Lula acha que o Brasil não é sério
[por Marcos Sá Correa, site "No Minimo"]

O mínimo que se pode esperar de um presidente da República é que ele não
fale mal de seu país quando for ao exterior em viagem oficial.  Mas pelo 
visto nem isso mais se pode esperar do presidente Lula.  Desta vez, ele 
gastou seu avião francês de U$ 56 milhões para ir a Paris e lá, numa 
entrevista que parece peça de propaganda num governo atolado até o 
primeiro-pescoço no excesso de promiscuidade com publicitários, anunciar 
que seu partido só se meteu neste escândalo sem fundo por fazer "o que é
feito no Brasil sistematicamente". 

É, até onde a vista alcança, a primeira vez que um estadista latino-
americano vai à Europa para pedir que o mundo o reconheça como repre-
sentante de uma república da banana. Foi nisso que deu tratar Lula nesta 
crise como se ele fosse incapaz de responder pelos atos de sua adminis-
tração. O zelo por sua inimputabilidade convenceu-o aparentemente de que 
todo mundo tem culpa no Brasil, menos ele, que como se sabe nunca sabe 
de nada. É a fórmula perfeita para desmoralizar o país inteiro, deixando 
tão intato quanto possível o líder populista embalsamado em pesquisas de 
opinião pública.

Se isso não é receita de confusão, o coronel Hugo Chávez deve ser um 
democrata escandinavo.  O pior é que esse pacto de minoridade legal 
com o presidente não foi devidamente combinado com o eleitorado enquanto
era tempo.  Ao contrário, na campanha de 2002, era feio - senão proibido
- chamar Lula de despreparado para o cargo. A impressão se baseava em 
sérios indícios biográficos. Ele nunca mostrara aptidão para o exercício 
regular de qualquer cargo administrativo. Passara de fininho por um mandato 
de deputado federal. E exercera durante mais de uma década uma sinecura 
partidária, em que seu único trabalho visível era concorrer à presidência 
de quatro em quatro anos. Mas achar que isso fosse o currículo de um des-
preparado soava três anos atrás como preconceito.

No dia em que o candidato José Serra ousou exibir seus diplomas na TV, o 
PT veio abaixo. Lula mereceu desagravos em horário gratuito, como se falar 
em diploma alheio o melindrasse abaixo da cintura. Com esse tipo de censura, 
típico de uma era em que o PT monopolizava o espetáculo da ética na política 
brasileira, convenceram-se os brasileiros a comprá-lo no escuro, pagando para 
ver depois. Se hoje eles estão pagando mais do que esperavam, e pagando no 
mercado político paralelo, é também resultado de uma campanha eleitoral que 
prometeu aos brasileiros o dia em que todos iríamos viver num anúncio de Duda 
Mendonça. Isso é chato, mas tem remédio. Toma-se uma campanha eleitoral 
depois da outra. E cada vez que vai à urna o voto volta mais tarimbado.

Num palanque, mentiras acontecem. Elas não deixam por isso de ser graves 
atentados ao principal direito do eleitor nessas ocasiões, que é se informar 
sobre quem lhe pede o voto. Pois o eleitor, embora não pareça, é o sujeito da 
campanha.  Os políticos, que fazem as leis eleitorais à sua imagem e semelhança,
não passam de predicados. É por isso que, quando concorrem a uma eleição, eles 
se intitulam candidatos. A palavra vem da mesma raiz latina que deu “candura” 
e outro derivados da mais alva sinceridade até na língua inglesa. Refere-se à 
veste branca que cobre quem nada tem a esconder, como as noivas e os velhos 
postulantes ao senado romano. Lula, fantasiado pela maquilagem publicitária de
uma propaganda feita sob medida para escondê-lo, foi tudo em 2002.  Menos um 
candidato propriamente dito.

Mas no exercício do mandato esses truques eleitorais viram malversação de verba 
publicitária. Aí, como disse o próprio Lula na tal entrevista falsificada, 
"trabalhar com a verdade é muito melhor". Segundo o presidente, "a desgraça da
mentira é que você, ao contar a primeira, passa a vida inteira para justificar 
a mentira que você contou". Pois é, presidente. Nem era preciso ir tão longe. 
Bastaria mencionar o risco de passar o resto do governo se desdizendo. Porque, 
se alguma coisa ficou clara no descalabro de seu governo, é que Lula tem 
mentido. 
Mentira é, por exemplo, ir a Paris defender a versão de Marcos Valério e 
Delúbio 
Soares, que promove a crime eleitoral a máquina de propinas intalada pelo PT na 
vida pública brasileira. Ouvindo  Marcos Valério e Delúbio Soares contar a 
mesma 
história, a CPI do Mensalão entendeu que os cúmplices se acertaram. 

E quando Lula a repete, deve entender o quê?  Já foi duro ouvir calado até 
agora 
aquela conversa mole sobre toda a infinidade de assuntos do governo que o presi-
dente não sabe, não soube ou não não está nem aí para saber. Ele não soube 
sequer
que a Telemar, ao investir R$ 5 milhões em seu filho Fábio Luiz Lula da Silva, 
não estava apostando em joguinhos eletrônicos da Gamecorp, mas na realidade 
virtual dos negócios que se resolvem no foro íntimo da cupinchada. Lula pode até
ter o direito de não saber o que quiser, mesmo aquilo que um presidente tem a 
obrigação de saber. Mas, no caso da Gamecorp, ele se desmentiu. Dias antes, Lula
havia afirmado num discurso que, a seu ver, corrupção só é corrupção quando 
enriquece alguém indevidamente. 

Mudou de idéia.  Muder de idéia em sido uma das marcas nessa crise desse 
presidente que exerce com desenvltura crescente as prerrogativas do despreparo 
técnico para a função que disputou por quatro eleições seguidas. Transformar o 
despreparo no maior trunfo de um presidente que não quis ouvir esse adjetivo 
durante a campanha funcionou até agora, mas também tem seus limites. Lula 
não pode posar como quem não sabe de nada num dia e, no outro, resolver 
explicar tudo, como se ele, sozinho, soubesse tudo o que está acontecendo. 
Nesse ponto, acaba o despreparado e começa o mentiroso. Antes ou depois da 
entrevista ele estva escondendo o que sabia. Quando? E Lula não pode mentir 
porque, mentindo, só deixa uma saída para a crise. Para cima

















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Não leve nada pro lado pessoal. Apenas divirta-se.

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