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2012-03-29 Por tôpico Albert Bouskela
Olá a todos!

Alguns comentários remanescentes:

A introdução...

Por diletantismo, quis demonstrar (ou apenas mostrar, vá lá...) que, quando
aumentamos o número de lados de um polígono regular, inscrito num círculo
invariante, o perímetro também aumenta. Quis, ainda, que essa demonstração
se valesse apenas de conceitos geométricos básicos, como se eu estivesse
desenhando numa folha de papel. Sendo assim...

1) Ao caríssimo Nehab:

Acho que o item 5 fica mais bem demonstrado através do desenho (do
desenho!) da elipse, feito toscamente a partir da definição desta cônica.
Isto para dispensar a trigonometria.

2) Ao caríssimo Bernardo:

First of all, não reclame da sua idade, acho que sou mais velho do que você!

Seu 1º comentário é: Na minha terra, uma quantidade que não diminui, pode
aumentar. É claro que eu estava interessado apenas em demonstrar que o
perímetro do triângulo diminuía. Daí, mostrei que, para que o perímetro
ficasse constante, o ponto do meio deveria passear por uma elipse e,
portanto, passear por fora do círculo. Para que o perímetro aumentasse, o
passeio desse ponto deveria ser por fora da elipse, além, muito além daquela
serra, que ainda azula no horizonte... (Ops! Muito além do círculo!). Aqui,
acho que você quis ser ranzinza.

Mas o seu comentário mais agudo refere-se à convergência do processo de
tornar isósceles (no vértice N+1) os triângulos formados pelos vértices N,
N+1 e N+2.

Repare, entretanto, que esse processo é desnecessário. I.e., não é
necessário demonstrar que quando transformamos um polígono irregular num
regular, maximizamos o seu perímetro.

O item 5 afirma a mesma coisa, mas vista ao contrário: – Quando
transformamos um polígono regular num irregular, seu perímetro diminui,
porque os triângulos (N, N+1, N+2) deixam de ser isósceles. Explico-me:

Considere um polígono regular. Vamos mexer em um de seus vértices – o ponto
X (aqui tem um gatinho – mato-o depois). O perímetro vai diminuir, porque o
triângulo (X-1, X, X+1) deixou de ser isósceles. Para que o perímetro volte
à sua condição original (aumente), temos que mexer no ponto X+1, para tornar
isósceles o triângulo (X, X+1, X+2). Mas, aí, o triângulo (X+1, X+2, X+3)
deixa de ser isósceles e o perímetro ainda não voltou à condição original.
Daí, temos que mexer no ponto X+2. E assim sucessivamente...

A ideia, contudo, NÃO é demonstrar que esse processo converge para a
restituição do polígono regular, fazendo apenas uma rotação do mesmo. A
ideia é mostrar (não demonstrar!) que não se pode mexer no polígono regular
sem que ele, coitado, perca um pedaço do seu perímetro.

O gatinho é o seguinte: – Podemos mexer em mais de um vértice! Mas este é um
gato natimorto, no máximo, o gato de Schrödinger!

Abraços,
Albert Bouskela
bousk...@gmail.com

 -Mensagem original-
 De: owner-ob...@mat.puc-rio.br [mailto:owner-ob...@mat.puc-rio.br] Em
 nome de Carlos Nehab
 Enviada em: 28 de março de 2012 20:26
 Para: obm-l@mat.puc-rio.br
 Assunto: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re:
[obm-l]
 Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] heptágono regular
 
 Bouskela e Bernardo,
 
 Sem entrar no mérito do argumento como um todo, o item 5 pode ser
 desenvolvido de forma mais simples, não exigindo a elipse:
 Sendo O é o centro do circulo´e os vértices consecutivos A, B e C,
façamos:
 AOC = alfa (fixo),
 AOB = beta e
 BOC = gama,
 O comprimento AB + BC é dado por
 2Rsen(beta/2) + 2Rsen(gama/2) = 4Rsen(alfa/4).cos(beta/4-gama/4) que é
 máximo quando cos = 1 ou seja, beta = gama.
 
