BOL
Sábado, 21 de Abril de 2001 0:1:1
Fraude no Senado poderia se repetir

Agência JB
- Um segundo relatório preparado pela Unicamp sobre a violação do painel 
eletrônico do Senado revela que os funcionários responsáveis pela fraude 
demoraram 32 horas para restabelecer o sistema que arquiva os dados da 
votação. Nesse período em que o arquivo ficou sem a proteção que garante o 
sigilo das votações nominais em plenário, foi votada uma proposta de emenda 
constitucional. O documento também afirma que o programa idealizado para 
violar a votação foi copiado em disquete. Isso significa que o programa 
fraudador poderia ser usado em uma outra ocasião, já que não foi destruído.
De acordo com o depoimento da ex-diretora do Prodasen Regina Célia Peres 
Borges, os responsáveis por todas as mudanças e executores da fraude foram 
seu marido, o analista de sistemas Ivar Alves Ferreira, e o técnico 
Sebastião Gazzola -que desconhecia a fraude. Todos atendendiam um pedido de 
Regina, que, por sua vez, diz ter recebido ordens dos senadores José 
Roberto Arruda (PSDB-DF) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
No capítulo de introdução, os técnicos da Unicamp afirmam que o segundo 
documento ''registra indícios mais fortes de violação no sigilo'' nos 
computadores do Senado. Ali, os técnicos traçam a cronologia em um 
minucioso hora a hora da fraude -que teve início às 7h24 de 28 de junho do 
ano passado. De acordo com o relatório, o arquivo original foi trocado de 
diretório e alterado. Meia hora depois de modificado, às 7h55, Ivar 
Ferreira e Sebastião Gazzola -técnico que o acompanhou, mas que desconhecia 
a fraude- fizeram um teste no sistema. Eles simularam um voto e obtiveram o 
resultado esperado. Todo o procedimento terminou às 8h. Ou seja: apenas 35 
minutos depois de os analistas terem entrado na sala dos computadores.
A votação da cassação do ex-senador Luiz Estevão teve início às 14h15 e foi 
encerrada às 14h20. ''O conjunto dos indícios sugere que, ao final desta 
votação, o arquivo votos.db contém a qualidade dos votos de cada senador, 
contrariamente ao que deveria ocorrer em uma votação secreta'', escreveram 
os técnicos da Unicamp. Segundo eles, a cópia da lista de votações foi 
feita às 18h05 em um disquete. O arquivo foi batizado com a sigla 
''Prs66-00''.
O documento preparado pela Unicamp também descreve os procedimentos nos 
computadores do Senado nos dois dias seguintes. No dia 29, não houve 
qualquer modificação no sistema. Naquela tarde, ocorreu a votação da 
proposta de emenda constitucional 86/99. Nesse tipo de projeto, a votação é 
aberta e nominal. Não há sigilo a ser quebrado. Já no dia 30, o relato da 
Unicamp é muito mais consistente. Foi nessa data, exatamente às 15h50, que 
o sistema foi restaurado por Ivar Ferreira e Sebastião Gazzola. Nesse 
horário, os funcionários também copiaram para um disquete o programa 
fraudador denominado de ''xxxxx.xxx''. O procedimento foi comprimir o 
arquivo para o formato ''zip'' com o objetivo de que coubesse em um 
disquete para que pudesse ser transportado. Esse disquete pode ainda estar 
nas mãos dos funcionários.

http://www.bol.com.br/noticias/politica/2001/04/21/0001.html

PAULO GUSTAVO SAMPAIO ANDRADE
Teresina - Piaui
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