Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Tony Marmo
Infelizmente, caro Juan Carlos, com uns e outros praticantes de bullying
entrando nessa lista para ofender as pessoas gratuitamente, o problema do
desrespeito e da perseguição às pessoas fica cada vez maior, de forma que
as medidas com objetivo de combater os estigmas ficam sempre atrás da
realidade perversa. Pessoas que se acham no direito de ofender qualquer um
e não pedir desculpas são equivalentes aos racistas, pois cultuam o ódio
pelo gênero humano e o desprezo pelo próximo. Não basta, nesse caso,
declarar ou deixar de declarar dados, mas os próprios administradores das
várias instituições e instâncias têm de primeiro entender que é dever
irrecusável deles disciplinas quem ofende os demais. O racismo é
essencialmente isto: ofender as pessoas e depois assediá-las, prejudicá-las
etc. O racista ofende e agride mas não se acha no dever de desculpar-se,
alegando mediocremente que é a opinião dele. As pessoas quando não têm
formação ou são mau caráter acham que qualquer agressão delas fica válida
sob esse mesmo argumento. Enfim, é o que acontece: despreparo, falta de
cortesia, falta de caráter, mente medíocre, ignorância, personalidades
deformadas e a omissão de quem compete agir criam esse quadro contra
mulheres, negros, pobres e até acadêmicos.

Em 24 de maio de 2013 15:33, Juan Carlos Agudelo Agudelo 
juca.agud...@gmail.com escreveu:

 Voltando à discussão cor/raça no Lattes, me tomo a liberdade de enviar um
 correio que circulou em outras listas acadêmicas que estão discutindo sobre
 o assunto, e que mostra a posição de alguns cientistas sociais que
 trabalham com o tema da desigualdade social/racial no Brasil.

 #



 From: Marcos Dias Coelho marvind...@hotmail.com
 Subject: [estudosafricanos-ufba] RE: [gtafrica] polêmica sobre inserção no
 CV Lattes da pergunta relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a.
 To: historia-u...@yahoogrupos.com.br historia-u...@yahoogrupos.com.br,
 Pesquisadores Negros pesquisadoresnegrosba...@yahoogrupos.com.br,
 Linha de pesquisa estudosafricanos-u...@yahoogrupos.com.br,
 transdicplinar teia_transdiscipli...@yahoogrupos.com.br, Cristiane
 Unicamp criskaso...@gmail.com, Vine Unicamp 2 vineale...@gmail.com,
 Luando Sito luandas...@gmail.com, Josi Unicamp joseme...@gmail.com
 ,
 Ernenek Unicamp ernene...@gmail.com
 Date: Thursday, May 23, 2013, 7:56 PM



 Ampliando o debate e divulgando...

 From: vanijacob...@gmail.com
 To: gtafr...@googlegroups.com

 Caros colegas da comunidade acadêmica,


 Tem causado polêmica a novidade da inserção  no CV Lattes da pergunta
 relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a. Nosso objetivo é, mais uma vez,
 incentivar o debate em nossa comunidade e tentar avançar algumas questões
 envolvidas tanto na introdução do quesito, como na reação que ele vem
 causando.

 Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item estão
 perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
 norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
 últimos anos. Além disso, queremos destacar, que, embora a resposta ao
 quesito seja obrigatória, há opção para o pesquisador que não queira assim
 se caracterizar, responder à última alternativa, “não desejo declarar”,
 resguardando dessa maneira a liberdade daqueles que não concordam com a
 implementação de um política de delimitação do perfil sócio-racial do
 pesquisador brasileiro.

 Mas vamos à questão de fundo. Muitos estudiosos têm destacado,
 acertadamente, o fato de raça não ser um conceito cientificamente válido.
 Em nosso entender não há dúvidas a esse respeito. No entanto, tal
 constatação não pode eliminar a realidade de uma sociedade brasileira
 altamente racializada em suas práticas cotidianas e inclusive no que tange
 o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica. Julgamos, assim, que
 ao lado das investigações que revelam as falácias de um modelo que usou
 raça de maneira essencial e ontológica (e por isso gerou a prática de
 determinismos e racismos políticos de toda ordem), é hora de avaliarmos
 como o desacreditado conceito, baseado em assertivas biológicas faz muito
 ultrapassadas, continua sendo reatualizado e opera socialmente. Se não
 existem raças – apenas uma, a humana --, no nosso dia a dia raça surge como
 um potente marcador social de diferença, delimitando  hierarquias sociais,
 culturais e econômicas.

