Olá

At 13:47 12/10/02 -0300, Gil wrote:
>Alguem aí soube de algo sobre a votação paralela? GIL.

Eu acompanhei a votação paralela no Rio de Janeiro.
Lá, uma das urnas eletrônicas sorteadas tinha um lacre a menos do que 
deveria (faltava o lacre no conector externo do teclado), o que foi 
devidamente anotado na ata.
Devido ao rito lento do teste, a média de colocação de votos era de 1 voto 
a cada 4,5 minutos, resultou na colocação de apenas 132 votos nas urnas sob 
teste com uma taxa de abstenção simulada de mais de 60%.

Este resultado torna o teste inócuo, uma vez que o objetivo deste tipo de 
teste é o de simular uma eleição o mais próximo do normal para demonstrar 
que o software de votação EM SITUAÇÃO NORMAL, apura corretamente.
Com esta taxa de abstenção resultante do teste ficou-se muito fora do que 
pode se chamar de eleição normal e o teste perde validade.

Por este motivo o PDT do Rio apresentou impugnação ao teste, com as 
finalidade de deixar registrado que o teste, da forma como foi executado, 
não teve significatividade. O juiz responsável pelo teste no Rio 
ouviu  nossos argumentos e os entendeu, convidando-nos a apresentar 
sugestões para o teste do segundo turno.

O mesmo problema foi constatado nos testes de São Paulo, Minas Gerais e 
Piauí, onde representantes do Fórum do Voto-E foram assistir e me 
reportaram suas observações.

Como os procedimentos de votação simulada eram os mesmos em todos os TREs 
posso assegurar que nenhum dos testes efetuados com duas urnas de cada 
estado atingiu o seu objetivo de demonstrar a idoneidade dos programas.

Acho bom contar que o Min. Fernando Neves, responsável pelo texto da 
Resolução do TSE que regulamentou este teste, e a equipe da Secretaria de 
Informática  do TSE (que elaborou as regras deste teste junto com os 
representantes do PT) foram alertados, durante audiência formal em MARÇO de 
2002, pela equipe de técnicos do PDT, que ocorreria este problema de taxa 
de abstenção fora do normal nos testes, e que isto o inutilizaria como 
prova de idoneidade dos programas das urnas.

O aviso foi apresentado por escrito em forma de sugestão para a correção do 
texto da Resolução e defendido verbalmente. Porém o ministro Neves rejeitou 
a nossa sugestão depois de ouvir o Sr, Catsumi (do TSE) e o Sr. Casagrande 
(do PT) que se manisfestaram por deixar as regras como estavam.

Em junho de 2002, na apresentação dos sistemas aos partidos no TSE, 
voltamos a alertar para este problema, mas mais uma vez não deram ouvido a 
nossas previsões.

Outro fator que me chamou a atenção neste caso da votação paralela foi o 
sorteio de outras quase 300 urnas em todo o país, além das 54 urnas testadas.

Este sorteio foi pedido pelo PT e atendido pelo TSE.
O PT (por seu presidente Zé Dirceu, e vários de seus técnicos) afirmou que 
assim garantia que 97% das urnas estariam isentas de fraude!

Eu não entendi nada. Uma das críticas que se fazia ao teste de votação 
paralela era a amostra muito pequena (54 urnas entre 400.000) .
Então o PT vem a público e diz que fez um estudo de estatística que conclui 
que com 349 em vez de 54 se poderia obter os tal 97% de garantia. Aí ele 
solicitou que as demais urnas fossem sorteadas... mas não pediu que fossem 
testadas!!!

Que diferença faz sortear 54 urnas entre 400 mil, e testá-las, ou sortear 
349 urnas mas só testar 54 ?!!!
Como esta mágica pode dar a tal garantia de 97% anunciada pelos técnicos do 
PT, eu não entendi.
Deve estar além da minha capacidade intelectual.


[]s ,
     Amilcar



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