Pedro,

Concordo que o dinheiro investido pelo governo é muito mal gerênciado. O
investimento na EMBRER foi um desperdício e prova disso é que a empresa só
deslanchou com capital e controle privado. Mas até que ponto o investimento
na produção agrícola seria melhor gerenciado? A dívida dos grandes
produtores é prova de que este capital, se investido de forma insensata no
campo seria igualmente um desperdício. A maior dificuldade de qualquer
governo é criar mecanismos de controle e gerenciamento de verbas. Vamos
inverter o tabuleiro um pouco: calcula-se que a estação espacial
internacional vai custar, ao todo, 100 bilhoes de dólares. Existem grandes
controvérsias com relação ao resultado deste investimento se comparado ao
infinitamente menor investimento em sondas e estações automáticas para fazer
a mesma coisa. Você mesmo concorda que o orçamento das forças armadas
americanas é estratosféricamente maior que o necessário e muito mal
gerenciado também, qual o motivo disto? Política. Assim como o foi também o
investimento na EMBRAER ou na Ferrovia do Aço ou nas usinas nucleares de
Angra. qual a vantagem de investir dinheiro que o governo não tem na
indústria naval? 40.000 mil empregos podem ser o exemplo de um bom motivo
político. Certo ou errado, não sei se não investir seria uma opção muito
melhor, não. Depende da ótica.

---
DR

----- Original Message -----
From: Pedro M. Calmon <[EMAIL PROTECTED]>
To: <[EMAIL PROTECTED]>
Sent: Thursday, December 09, 1999 12:55 AM
Subject: Re: [naval] FDT Estaleiros no Brasil


> > Se em 1969, o governo não entrasse na jogada
> > seguramente não seria nenhum pouco aconselhável a um
> > grupo privado produzir aviões aqui, e hoje nada
> > disto
> > existiria. Foi subsidio? Claro que sim, valeu a
> > pena?
> > Tem brasileiros que acham que sim, outros que não.
>
>    Realmente Koslova, se nao fosse o investimento
> estatal, provavelmente, hoje nao teriamos a Embraer.
> Em 1969, nenhum grupo privado de san consciencia
> investiria em uma fabrica de avioes. A economia
> brasileira sempre cresceu dentro das chamadas "bolhas
> de desenvolvimento". O Brasil pegava dinheiro
> emprestado, esse dinheiro artificialmente criava uma
> classe media consumista, a bolha estourava e
> entravamos em um periodo recessivo. Esse ciclo se
> repetiu varias vezes durante o seculo vinte. Nessas
> circunstancias de crescimento nao sustentavel baseado
> nos gastos estatais, simplesmente nao oferecia um
> cenario favoravel para o desenvolvimento de uma
> industria aeronautica local. Devido a nossa
> concentracao de renda, apenas uma minoria podia voar
> de aviao. Isso significa que o mercado de aviacao
> civil no Brasil e' pequeno. Restava entao abastecer o
> governo (FAB), mas todo mundo sabe que so' empreiteira
> sobrevive tedo o governo com cliente exclusivo. Sendo
> assim, ninguem quis entrar nesse negocio. Mas pensando
> estrategicamente, o governo decidiu investir (o nosso
> dinheiro, e' claro) em um arriscado negocio o qual a
> iniciativa privada nao queria nem saber. Segundo eles,
> era importante e estrategico para uma potencia
> emergente como o Brasil, dominar os segredos da
> industria aeronautica.  Foi criada entao a EMBRAER e
> as suas agregadas (ITA, CTA, etc...) para dar ao
> Brasil o acesso a esse conhecimento estrategico do
> qual a nossa soberania nacional tanto dependia. Bom 30
> anos e varios bilhoes de dolares depois(nosso
> dinheiro), a EMBRAER se encontrava inchada,
> deficitaria e atolada na lama. De positivo, adquirimos
> o dominio das tecnologias de fabricacao de aeronaves.
> O beneficio que o descomunal investimento  no dominio
> dessa tecnologia "estrategica" trouxe para os
> boias-frias, favelados, meninos de rua, retirantes
> nordestinos, empregadas domesticas e sem-terras e'
> discutivel, mas pelo menos serviu para inchar o o
> nosso raquitico orgulho nacional. No final da
> historia, a EMBRAER foi vendida a um preco bem proximo
> do valor minimo do leilao, pois ninguem estava
> disposto a investir muito em um negocio tao arriscado.
>
>   O curioso e' que recentemente, eu conduzi um estudo
> para uma rede de supermercados local sobre o potencial
> brasileiro para a exportacao e frutas tropicais. Me
> surpreendi ao descobrir que, se o governo brasileiro
> tivesse oferecido durante os anos 70, uma infima
> parcela do que foi gasto com a EMBRAER e suas
> agregadas a pequenos agricultores rurais no agreste
> nordestino (na forma de emprestimos, educacao e
> treinamento, instalacao de infra-estrututa e a
> construcao de uma unidade de tratamento sanitario), o
> Brasil hoje teria o dominio praticamente exclusivo do
> mercado internacional de frutas tropicais frescas
> (algo com o valor estimado em 17 bilhoes de dolares ao
> ano). Isso sem contar com o impacto social favoravel a
> nacao, na forma da manutencao de pequenas propriedades
> rurais, reducao no exodo rural, preservacao do meio
> ambiente, melhor distribuicao de renda, etc...
>   Infelizmente a escolha que a nacao fez nao foi essa.
> Exportar caja', tamarindo e manga nao da' o mesmo
> status que exportar caca AMX e EMB-145. A EMBRAER hoje
> exporta pouco mais de 1 bilhao de dolares por ano,
> isso depois de consumir recursos publicos por quase 30
> anos.  A industria de frutas tropicais, por nunca ter
> sido considerada estrategica (producao e exportacao de
> frutas e' coisa de colonia), nunca recebeu um centavo
> de auxilio do governo, isso apesar de requerer um
> investimento infinitamente menor, ter um potencial de
> exportacao 17 vezes maior que o da EMBRAER e poder
> empregar centenas de milhares de pessoas de pequena e
> baixa renda. Dizem que a EMBRAER e' estrategica. Para
> mim, estrategica e' uma industria que poderia ajudar a
> combater o crescimento desordenado das grandes cidades
> e todas as mezelas trazidas por esse fenomeno
> (criminalidade, pobreza, prostituicao infantil, etc..)
> Se em 1969, tivessemos dado prioridade a industria
> agricula no nordeste ao inves da EMBRAER & CIA,
> provavelmente nao teriamos o EMB-145, o VLS e o
> Piranha. Acho tambem que nao teriamos o poligono da
> maconha (verdadeira ameaca a seguranca nacional) e o
> nordeste provavelmete seria uma regiao muito
> diferente. Hoje, exportamos EMB-145, mas a maior nacao
> tropical do mundo exporta apenas 50 milhoes de dolares
> em meloes frescos ao ano, quando poderia estar
> exportanto 17 bilhoes em frutas.
>  E' uma pena realmente ver a industria naval morrendo.
> Mas triste ainda e' ver uma industria de frutas que
> tanto prometia, mas que nunca chegou a nascer.
>
>
>
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