 Vale, pois, perguntar se devemos exclusivamente criticar o uso canônico do
 termo, ou se seria importante, igualmente, analisarmos as implicações
 cotidianas e recorrentes da utilização da categoria raça na prática social,
 considerando, principalmente a  maneira como esta se inscreve em nossa
 realidade e, em particular, no contexto universitário brasileiro. Entendido
 dessa maneira, o termo continua válido e seria preciso avaliar as
 decorrências da “raça após o racismo”. Falar de raça não significa, em
 nosso entender, instaurar o racismo ou racializar o cotidiano, o qual,
 aliás, já se 

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Famadoria
Tenho sangue negro, judeu, indio, branco berbere. Me qualifico como? Viralata? 

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On 25/05/2013, at 02:31, Marcelo Finger mfin...@ime.usp.br wrote:

 Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item
 estão
 perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
 norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
 últimos anos.
 
 FALSO.
 
 No formulário de matrícula na pós da USP foi inserido um item com info
 sobre raça, renda familiar, etc.  Tudo absolutamenteb opcional.  Ninguém é
 obrigado a dizer q se recusa a responder sobre este tema.
 
 []s
 
 Marcelo
 
 ___
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 http://www.dimap.ufrn.br/cgi-bin/mailman/listinfo/logica-l
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Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Manuel Doria
Não sei o que seria um argumento não-lógico. Um bom argumento, mesmo que
seja um argumento sociológico, deve obedecer a certas exigências de
racionalidade que descrevemos formalmente.

Entretanto, eu sustento que em geral, devemos dar dois passos atrás perante
qualquer proferimento por parte de sociólogos brasileiros a respeito da
realidade social.

Seria esperado que um sociólogo, enquanto alegado cientista social, tivesse
um engajamento com a dinâmica de sociedades e fenômenos que emergem à
partir da interação de vários agentes de forma análoga à de um
meteorologista com fenômenos atmosféricos. Mas quase sempre por aqui, não é
o caso. E a razão não é da ordem da complexidade dos fenômenos; é
ideológica.

A maioria do que se produz em nome da sociologia no Brasil não é ciência,
é uma atividade mais próxima da crítica literária; a elaboração de
narrativas internamente coerentes, psicologicamente satisfatórias que
angariam significado a processos sociais e históricos. Não estão
interessados em adequação empírica, elaboração de testes cruciais e fogem
de métodos quantitativos.

O ramo mais científico da sociologia, o funcionalismo - que há mais de um
século procura consiliência com o resto do conhecimento científico - é
ridicularizado na academia brasileira como positivismo (um palavrão
comum).

A conflação de normatividade com descrição na sociologia chega a ser pior
do que o que ocorre em economia e ciência política.

Teoria de conflito marxista, feminismo, teoria crítica, pós-estruturalismo,
construtivismo social, pós-modernismo e tantos outros ramos de teorias
sociológicas são programas de pesquisa degenerados, no sentido de Lakatos.
Não é ciência.

Quando alguém como o matemático John Casti se preza a compreender como
emergem fenômenos sociais usando ferramentas computacionais como
multi-agent modeling, é capaz de muitos sociólogos de nossa academia
empregarem algum *ad hominem* para descaracterizar o uso desse tipo de
metodologia e até mesmo acusá-lo de estar apenas servindo de instrumento
dos interesses da burguesia.

Um forte abraço.


2013/5/25 Juan Carlos Agudelo Agudelo juca.agud...@gmail.com

 Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os lógicos,
 argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
 social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
 realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
 tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
 ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
 sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar.  O problema é que as
 pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
 nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
 mesmo que elas também não fiquem sabendo).

