O Apocalipse Inevitável
(fim)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_fim.php>

[image: Zombieland]

“*Não é o fim do mundo, mas você pode vê-lo de lá*” – *Pierre Trudeau*

O Fim está Próximo, sempre esteve, sempre estará, exceto quando finalmente
chegar. O lugar-comum de que a única certeza na vida é a morte também se
aplica à espécie como um todo. E se mal conseguimos lidar com nossa própria
mortalidade, que se dirá do inevitável fim da Humanidade – uma ideia tão
perturbadora, tão assustadora, que pode ser mesmo impensável. De fato, a
maior parte de nós lida com a questão evitando mesmo concebê-la: acredita-se
que o apocalipse em si mesmo seria apenas uma grande revelação, o fim de uma
era, enquanto a essência imortal de todos nós sobreviveria, de outra forma,
eternamente. Se esta crença pode oferecer algum conforto imediato, permanece
entretanto, e desafortunadamente, apenas uma questão de fé, e uma que pode
ser perigosa quando motiva decisões em questões muito
concretas<http://www.secularhumanism.org/index.php?section=library&page=haught_29_5>
.

No mundo real e objetivo que todos nós, crentes ou não, partilhamos,
postergar o Apocalipse Inevitável é tudo que podemos fazer. Mais de 98% das
espécies que já viveram foram extintas, vítimas de fenômenos naturais aos
quais estavam completamente sujeitas. Embora nossa espécie tenha sido
bem-sucedida em evitar o próprio fim – alcançando o número de 6,5 bilhões de
indivíduos espalhados por todos os continentes – ela continua tão e por
vezes mais vulnerável quanto outras espécies a uma série fenômenos naturais
catastróficos. Mesmo aqueles perigos que conseguimos dominar, através da
ciência e tecnologia, acabam por ser substituídos por outros criados pela
mesma ciência e tecnologia. E os novos perigos de criação humana, como a
Caixa de Pandora, uma vez descobertos não podem ser esquecidos,
“desinventados”.

[image: asteroid]

Um dos últimos grandes Apocalipses pelo qual a vida no planeta passou foi a
extinção K-T, que varreu os dinossauros. Ela é o nexo final que se liga pelo
Inverno Vulcânico, decorrente de erupções naturais e periódicas, ao Inverno
Nuclear, consequência de um confronto atômico. Depois de reinar por milhões
de anos, os dinos teriam sido extintos não apenas como consequência direta
do impacto de um asteróide, mas também da nuvem de poeira que teria lançado
na alta atmosfera, provocando efeitos similares, e apocalípticos, como o dos
invernos vulcânicos ou nucleares. A descoberta e associação do impacto de um
asteróide com a extinção K-T também ocorreu aproximadamente na mesma época
que o Inverno Nuclear foi descoberto.

Dos confins do Universo, das profundezas do planeta, ou pela mais
sofisticada e poderosa criação humana, a devastação da “*Escuridão*” vista
por *Lord Byron* seria a mesma.

Ainda que por mágica esquecêssemos o conhecimento, a ciência nuclear,
estaríamos tão vulneráveis quanto os dinossauros ao fim inevitável, e
dificilmente adiável uma vez que o poderio nuclear é até o momento também o
único que poderá um dia, sim, nos salvar de tal ameaça – a energia que
podemos extrair de reações químicas é o fator limitador que torna tão
difícil conquistar o espaço. Não podemos nem devemos desejar abandonar a
ciência, precisamos *apenas* controlá-la. E para isso, precisamos
compreendê-la melhor.

Mais que a conscientização a respeito do fato de que o Fim está Próximo e
como o estamos constantemente postergando, salvando o mundo, ou pelo menos,
a nós mesmos diariamente, esta série pretendeu chamar atenção aos nexos
entre os diversos Apocalipses. Por uma série variada de conexões, o buraco
na camada de ozônio, a guerra atômica, o inverno nuclear, o inverno
vulcânico e mesmo a extinção dos dinossauros se relacionam. E atualmente,
relacionam-se de forma especial com o aquecimento global.

[image: inconvenient_truth]

Mais próximo da ameaça à camada de ozônio do que da extinção completa da
humanidade vaticinada pelos proponentes do Inverno Nuclear, o aquecimento
global provocado pela queima de combustíveis fósseis é o “fim do mundo” da
vez. Como todos os Apocalipses anteriores, enfrenta contestação seja
ponderada e razoável do processo científico, seja a radical e falaciosa
movida por um sem número de motivos. Diferenciar um do outro nem sempre é
simples. Havia, e há, céticos e negadores da ameaça ao ozônio, do inverno
nuclear, vulcânico e da extinção K-T provocada por um asteróide. É apenas o
fato de que tais temas saíram de moda o que os torna menos polêmicos.

É curioso que sejam os contestadores do Aquecimento Global que mais chamem
atenção a sua relação com os apocalipses anteriores – embora isso seja mais
facilmente compreendido porque a lógica subjacente é a de que, se os
apocalipses anteriores foram evitados, talvez porque nem mesmo fossem de
fato reais, então este novo “fim do mundo” deve seguramente ser mais um
exagero. Um raciocínio temerário: se ter sobrevivido o dia anterior fosse o
único parâmetro para prever com confiança a chance de sobreviver ao dia
seguinte, seríamos todos imortais.

A verdade é que passamos assustadoramente próximos do Fim incontáveis vezes.
Adiar o Apocalipse contou inúmeras vezes com fatores arbitrários e apenas
marginalmente dependentes da ciência e da razão. *Ronald Reagan*, como
presidente dos EUA, deveria estar plenamente ciente de relatórios
científicos sobre as desastrosas consequências de um confronto nuclear, mas
como anotou em seu diário, ficou “*profundamente deprimido*” após assistir a
“*The Day After*”, e quando se reuniu e assinou tratados de reduções de
armas com o premiê soviético *Mikhail Gorbachev*, três anos depois, teria
enviado um telegrama ao diretor do filme reconhecendo seu papel.