 Quanto à preocupação do Bernardo com a justificável precisão de
 convergência, etc, quem trabalha com meninos do nivel médio (como eu, em
 turmas de preparação ao IME/ITA) tem dúzias de preocupações
 assemelhadas e até em assuntos aparentemente óbvios.
 Por exemplo: prove que a área de um retângulo é igual ao produto dos
lados.
 Acha fácil?
 Não é não, pois se os lados do retângulo são múltiplos racionais do lado
do
 quadrado que serve de unidade de medida, tudo bem, mas se não forem, olha
 a confusão!
 Tem que falar em aproximação de irracionais por racionais ou coisa análoga
 ou ficar de boca fechada e tocar o bonde ou, se a turma for melhorzinha
(tipo
 IME/ITA, etc) ai tá, damos uma pincelada na questão...
 E na primeira série?  Soma das PGs ilimitadas são apresentadas sem nenhuma
 formalização do conceito de limite, etc e pronto; E dízimas para as pobres
 criancinhas... tantos noves ... tantos zeros quanto ! Agh.
Sempre
 achei equivalente a assassinato o estudo de dízimas na época em que é
feito.
 E por ai vai.
 
 Abraços
 Nehab
 
 PS: Acho que me excedi... e me empolguei. Faz parte.
 
 
 Em 28/03/2012 18:09, Bernardo Freitas Paulo da Costa escreveu:
  2012/3/28 Albert Bouskelaalb...@themag.com.br:
  Ois!
 
  Antes de mais nada, parabéns ao Albert por ter matado o problema.
  Enfim, a sacada de gênio, claro, porque se eu estou escrevendo um
  mail a mais, é que eu ainda não estou satisfeito... mas é pura chatice
  minha. Coisas

[obm-l] Re: [obm-l] RES: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] heptágono regular

2012-03-29 Por tôpico Marcos Martinelli
Pois é, galera.

A discussão foi muito interessante, e a solução geométrica muito legal.

Mas não podemos negar que a questão é bastante difícil... acho difícil
haver uma outra solução puramente geométrica.

Enfim, o Colégio Naval é uma prova bastante interessante e,
normalmente, os gabaritos que ocorrem em Matemática ocorrem por alunos
em um nível bastante diferenciado em relação à média do ensino
brasileiro...

Essa questão torna-se simples ao conjecturarmos o perímetro como
crescente, resolvendo-a tão somente para marcar a opção correta. Mas o
fato é que, em outras, certos lemas não são tão evidentes... sempre
gostei bastante das provas do CN.

Em 29/03/12, Albert Bouskelabousk...@gmail.com escreveu:
 Olá a todos!

 Alguns comentários remanescentes:

 A introdução...

 Por diletantismo, quis demonstrar (ou apenas mostrar, vá lá...) que, quando
 aumentamos o número de lados de um polígono regular, inscrito num círculo
 invariante, o perímetro também aumenta. Quis, ainda, que essa demonstração
 se valesse apenas de conceitos geométricos básicos, como se eu estivesse
 desenhando numa folha de papel. Sendo assim...

 1) Ao caríssimo Nehab:

 Acho que o item 5 fica mais bem demonstrado através do desenho (do
 desenho!) da elipse, feito toscamente a partir da definição desta cônica.
 Isto para dispensar a trigonometria.

 2) Ao caríssimo Bernardo:

 First of all, não reclame da sua idade, acho que sou mais velho do que você!

 Seu 1º comentário é: Na minha terra, uma quantidade que não diminui, pode
 aumentar. É claro que eu estava interessado apenas em demonstrar que o
 perímetro do triângulo diminuía. Daí, mostrei que, para que o perímetro
 ficasse constante, o ponto do meio deveria passear por uma elipse e,
 portanto, passear por fora do círculo. Para que o perímetro aumentasse, o
 passeio desse ponto deveria ser por fora da elipse, além, muito além daquela
 serra, que ainda azula no horizonte... (Ops! Muito além do círculo!). Aqui,
 acho que você quis ser ranzinza.

 Mas o seu comentário mais agudo refere-se à convergência do processo de
 tornar isósceles (no vértice N+1) os triângulos formados pelos vértices N,
 N+1 e N+2.

 Repare, entretanto, que esse processo é desnecessário. I.e., não é
 necessário demonstrar que quando transformamos um polígono irregular num
 regular, maximizamos o seu perímetro.