 A respeito da afirmação do JM:

  As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
 (que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
 inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar a realidade de
 uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
 e
 inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
 no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica.

 Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
 instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
 esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
 em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que ...é
 preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
 Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
 mas como parte de um processo,  cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
 interpelar a Instituição sobre os usos desses dados.

 []s
 JC


 2013/5/24 Joao Marcos botoc...@gmail.com

  Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
  então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
  um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
  simplesmente não for do interesse.
 
  Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
  inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
  mundo era declarado como branco.)  De lá para cá os cartórios
  passaram a omitir sistematicamente a informação.  Há alguns anos
  (confiram a reportagem de 2006) houve contudo quem notasse a falta
  deste item nas novas certidões e protestasse:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0508200628.htm
  A preocupação de Enilda é que sem o item cor, o governo não tem como
  fazer estatísticas oficiais sobre a questão racial e, como
  conseqüência, não terá subsídios para elaborar políticas de inclusão
  social, como os polêmicos projetos sobre as cotas em universidades e o
  Estatuto da Igualdade Racial, ainda em discussão no Congresso.
 
  As 

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Julio Stern
Caro Juan Carlos: 
   
Vou entao colocar um argumento historico na panela. 
A primeira Lei de Cotas para universidades foi instituida 
em 1887 pelo Czar Alexandre III, restringindo a participacao 
de minorias etnicas nas universidades da Russia Imperial.   
Esta lei foi logo imitada em varios estados da europa central, 
Polonia, Hungria, Romenia e, finalmente, a Alemanha Nazista. 
  
As politicas de cotas foram abolidas na Russia em 1917. 
Hoje, consternado, vejo gente que se diz socialista defendendo 
politicas de rotulagem racial para melhorar a gestao e 
processamento de carne no acougue, sempre eh claro, em funcao 
de grandes ideais (grandilhoquentes, os nazis tambem eram...) 
  
Meu argumento eh simples: Pessoas devem ser julgadas por 
merito e medidas objetivas de desempenho. 
Rotulagem por cor, raca, grupo etnico, religiao, ideal politico 
e assemelhados,  para posterior uso em politicas de gestao e 
engenharia social, eh coisa tipica de estados totalitarios. 
Com estas praticas eu nao transijo; Nao faco media!    
  
No Brasil, esta tatica esta sendo introduzida para mascarar 
um ensino basico publico de pessima qualidade, um sistema 
que, no tempo de meus pais, ja foi muito bom. 
  
Politicas deste tipo (essencialmente nao academicas) trarao 
como consequencia a degradacao e mediocrizacao da universidade 
publica, ultimo segmento de boa qualidade do ensino publico. 
  
Quem esta promovendo com estas medidas: 
(1) Politicos populistas de toda sorte. 
(2) Grupos de interesse do ensino privado (brasileiros e 
estrangeiros) que, a semelhanca do ensino basico e medio, 
lucrarao fortunas apos a destruicao do ensino publico.  
 
Claro esta que a educacao no Brasil eh absurdamente elitizada. 
Corrigir este estado de coisas passa por reconstruir o sistema 
de ensino basico, criando dentro do mesmo escolas-modelo   
seletivas e competitivas (na URSS nao era assim?).  
    
Todavia, isto requer grande esforco e muito trabalho, 
e tambem administrar tensoes de cisalhamento advindas de 
processos seletivos (algo que hoje so se admite na escolinha 
do Corinthians, pois afinal, ai sim, vale o esforco necessario 
para que se possa conquistar excelencia, honra e gloria).     
   
Os populistas evitam a todo custo caminhar morro acima, 
escorregar ladeira abaixo parece ser tao mais atrativo...  
     
---Julio Stern 
     


 Date: Fri, 24 May 2013 23:19:01 -0500
 From: juca.agud...@gmail.com
 To: logica-l@dimap.ufrn.br
 Subject: Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

 Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os lógicos,
 argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
 social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
 realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
 tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
 ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
 sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar. O problema é que as
 pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
 nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
 mesmo que elas também não fiquem sabendo).

