Oi Fabiana,
Sugiro que você procure um professor e solicite a bibliografia adequada para
você consultar a respeito da aplicação desses testes, já que o diagnóstico
possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento. Ele mexe de tal forma
com o paciente e sua família que, por muitas vezes, chegam a acreditar que o
sujeito teve uma melhora ou tornou-se agressivo e agitado no decorrer do
trabalho diagnóstico.
Fernández (1990) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a
mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará
suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário.
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses
provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para
isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante
todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da ...escuta
psicopedagógica..., para que ...se possa decifrar os processos que dão
sentido ao observado e norteiam a intervenção. (BOSSA, 2000, p. 24).
Com relação a comunidade relacione os problemas observados, que enviarei
material para sua consulta.
Autor : Walter Trinca
Papirus Editora, São Paulo, 1997
Comentários : Jorge W.F. Amaro
Walter Trinca é psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira
de Psicanálise e da International Psychoanalytical Association. Aposentou-se
comoProfessor Titular do Instituto de Psicologia da USP, onde lecionou por
muitos anos.Apresenta vários livros publicados em sua farta contribuição à
psicologia.
Neste livro, Trinca convida-nos a desenvolver o "homem novo"à revelia
do "homem velho". Para isso busca, na sua grande erudição e sólidaformação
psicanalítica, os caminhos que levarão ao "homem novo". Salienta,em todo o
livro, a importância da disciplina das funções de memória e do desejo, como
condição sine qua non para iniciar o caminho da busca do "homem novo".
Recorda que essa forma de observar o mundo não é uma novidade, pois já vem
sendodescrita pela literatura desde os tempos taoístas, entre outras
concepções. Apóia-se,neste histórico, em posições de vários autores como
Krishnamurti, Chuang Tse, etc.Firma-se, entretanto, nas produções teóricas
da psicanálise, principalmente por Bion eseus artigos.
Lembra que a mente saturada de sensorialidade através da memória e do
desejo deverá ser transcendida a fim de que floresça um novo tipo humano.
O projeto do livro é disciplinar a mente sensorializada que cria
condicionamentos aprisionantes. Só a partir dessa libertação é possível começar
ainvestigar os elementos mais universais da experiência do fato. Trinca
denomina"natureza imaterial" os dados da realidade que só será alcançada
com odesenvolvimento de determinadas funções que ele enumera as principais:
mobilidadepsíquica, imagens artísticas, memória espiritual, silêncio
interior, self imaterial,etc.
Procura descrever as características dessas funções que sem o seu
desenvolvimento não haveria desenvolvimento espiritual. Seria o contraste entre
ospadrões definidos de experiências mentais condicionadas pela mente
sensorial versus amobilidade psíquica com a leveza e a liberdade de
movimentos através da atençãoflutuante e da posição de contemplação neutra
na busca da experiência do novo. É umatentativa de libertação das
experiências presas a representações congeladas darealidade. Seria como
tentar observar o fato da experiência como se fosse a primeira vezque a
visse, disciplinando a memória e o desejo durante a observação, mantendo a
atenção flutuante na contemplação neutra do fato.
Trinca assinala que há duas formas de observar a natureza. A primeiraé
forma condicionada pela sensorialidade, aprisionada a modelos e teorias
resultantes aomodelo de observação. A segunda é forma liberta da mente
sensorializada, em busca domaior número de variáveis na observação do fato,
numa visão mais abrangente, nadireção da realidade cósmica.
Há uma mudança na qualidade de observação. A partir daí Trincaadmite
que podemos descobrir "um sentido no mundo".
Admite que a nossa interioridade alimenta-se de relações simbólicase de
experiências diretas com forças cósmicas de grande envergadura que se
expressam,às vezes, por imagens profundas. Alerta que em dado nível a
realidade não é aquela queaparece à primeira vista e que não é alcançada,
em sua profundidade, pela mente banal.A realidade mais abrangente, para ser
alcançada, deveria encontrar uma mente que sofreuuma reorganização e uma
reorientação interna. Nessas condições a mobilidadepsíquica, livre dos
condicionamentos sensoriais, apresenta um espaço mental comocontinente para
a contemplação dos fatos, dando à percepção uma visão maisabrangente