Prezado Fernando.

No fundo, no fundo, conscientemente ou não, esse problema que V. cita, de experts de áreas técnicas em geral e/ou informática que não atinam (ou dizem que não atinam) para a gravidade das atuais possibilidades e não se mexem, na linha do "não é comigo, não é problema meu", parece-me que possa ter explicação parcial com aquela famosa tese de "marcar território", muito presente no reino animal, por exemplo gatos e cachorros, que delimitam seu espaço com seus cheirosos e espantadores xixis...

Muitos dos que poderiam endossar tudo o que falamos e aumentar as pressões na medida de suas capacidades próprias, podem estar-se omitindo por verem ameaçados os seus territórios profissionais.
Nessas quadras graves que atravessamos, convenha, é, de fato, muito melindroso.
Ameaças diretas ou indiretas e, pelo menos por enquanto, apenas profissionais.


Muitos deles, em empresas interessadas direta ou indiretamente, não se mexem porque, "já imaginou se se convier que isso não é mesmo seguro? Vai passar uma insegurança geral e eu posso me prejudicar. Que que eu vou fazer depois, vender amendoim na praça? E se a minha empresa perder esse contrato, com minha ajuda ? Eu é que vou para a rua..."

Esse tipo de atitude ficou-me bem claro no dia em que apresentei o site do votoseguro, o manifesto, um monte de artigos e livros que tenho a respeito a um amigo que trabalha na USP (!) daqui.
Pois foi exatamente esse o raciocínio que ele empregou, verdadeiro ou não.
A princípio e a meio, concordou com tudo, mesmo sem grande entusiasmo.
No final, quando pressionei para que assinasse o manifesto, recuou direto:
"Concordo com tudo que vi e li. Mas só na teoria, na essência da coisa, não participo pessoalmente, não assino nada...
Porque se um superior meu vir que assinei e ele não compartilhar da idéia, ou até por outros motivos quiser me ferrar, isso vai ser uma arma na mão dele. Vou sofrer perseguições como ocorreu com Fulano de Tal ou Cicrano, por muito menos disso aí. E se eu perder a minha colocação, que que eu faço ? "


Experiência viva, vivida, vívida e chorada.
De alguns meses atrás.

Conclusão: consertar mesmo pode incomodar muita gente. Muitas mais do que a princípio podemos imaginar.

Mas explicita um pouco da nossa dificuldade em corrigir o que está errado.
Mesmo sabendo todos, como sabemos, que há muita coisa escancaradamente errada.


Cordioli


----- Original Message ----- From: "Fernando Lima" <[EMAIL PROTECTED]>
To: <[EMAIL PROTECTED]>
Sent: Tuesday, October 19, 2004 2:50 PM
Subject: [VotoEletronico] Re: [VotoEletronico] Comentários no Relatório Alfa



Olá,

Existe uma questão interessante sobre o sistema de votação eletrônica
no Brasil que talvez não tenha sido discutido nessa lista.

Desde que eu começei a ler sobre a insegurança de nossas urnas e
entender dos porques, passei a conversar sobre o problema com meus
colegas de trabalho e amigos que como eu trabalham com tecnologia de
Informação (Popularmente conhecido como informática).

Meus amigos são analistas de sistemas, administradores de rede, banco
de dados etc... acostumados a trabalharem em grandes sistemas e com
alguma experiência em segurança da informação. Posso dizer que não são
leigos em tecnologia entendendo suas vantagens e desvantagens. Mas,
curiosamente, 99 % deles não consideravam o sistema de votação
eletrônico brasileiro inseguro.

Em conversas com eles, quase todos consideravam nossa solução
excelente porque acabou com a "fraude" do processo manual. Nenhum
deles parou para pensar nas diferenças entre os sistemas que eles
trabalham e o sistema de votação eletrônica que, como sabemos, possuí
características únicas que dificultam a auditoria da informação.

No meu entendimento, acho que que precisamos capturar corações e
mentes das pessoas consideradas pela mídia como as que "entendem" do
assunto, isto é, os profissionais de informática.

Se um jornalista prentende fazer uma reportagem sobre urnas
eletrônicas e todas as suas fontes (amigos e colegas) que trabalham
com informática disserem que a urna é segura, não vai ser um
desconhecido, por mais qualificado que seja, que irá mudar sua visão.

O que vocês acham ?




On Mon, 18 Oct 2004 19:22:16 -0200, Amilcar Brunazo Filho <[EMAIL PROTECTED]> wrote:
Olá,
Enviei as seguintes respostas aos comentários que foram colocados na página
do Relatório Alfa


Amilcar
------------------------
Resposta 1: ao comentário do Vicent

Acho que é muito grave quando um funcionário da empresa fabricante das
urnas-e brasileiras comparece para desinformar o eleitor.

O Vicent está totalmente equivocado pois:

- O Sistema VirtuOS é usado apenas nas urnas-e modelo 1998 e 2000 (ambas
fornacidas pela Diebold/Procomp)
Nas urnas modelo 2002 (da Unisys) e 2004 (da Diebold/Procomp) se utiliza o
sistema Windows CE.


- O VirtuOS NÂO FOI desenvolvido pela Procomp, coisa nenhuma. Foi
desenvolvido e é de propriedade da MICROBASE.
O código-fonte do VirtuOS, que está em umas 300 mil urnas, NUNCA FOI ABERTO
para exame ou conferência dos partidos políticos. Ou seja, nas urnas-e, há
código fechado.


- Nos EUA, neste ano, 1/3 do eleitorado votará em máquinas eletrônicas de
votar. A Própria Diebold, empresa do Vicent, é uma das maiores fornecedoras
de urnas-e nos EUA.
Em 10 Estados americanos, urnas-e como a brasileira que não imprimem o voto
para conferência do eleitor, está ou estará proibida até 2006.


- Foi exatamente por causa de afirmações mentirosas dadas por seus
funcionários, como as que o Vicent afirmou aqui, que a Diebold foi BANIDA
como fornecedora de urnas-e no Estado da Califórnia em março de 2004 e está
sendo processada.


Parece que o costume de mentir da matriz americana, chegou a filial brasileira.

------------------------------
Resposta 2: comentários em geral

O Vicent, para defender as urnas inauditáveis brasileiras recorre a
mentiras (como está descrito na minha resposta ao seu primeiro comentário).


O Vinícius recorre a argumentos absolutamente equivocados. Dizer que os
fiscais conferem os votos! Que bobagem!

Conferir o que com o que, se não há os votos conferidos por cada eleitor
para servir de base de recontagem?

A Zérésima não prova absolutamente nada. É facílimo fazer um programa que
imprime a zerésima e depois desvia votos.

Neste ano, o PT e o PDT solitaram permissão ao TSE para fazerem testes de
resistência a ataques nos esquenas de segurança das urnas-e.

O TSE não permitiu que os testes fossem feitos, mas esconde esta proibição
do público.


Como se pode afirmar que o sistema não pode ser fraudado se não se permite
a ninguém testá-los?


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O texto acima e' de inteira e exclusiva responsabilidade de seu
autor, conforme identificado no campo "remetente", e nao
representa necessariamente o ponto de vista do Forum do Voto-E

O Forum do Voto-E visa debater a confibilidade dos sistemas
eleitorais informatizados, em especial o brasileiro, e dos
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       http://www.votoseguro.org
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