 A respeito da afirmação do JM:

 As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
 (que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
 inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar a realidade de
 uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas e
 inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
 no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica.

 Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
 instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
 esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
 em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que ...é
 preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
 Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
 mas como parte de um processo, cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
 interpelar a Instituição sobre os usos desses dados.

 []s
 JC


 2013/5/24 Joao Marcos botoc...@gmail.com

 Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante. Faço
 então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
 um par de comentários adicionais. Favor ignorar se o tópico
 simplesmente não for do interesse.

 Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
 inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento. (É claro que quase todo
 mundo era declarado como branco.) De lá para cá os cartórios
 passaram a omitir sistematicamente a informação. Há alguns anos
 (confiram a reportagem de 2006) houve contudo quem notasse a falta
 deste item nas novas certidões e protestasse:
 http://www1

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-25 Por tôpico Décio Krause
Caros
Eu vejo algo mais embaixo nessa questão das raças no Lattes: cotas para bolsas 
de pesquisa, por exemplo. Não se pode confiar nessa gente. Eles não dão ponto 
sem nó.
D



--
Décio Krause
Departamento de Filosofia
Universidade Federal de Santa Catarina
88040-900 Florianópolis - SC - Brasil
http://www.cfh.ufsc.br/~dkrause
--

Em 25/05/2013, às 07:24, Manuel Doria manueldo...@gmail.com escreveu:

 Não sei o que seria um argumento não-lógico. Um bom argumento, mesmo que
 seja um argumento sociológico, deve obedecer a certas exigências de
 racionalidade que descrevemos formalmente.
 
 Entretanto, eu sustento que em geral, devemos dar dois passos atrás perante
 qualquer proferimento por parte de sociólogos brasileiros a respeito da
 realidade social.
 
 Seria esperado que um sociólogo, enquanto alegado cientista social, tivesse
 um engajamento com a dinâmica de sociedades e fenômenos que emergem à
 partir da interação de vários agentes de forma análoga à de um
 meteorologista com fenômenos atmosféricos. Mas quase sempre por aqui, não é
 o caso. E a razão não é da ordem da complexidade dos fenômenos; é
 ideológica.
 
 A maioria do que se produz em nome da sociologia no Brasil não é ciência,
 é uma atividade mais próxima da crítica literária; a elaboração de
 narrativas internamente coerentes, psicologicamente satisfatórias que
 angariam significado a processos sociais e históricos. Não estão
 interessados em adequação empírica, elaboração de testes cruciais e fogem
 de métodos quantitativos.
 
 O ramo mais científico da sociologia, o funcionalismo - que há mais de um
 século procura consiliência com o resto do conhecimento científico - é
 ridicularizado na academia brasileira como positivismo (um palavrão
 comum).
 
 A conflação de normatividade com descrição na sociologia chega a ser pior
 do que o que ocorre em economia e ciência política.
 
 Teoria de conflito marxista, feminismo, teoria crítica, pós-estruturalismo,
 construtivismo social, pós-modernismo e tantos outros ramos de teorias
 sociológicas são programas de pesquisa degenerados, no sentido de Lakatos.
 Não é ciência.
 
 Quando alguém como o matemático John Casti se preza a compreender como
 emergem fenômenos sociais usando ferramentas computacionais como
 multi-agent modeling, é capaz de muitos sociólogos de nossa academia
 empregarem algum *ad hominem* para descaracterizar o uso desse tipo de
 metodologia e até mesmo acusá-lo de estar apenas servindo de instrumento
 dos interesses da burguesia.
 
 Um forte abraço.
 
 
 2013/5/25 Juan Carlos Agudelo Agudelo juca.agud...@gmail.com
 
 Minha intensão ao enviar o texto foi pôr a disposição de nós, os lógicos,
 argumentos não lógicos, mas socioLÓGICOS, de um debate sobre uma politica
 social. Talvez nossos raciocínios lógicos não conseguem dar conta das
 realidades sociais, e nossas opiniões sobre as problemáticas sociais são
 tao fracas quanto as opiniões dos sociólogos a respeito da lógica. Acho que
 ler, e tentar entender, os argumentos das pessoas que trabalham na área
 sempre traz benefícios. Mas claro, se pode discordar.  O problema é que as
 pessoas que escreveram o texto não vão poder defender seus argumentos, pois
 nem estão sabendo que eu enviei essa mensagem (minhas desculpas com elas,
 mesmo que elas também não fiquem sabendo).
 
