Matéria do jornal do Commercio de hoje

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At 12:48 15/08/02 -0300, you wrote:

>Segurança, Bits & Cia.
>Amigos do Rei de Passárgada
>
>Pedro Antonio Dourado de Rezende
>Professor de ciência da computação da UnB
>
>De 5 a 9 de agosto, o TSE apresentou os softwares do sistema de votação 
>aos partidos. Os fiscais puderam examinar a documentação e o código-fonte 
>dos programas para, no último dia, participarem da cerimônia de 
>compilação. A idéia era que fosse produzida, na presença dos fiscais, a 
>versão executável dos programas, da qual seria calculado um autenticador 
>para permitir a verificação da sua integridade nas urnas e redes de 
>totalização. Os executáveis seriam gravados em um CD, lacrado para 
>posterior leitura e retransmissão aos TREs, com os autenticadores 
>publicados para verificações.
>
>O tempo foi exíguo para uma fiscalização ampla, como quer a lei eleitoral. 
>O novo modelo de urna traz o Windows CE, de mais de 2 milhões de linhas de 
>código. A ampla fiscalização é importante porque fraudes podem ser armadas 
>por pequenos trechos com poucas linhas de código inseridas entre as 
>milhões. Mesmo não tendo participado da apresentação, por discordar dos 
>termos de sigilo exigidos pelo TSE, sei que não se pode analisar tanto 
>código em cinco dias.
>
>Além disso, essa apresentação só seria efetiva como fiscalização se, após 
>a análise do código-fonte pelos fiscais, seguida de compilação e 
>autenticação adequadas, algum procedimento posterior permitisse a 
>verificação de integridade dos softwares instalados nas urnas, durante a 
>eleição e pelos fiscais de partido. Isto nunca foi permitido, e não 
>sabemos se o será nesta eleição. Apesar de tudo, essa cerimônia seria o 
>primeiro passo.
>
>Mas, segundo testemunhos, ela foi tão tumultuada que os fiscais não 
>puderam acompanhá-la devidamente. Algumas medidas de segurança necessárias 
>para manter a assepsia do ambiente computacional impediam a compilação, e 
>nem tudo caberia no tal CD cerimonial. Aboliram-se medidas e, por 
>tentativa e erro, varou-se a madrugada em busca de uma compilação que, 
>apesar do caráter público, perdia seu sentido de validação pela 
>transparência já que os fiscais não mais sabiam o que exatamente estava 
>sendo compilado. Talvez nem os técnicos do TSE, após 18 horas de tenso e 
>errático trabalho.
>
>Não houve planejamento prévio adequado. E pode-se deduzir, pelos 
>incidentes, que não houve teste sério para a cerimônia. Houve, entretanto, 
>permissão para que se improvisasse, no mesmo recinto da compilação, uma 
>sessão de cinema para entreter os fiscais que ali foram para aplaudir, 
>dizer amém e assinar logo a ata cerimonial, posto que a conclusão dos 
>trabalhos se arrastava indefinidamente.
>
>A festinha foi proposta por um fiscal do PT e organizada com seu laptop 
>cheio de DVDs. Esse não foi seu primeiro privilégio com os amigos 
>fiscalizados, atestado pelo projetor e telão cedidos pelo TSE. Disso ele 
>já vem se vangloriando. Mas foi um que resultou, devido à avacalhação, em 
>graves constrangimentos e dificuldades aos fiscais que levam a sério a 
>responsabilidade. Luta política tem, mas não é, licença poética. Embora me 
>participassem da natureza dos filmes, é melhor não comentá-los, já que 
>foram exibidos por software. E qualquer conhecimento dali emanado 
>envolvendo software está coberto pelo compromisso de sigilo exigido aos 
>fiscais.
>
>"Bom para você poder continuar falando besteiras", bradou ele o veredito, 
>ao me ver recusando a assinar o termo de compromisso na abertura dos 
>trabalhos, no dia 5. É isso. Ou quase isso. Alguém, afinal, precisa estar 
>descompromissado para poder falar das besteiras que alguns compromissados 
>aprontam.
>
>Será que petistas e eleitores sabem como auras de honestidade - a do 
>partido cultivada a duras penas - estão sendo ali promiscuidas? Como se 
>corre assim o risco de, inocente ou não, o PT atrair a suspeição de 
>cúmplice em algum plano B, caso uma grande besteira atinja as pás do 
>ventilador desta pindorama? Ou de se ter uma vitória conspurcada? Pois, na 
>soberba, inépcia e má-fé são indistinguíveis. Não sei se é bom ou ruim 
>poder servir minha consciência falando de besteiras. Mas, neste caso, é 
>honroso e cívico dever.

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