 O item 5 afirma a mesma coisa, mas vista ao contrário: – Quando
 transformamos um polígono regular num irregular, seu perímetro diminui,
 porque os triângulos (N, N+1, N+2) deixam de ser isósceles. Explico-me:

 Considere um polígono regular. Vamos mexer em um de seus vértices – o ponto
 X (aqui tem um gatinho – mato-o depois). O perímetro vai diminuir, porque o
 triângulo (X-1, X, X+1) deixou de ser isósceles. Para que o perímetro volte
 à sua condição original (aumente), temos que mexer no ponto X+1, para tornar
 isósceles o triângulo (X, X+1, X+2). Mas, aí, o triângulo (X+1, X+2, X+3)
 deixa de ser isósceles e o perímetro ainda não voltou à condição original.
 Daí, temos que mexer no ponto X+2. E assim sucessivamente...

 A ideia, contudo, NÃO é demonstrar que esse processo converge para a
 restituição do polígono regular, fazendo apenas uma rotação do mesmo. A
 ideia é mostrar (não demonstrar!) que não se pode mexer no polígono regular
 sem que ele, coitado, perca um pedaço do seu perímetro.

 O gatinho é o seguinte: – Podemos mexer em mais de um vértice! Mas este é um
 gato natimorto, no máximo, o gato de Schrödinger!

 Abraços,
 Albert Bouskela
 bousk...@gmail.com

 -Mensagem original-
 De: owner-ob...@mat.puc-rio.br [mailto:owner-ob...@mat.puc-rio.br] Em
 nome de Carlos Nehab
 Enviada em: 28 de março de 2012 20:26
 Para: obm-l@mat.puc-rio.br
 Assunto: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re:
 [obm-l]
 Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] heptágono regular

 Bouskela e Bernardo,

 Sem entrar no mérito do argumento como um todo, o item 5 pode ser
 desenvolvido de forma mais simples, não exigindo a elipse:
 Sendo O é o centro do circulo´e os vértices consecutivos A, B e C,
 façamos:
 AOC = alfa (fixo),
 AOB = beta e
 BOC = gama,
 O comprimento AB + BC é dado por
 2Rsen(beta/2) + 2Rsen(gama/2) = 4Rsen(alfa/4).cos(beta/4-gama/4) que é
 máximo quando cos = 1 ou seja, beta = gama.

 Quanto à preocupação do Bernardo com a justificável precisão de
 convergência, etc, quem trabalha com meninos do nivel médio (como eu, em
 turmas de preparação ao IME/ITA) tem dúzias de preocupações
 assemelhadas e até em assuntos aparentemente óbvios.
 Por exemplo: prove que a área de um retângulo é igual ao produto dos
 lados.
 Acha fácil?
 Não é não, pois se os lados do retângulo são múltiplos racionais do lado
 do
 quadrado que serve de unidade de medida, tudo bem, mas se não forem, olha
 a confusão!
 Tem que falar em aproximação de irracionais por racionais ou coisa análoga
 ou ficar de boca fechada e tocar o bonde ou, se a turma for melhorzinha
 (tipo
 IME/ITA, etc) ai tá, damos uma pincelada

[obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] heptágono regular

2012-03-28 Por tôpico Carlos Nehab

Bouskela e Bernardo,

Sem entrar no mérito do argumento como um todo, o item 5 pode ser 
desenvolvido de forma mais simples, não exigindo a elipse:

Sendo O é o centro do circulo´e os vértices consecutivos A, B e C, façamos:
AOC = alfa (fixo),
AOB = beta e
BOC = gama,
O comprimento AB + BC é dado por
2Rsen(beta/2) + 2Rsen(gama/2) = 4Rsen(alfa/4).cos(beta/4-gama/4) que é 
máximo quando cos = 1 ou seja, beta = gama.


Quanto à preocupação do Bernardo com a justificável precisão de 
convergência, etc, quem trabalha com meninos do nivel médio (como eu, em 
turmas de preparação ao IME/ITA) tem dúzias de preocupações 
assemelhadas e até em assuntos aparentemente óbvios.
Por exemplo: prove que a área de um retângulo é igual ao produto dos 
lados. Acha fácil?
Não é não, pois se os lados do retângulo são múltiplos racionais do lado 
do quadrado que serve de unidade de medida, tudo bem, mas se não forem, 
olha a confusão!
Tem que falar em aproximação de irracionais por racionais ou coisa 
análoga ou ficar de boca fechada e tocar o bonde ou, se a turma for 
melhorzinha (tipo IME/ITA, etc) ai tá, damos uma pincelada na questão...
E na primeira série?  Soma das PGs ilimitadas são apresentadas sem 
nenhuma formalização do conceito de limite, etc e pronto;
E dízimas para as pobres criancinhas... tantos noves ... tantos zeros 
quanto ! Agh.  Sempre achei equivalente a assassinato o 
estudo de dízimas na época em que é feito.