 A respeito da afirmação do JM:
 
 As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo
 (que obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a
 inclusão do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar a realidade de
 uma sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
 e
 inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica
 no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica.
 
 Acho que esta bem claro no texto delas, que esses dados são só um
 instrumento que pode ser útil para avaliar e ciar políticas que mitiguem
 esses problemas. É claro que elas não acreditam que só a inclusão do item
 em questão vai mitigar esses problemas, é por isso que observam que ...é
 preciso indagar como esse tipo de informação será efetivamente aproveitado.
 Enfim, é de interesse da comunidade tomar a “novidade” não como resultado,
 mas como parte de um processo,  cabendo a nós, pesquisadores, o papel de
 interpelar a Instituição sobre os usos desses dados.
 
 []s
 JC
 
 
 2013/5/24 Joao Marcos botoc...@gmail.com
 
 Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
 então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
 um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
 simplesmente não for do interesse.
 
 Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
 inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
 mundo era declarado como branco.)  De lá para cá os cartórios
 passaram a omitir sistematicamente a informação.  

[Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Juan Carlos Agudelo Agudelo
Voltando à discussão cor/raça no Lattes, me tomo a liberdade de enviar um
correio que circulou em outras listas acadêmicas que estão discutindo sobre
o assunto, e que mostra a posição de alguns cientistas sociais que
trabalham com o tema da desigualdade social/racial no Brasil.

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From: Marcos Dias Coelho marvind...@hotmail.com
Subject: [estudosafricanos-ufba] RE: [gtafrica] polêmica sobre inserção no
CV Lattes da pergunta relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a.
To: historia-u...@yahoogrupos.com.br historia-u...@yahoogrupos.com.br,
Pesquisadores Negros pesquisadoresnegrosba...@yahoogrupos.com.br,
Linha de pesquisa estudosafricanos-u...@yahoogrupos.com.br,
transdicplinar teia_transdiscipli...@yahoogrupos.com.br, Cristiane
Unicamp criskaso...@gmail.com, Vine Unicamp 2 vineale...@gmail.com,
Luando Sito luandas...@gmail.com, Josi Unicamp joseme...@gmail.com,
Ernenek Unicamp ernene...@gmail.com
Date: Thursday, May 23, 2013, 7:56 PM



Ampliando o debate e divulgando...

From: vanijacob...@gmail.com
To: gtafr...@googlegroups.com

Caros colegas da comunidade acadêmica,


Tem causado polêmica a novidade da inserção  no CV Lattes da pergunta
relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a. Nosso objetivo é, mais uma vez,
incentivar o debate em nossa comunidade e tentar avançar algumas questões
envolvidas tanto na introdução do quesito, como na reação que ele vem
causando.

Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item estão
perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
últimos anos. Além disso, queremos destacar, que, embora a resposta ao
quesito seja obrigatória, há opção para o pesquisador que não queira assim
se caracterizar, responder à última alternativa, “não desejo declarar”,
resguardando dessa maneira a liberdade daqueles que não concordam com a
implementação de um política de delimitação do perfil sócio-racial do
pesquisador brasileiro.

Mas vamos à questão de fundo. Muitos estudiosos têm destacado,
acertadamente, o fato de raça não ser um conceito cientificamente válido.
Em nosso entender não há dúvidas a esse respeito. No entanto, tal
constatação não pode eliminar a realidade de uma sociedade brasileira
altamente racializada em suas práticas cotidianas e inclusive no que tange
o acesso ao ensino superior e à pesquisa científica. Julgamos, assim, que
ao lado das investigações que revelam as falácias de um modelo que usou
raça de maneira essencial e ontológica (e por isso gerou a prática de
determinismos e racismos políticos de toda ordem), é hora de avaliarmos
como o desacreditado conceito, baseado em assertivas biológicas faz muito
ultrapassadas, continua sendo reatualizado e opera socialmente. Se não
existem raças – apenas uma, a humana --, no nosso dia a dia raça surge como
um potente marcador social de diferença, delimitando  hierarquias sociais,
culturais e econômicas.

