configuração que se usa nos computadores de lá? * O professor visitante na FACED é especialista em Educação a Distância (EAD) e computação para a educação na Universidade de Educação a Distância (UNED) da Espanha. Fonte: Laboratório de Políticas Públicas, 03/08/2005 Link: http://www.lpp-uerj.net/olped/exibir_opiniao.asp?codnoticias=3149 Cris Camboim Matemática - UFRGS Mestrado em Tecnologias Educacionais - UnB --------------------------------- Yahoo! Acesso Grátis - Internet rápida e grátis. Instale o discador agora!
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