*Essa tal de sustentabilidade*

A palavra "sustentabilidade", tema da atual edição da SP Fashion Week, tem
dado um nó na cabeça de parte das modelos. Marcelle Bittar, 23, está cansada
de ser perguntada sobre ecologia, reciclagem e desenvolvimento sustentável:

"Ai, lá vem vocês [jornalistas] com essa de sustentabilidade de novo... Bom,
vamos lá!" Ela pára, olha para cima e, dez segundos depois, responde:
"Acredito, porque sou superpositiva, mas não vai acontecer enquanto eu
viver". Marcelle fala mais sobre a responsabilidade das tops em defender uma
moda politicamente correta. Ela trabalharia para uma grife que explora o
trabalho infantil? "Com certeza", ela responde. A coluna repete a pergunta:
"Você desfilaria para uma grife que explora o trabalho infantil?". E ela:
"Nossa, com certeza. Com criança, até de graça".

Nos bastidores do desfile de Alexandre Herchcovitch, a modelo Aline
Weber,17, diz: "prefiro falar de sustentabilidade no caso das modelos". Como
assim? "Acho que sustentabilidade somos nós, modelos, termos que sair
viajando sem saber nada do lugar, a ter que aprender a se virar sozinha
desde cedo, sabe?"

O desfile já vai começar e um funcionário do desfile convoca Aline. Última
pergunta: Você desfilaria para uma marca que usa crianças para fabricar as
roupas? "Ah, se fosse uma marca boa, acho que tudo bem."

Mesma pergunta para a modelo Stefânia,16. "Olha, esse é meu sexto Fashion
Week e só agora comecei a ter mais visibilidade. Então, se fosse uma marca
legal, eu faria, sim." Ela continua: "Mas, se usasse trabalho escravo, eu
não faria, não. Trabalho escravo é meio punk".

Apressada para ir para casa depois de cinco desfiles, a modelo Viviane Orti,
16, não quis falar sobre o tema da semana. "Nem sei qual é." Sobre a
proibição de menores de 16 anos nas passarelas do evento, ela diz que achou
"uma boa idéia".
"Comecei com 13 anos, era muito nova, mal sabia o que "tava" fazendo. Sou
super a favor." Para ela, a morte por anorexia da modelo Ana Carolina
Reston, em 2006, só aumentou "o mito de que modelo não come".
Ela diz: "Nossa, eu como muito. Não dá nem pra acreditar!" Cardápio do dia?
"Hum... Hoje eu comi dois pães de queijo." E nada mais, passando das 22h?
"É, mas agora vou pra casa e vou jantar direitinho."
* (LUISA ALCANTARA E SILVA)*

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