Vale, pois, perguntar se devemos exclusivamente criticar o uso canônico do
termo, ou se seria importante, igualmente, analisarmos as implicações
cotidianas e recorrentes da utilização da categoria raça na prática social,
considerando, principalmente a  maneira como esta se inscreve em nossa
realidade e, em particular, no contexto universitário brasileiro. Entendido
dessa maneira, o termo continua válido e seria preciso avaliar as
decorrências da “raça após o racismo”. Falar de raça não significa, em
nosso entender, instaurar o racismo ou racializar o cotidiano, o qual,
aliás, já se encontra racializado. Falar de raça implica enfrentar o
problema sem eufemismos, desvelando  as práticas discursivas que pretendem
não dizer, dizendo.
O conjunto crítico de livros, ensaios, artigos que faz tempo
vêm mostrando o lado perverso do conceito biológico de raça, cumpriu e
cumpre um papel fundamental no sentido de trazer de volta valores básicos
como o universalismo e o humanismo. É por isso que, contando com esses
ganhos -- com os quais concordamos e nos associamos --, quem sabe seja o
momento de descer também à lógica do particular, das negociações políticas,
dos discursos do senso comum que se convertem em práticas tão influentes
aquelas desmontadas pelas pesquisas que desnudaram, sem pejas, os perigos
do racismo científico. Hoje falamos de novas formas de  racismo: o social,
o político, aquele que se inscreve nas formas de discriminação mais
cotidianas.

Mas voltemos ao documento em pauta. Segundo o CNPQ, a adoção do quesito
cor/raça encontra-se embasado na Lei 12.228, de 20 de julho de 2010, que
instituiu o “Estatuto da Igualdade Racial”, cujo objetivo é combater todas
as formas de exclusão e discrimação racial ainda vigentes em nosso país.
Tal estatuto, vem corroborando outros esforços e ações públicas,
especificamente voltadas para a inclusão universitária, na forma do sistema
cotas adotado pelas universidades federais, entre outras políticas de
inclusão. A iniciativa 

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Joao Marcos
Entendo que a minha *opinião* sobre o assunto é irrelevante.  Faço
então apenas uma breve análise lógico-informal do texto enviado, com
um par de comentários adicionais.  Favor ignorar se o tópico
simplesmente não for do interesse.

Até a promulgação da Constituição de 1988, no Basil, era obrigatória a
inclusão da *cor* na Certidão de Nascimento.  (É claro que quase todo
mundo era declarado como branco.)  De lá para cá os cartórios
passaram a omitir sistematicamente a informação.  Há alguns anos
(confiram a reportagem de 2006) houve contudo quem notasse a falta
deste item nas novas certidões e protestasse:
  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0508200628.htm
A preocupação de Enilda é que sem o item cor, o governo não tem como
fazer estatísticas oficiais sobre a questão racial e, como
conseqüência, não terá subsídios para elaborar políticas de inclusão
social, como os polêmicos projetos sobre as cotas em universidades e o
Estatuto da Igualdade Racial, ainda em discussão no Congresso.

As antropólogas uspianas autoras do texto circulado abaixo (que
obviamente não leram Roberto DaMatta) parecem acreditar que a inclusão
do item em questão no Lattes ajudariam a mitigar a realidade de uma
sociedade brasileira altamente racializada em suas práticas cotidianas
e inclusive no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa
científica no que tange o acesso ao ensino superior e à pesquisa
científica.  Não entendi bem o raciocínio: o *acesso ao ensino
superior* atualmente já se encontra facilitado por cotas várias e
diversos tipos de bolsa, e o Lattes nada tem a ver com isso.  Não me
parece óbvio como o quesito raça afetaria o *acesso à pesquisa
científica*.  Mas talvez haja alguma área científica em que
pesquisadores negros estejam sendo atualmente preteridos, no Brasil, e
eu não estou sabendo.  Bem, já há cotas em vários editais do CNPq para
pesquisadores do Norte e do Nordeste.  Haverá também em breve cotas
para cientistas negros, de implementação facilitada pelo Lattes?
Neste sentido na minha universidade ja há cotas, por exemplo, para
bolsistas de IC considerados prioritários.  Estamos certamente
evoluindo.