Será possível que apenas através de um filme feito para TV o
comandante-em-chefe tenha finalmente entendido o que dezenas de *think tanks
*, instituições e toda a comunidade científica expressavam há décadas?
Talvez este seja o perigo de ter no comando da maior potência mundial um
ator de Hollywood. Este é o perigo de viver sob sistemas políticos
claramente inapropriados para lidar adequadamente com os desafios que
encaramos – embora, paradoxalmente, o principal desafio do século passado
tenha sido consequência justamente da busca por algum outro sistema
revolucionariamente mais adequado.

Se críticos da “Farsa do Aquecimento Global” a associam ao Inverno Nuclear e
mesmo à Eugenia, é igualmente curioso, e compreensível, que os principais
proponentes do “Apocalipse” da vez por seu lado raramente mencionem sua
relação com apocalipses anteriores. A estes ativistas interessa pintar o
Aquecimento Global como a maior ameaça já enfrentada pela espécie humana em
toda a história, e inseri-lo no contexto de perigos anteriores, tão ou mais
prementes, não é conveniente.

Apesar de fora de moda, contudo, o Inverno Nuclear continua sendo uma
ameaça:

[image: arsenal
nuclear]<http://scitation.aip.org/journals/doc/PHTOAD-ft/vol_61/iss_12/37_1.shtml?bypassSSO=1>

O gráfico à esquerda já foi discutido aqui: em 1986, pouco depois da
exibição de “*The Day After*” e a descoberta do Inverno Nuclear, EUA e a
União Soviética entraram em acordo para reduzir drasticamente seus arsenais
nucleares, em uma tendência que permanece até hoje. A linha negra total de
armas sobre para então descer. *Carl Sagan* e um filme feito para TV, a seu
modo, salvaram o mundo.

O gráfico à direita representa no entanto o Apocalipse Inevitável: apesar do
número total de ogivas no mundo ter diminuído além das mais otimistas
expectativas, o número de países com poderio atômico vem aumentando desde a
primeira explosão em 1945, a uma média de um novo país para o clube nuclear
a cada 5 anos. Não há sinal de que a tendência tenha se alterado. Cinco anos
– calcule quantos novos países, quantos novos governos, presidentes ou
generais, passaram a ter seu dedo sobre o botão vermelho desde que você
nasceu. Aí podem se incluir Israel, Índia, Paquistão e Coréia do Norte. E em
breve, provavelmente, Irã, como temido por *Eli Wiesel* em 1983.

Parece inevitável que cedo ou tarde, com tantos dedos, algum deles apertará
o botão, provocando em minutos a morte de milhares, milhões. O mesmo estudo
de Robock citado no texto anterior simulou o efeito de um conflito regional
de pequena escala: não seria o fim, mas ele poderia ser visto de lá.
Centenas de milhões seriam afetados em efeitos comparáveis ao do “*Ano sem
Verão*” a inspirar “*Frankenstein*”. O gráfico da anomalia climática
provocada mesmo por um conflito regional é fascinante, porque combina o
famoso gráfico “hockey
stick<http://www.interney.net/blogs/malla/2007/01/12/a_importancia_de_um_modelo/>”
para demonstrar o aquecimento global (em azul), com a previsão computacional
que mostra os efeitos do confronto (em vermelho), com consequências
climáticas já maiores do que toda a ação humana acumulada ao longo de mais
de um século:

[image: Hockey Stick vs Inverno Nuclear]

Este gráfico talvez resuma o nexo indissolúvel entre as ameaças constantes e
diversas que enfrentamos.

Se evitar todos os Apocalipses anteriores não é motivo para muito conforto,
deve ser de esperança. Pelo menos um dos Apocalipses que discutimos aqui, a
ameaça à camada de ozônio por CFCs, então largamente utilizados
industrialmente, foi contida com base em pesquisa científica e protocolos
internacionais assinados e ratificados mundialmente com sucesso.

E embora Reagan tenha destacado o papel de um filme feito para a TV, também
foi influenciado pela ciência do Inverno Nuclear, que Gorbachev citou como
um imperativo moral para que alguma atitude fosse tomada. Tais alertas
científicos podem ter um efeito ambíguo e discutível sobre a população em
geral, mas seu efeito entre representantes pode ser decisivo, ainda que
largamente imprevisível.

Ao encerrar esta série, citamos mais uma vez o filósofo francês *Edgar Morin
*:

“Lá onde cresce o perigo, cresce também o que salva. De um modo trágico,
quanto mais nos aproximarmos do perigo, mais teremos chances de sair dele,
mas aumentarão também mais os riscos de nele mergulhar”.

O Apocalipse é Inevitável, mas pode ser adiado.

- - -

*Releia toda a série:*

   - O Apocalipse Inevitável (parte
I)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/06/o_apocalipse_inevitvel_parte_i.php>
   - O Apocalipse Inevitável (parte
II)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/06/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_1.php>
   - O Apocalipse Inevitável (parte
III)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_2.php>
   - O Apocalipse Inevitável (parte
IV)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_i_3.php>
   - O Apocalipse Inevitável (parte
V)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_v.php>
   - O Apocalipse Inevitável (parte
VI)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_v_1.php>
   - O Apocalipse Inevitável (parte
VII)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_parte_v_2.php>
   - O Apocalipse Inevitável
(fim)<http://scienceblogs.com.br/100nexos/2010/07/o_apocalipse_inevitvel_fim.php>


[As partes desta mensagem que não continham texto foram removidas]



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