E por ai vai.

Abraços
Nehab

PS: Acho que me excedi... e me empolguei. Faz parte.


Em 28/03/2012 18:09, Bernardo Freitas Paulo da Costa escreveu:

2012/3/28 Albert Bouskelaalb...@themag.com.br:
Ois!

Antes de mais nada, parabéns ao Albert por ter matado o problema.
Enfim, a sacada de gênio, claro, porque se eu estou escrevendo um
mail a mais, é que eu ainda não estou satisfeito... mas é pura chatice
minha. Coisas da idade.


 3)Mantendo-se invariante o número de vértices, o polígono
inscrito num círculo que tem (refiro-me ao polígono) o maior perímetro é o
polígono regular!

 4)Prova: – Peguem 3 pontos consecutivos (adjacentes) de um
polígono. O 1º e o 3º formam a corda que nos interessa. Os 3 pontos formam
um triângulo. Para que o perímetro desse triângulo seja máximo, ele deve ser
isósceles (prova adiante). I.e., o 2º ponto deve coincidir com a interseção
da maior flecha da corda formada pelos 1º e 3º pontos – i.e., a mediatriz da
corda – com o círculo. Por quê?

Eu não diria que é o perímetro do triângulo, mas apenas AB + BC (onde
A, B e C são, nessa ordem, os pontos consecutivos). Claro que como
apenas B mexe, somar AC é uma constante, logo não muda nada. Mas o
importante ainda está por vir.


 5)Porque quando o ponto do meio (o 2º) passeia ao longo do
arco compreendido pela corda, a partir do ponto central (o ponto de
interseção da mediatriz da corda com o círculo), o perímetro do triângulo
diminui! Caso não diminuísse (ficasse constante),

Na minha terra, uma quantidade que não diminui, pode aumentar.


o LG do 2º ponto seria uma
elipse, com polos no 1º e 3º pontos – lembrem-se da definição da elipse (é o
LG dos pontos cuja soma das distâncias do ponto considerado até dois pontos
fixos, os polos, é invariante). Esta elipse passaria “por fora” do círculo,
tangenciando-o no ponto de interseção da mediatriz da corda com o círculo.

Mas o argumento da elipse ainda assim é válido. Mas tem que dar uns
detalhes a mais: considere a elipse de focos A e C passando por B.
Como B está na mediatriz de AC, a elipse é tangente ao círculo em B.
As posições de uma elipse e um círculo são bem simples: é uma questão
de curvatura. Ora, a elipse com certeza passa fora do círculo na
altura da reta AC, logo ela também tem que estar do lado de fora
acima, logo a semi-elipse A'BC' contém o arco ABC. Como os pontos
dentro da elipse são os que têm a soma MENOR do que AB+BC, acabou.


 6)Já que o triângulo deve ser isósceles, então o polígono
deve ser regular!

Muita calma nessa hora. Seja P um polígono que não é regular. Seja P'
o polígono obtido de P isoscelizando dois lados contíguos como o
Albert fez. Então per(P)  per(P'). Em particular, se P for regular, o
procedimento do Albert não permite aumentar o comprimento, mas é só
isso. Claro que se você tomar outro polígono (que não seja regular,
portanto) ele não será o de maior perímetro, mas isso não implica que
o regular seja o maximizador.

Assim, aqui vem a minha chatice maior. Falta um de dois argumentos. Um
de convergência (se a gente tiver sorte, para o máximo), o outro de
existência do dito máximo.

A existência é um treco chato, e eu não sei provar sem
análise/topologia. O máximo existe porque o comprimento de um polígono
é uma função contínua dos ângulos dos vértices do mesmo, que vivem num
conjunto compacto (o círculo) e são em número finito. Sabendo da
existência, acabou: seja P o polígono que é de maior perímetro. A
construção do Bouskela diz que P tem que ser regular, já que, se