Curiosamente, agora que boa parte das pessoas tem preferido não
declarar sua cor, talvez a porcentagem total de Currículos Lattes com
a opção negro se revele muito maior do que o real, e provoque um
viés negativo na evidência que segundo as autoras deveria ser
veiculada de maneira aberta.  Há um adicional interessante:
protestar contra a inclusão do item no preenchimento do Lattes,
segundo as autoras, seria desautorizar pesquisas, e praticar um
gesto de obscurantismo.  Por certo *obrigar* cientistas a preencher
isto *no Lattes* produzirá automaticamente uma pesquisa muito eficaz.

* * *

Pessoalmente, mais interessado fico no *perfil religioso* do
pesquisador brasileiro do que no seu *perfil racial*.  O motivo é
simples: religião não combina com ciência.  E, se eu fosse vocês,
tendo em vista a crescente bancada evangélica no nosso Congresso
Nacional, também me preocuparia com este tema.

JM


2013/5/24 Juan Carlos Agudelo Agudelo juca.agud...@gmail.com:
 Voltando à discussão cor/raça no Lattes, me tomo a liberdade de enviar um
 correio que circulou em outras listas acadêmicas que estão discutindo sobre
 o assunto, e que mostra a posição de alguns cientistas sociais que
 trabalham com o tema da desigualdade social/racial no Brasil.

 #



 From: Marcos Dias Coelho marvind...@hotmail.com
 Subject: [estudosafricanos-ufba] RE: [gtafrica] polêmica sobre inserção no
 CV Lattes da pergunta relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a.
 To: historia-u...@yahoogrupos.com.br historia-u...@yahoogrupos.com.br,
 Pesquisadores Negros pesquisadoresnegrosba...@yahoogrupos.com.br,
 Linha de pesquisa estudosafricanos-u...@yahoogrupos.com.br,
 transdicplinar teia_transdiscipli...@yahoogrupos.com.br, Cristiane
 Unicamp criskaso...@gmail.com, Vine Unicamp 2 vineale...@gmail.com,
 Luando Sito luandas...@gmail.com, Josi Unicamp joseme...@gmail.com,
 Ernenek Unicamp ernene...@gmail.com
 Date: Thursday, May 23, 2013, 7:56 PM



 Ampliando o debate e divulgando...

 From: vanijacob...@gmail.com
 To: gtafr...@googlegroups.com

 Caros colegas da comunidade acadêmica,


 Tem causado polêmica a novidade da inserção  no CV Lattes da pergunta
 relativa a raça ou cor do/a pesquisador/a. Nosso objetivo é, mais uma vez,
 incentivar o debate em nossa comunidade e tentar avançar algumas questões
 envolvidas tanto na introdução do quesito, como na reação que ele vem
 causando.

 Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item estão
 perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
 norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
 últimos anos. Além disso, queremos destacar, que, embora a resposta ao
 quesito seja obrigatória, há opção para o pesquisador que não queira assim
 se caracterizar, responder à última alternativa, “não 

Re: [Logica-l] Voltando à discussao cor/raça no Lattes...

2013-05-24 Por tôpico Marcelo Finger
 Em primeiro lugar, cabe considerar que as opções constante deste item
estão
 perfeitamente de acordo com os parâmetros da auto atribuição que vêm
 norteando a adoção das políticas públicas de inclusão racial no Brasil dos
 últimos anos.

FALSO.

No formulário de matrícula na pós da USP foi inserido um item com info
sobre raça, renda familiar, etc.  Tudo absolutamenteb opcional.  Ninguém é
obrigado a dizer q se recusa a responder sobre este tema.

[]s

Marcelo

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