Title: Grupos.com.br
Grande Vladimir
 
Há quanto tempo!
 
Li teu texto, e como sempre, tem fundamento.
 
Ouso, no entanto, dizer umas duas ou três coisinhas sobre ele.
 
Na verdade, cria-se um clima maniqueísta a partir da proposta de Lei e a partir do referendo. Explico: a proposta de lei é maniqueísta em si mesma. Ela não deixa espaço para um termo médio. Um deputado havia proposto: que fique autorizado apenas que possa-se ter uma arma em casa, para proteção, proibindo-se apenas o porte. Mas não. A lei é assim: NADA DE ARMAS. Isso é que é maniqueísmo (principalmente porque é mais fácil desarmar do que obrigar o Estado a fazer a sua função: registrar as armas e os portadores, punir os infratores. Mas isso seria pedir demais.
 
A nossa sociedade "esquizofrênica" há muito tempo deixou de exigir do Estado sequer uma pequena parte do que ele nos cobra para fazer.
 
Mas o referendo tb. é maniqueísta, porque é SIM ou NÃO, e só.
 
Outra coisa: não gosto de ver esse assunto tratado como ideológico.
 
Não admito que isso seja "de direita" ou "de esquerda", ou "social-democrata", ou "liberal-conservador".
 
Tenho em mente que os que resistiram à ditadura do Pinochet queriam armas tanto quanto os que resistiram a Stálin.
 
Penso que não se trata de ideologia - a não ser que se tome o conceito da Marilena Chauí, onde tudo é ideologia. Gostaria até de perguntá-la sobre uns tais mensalões, mas ela já disse que prefere o silêncio - seria o mensalão ideologia também?
 
Espero ouvir mais de ti.
 
Abração
 
 
Ricardo Santos Gomes
----- Original Message -----
From: Vladimir Medeiros
To: [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; penal@grupos.com.br ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED] ; [EMAIL PROTECTED]
Sent: Friday, September 16, 2005 3:10 PM
Subject: Minha opinião sobre o DESARMAMENTO

No intuito de contribuir para a discussão.
 
Um forte abraço,
Vladimir Haag Medeiros.
 
 
 

O DESARMAMENTO E A OBVIEDADE HUMANA

Vladimir Haag Medeiros

 

A partir de agora, com o início de publicidade oficial a respeito do tema, o Governo Federal brasileiro colocará ainda mais pólvora em uma discussão que vem sendo alvo de diversas manifestações no país: está marcado para o dia 23 de outubro o referendo nacional sobre o desarmamento.

Trata-se de questão defendida à bala por uns e atacada a fogo por outros, restando pouco ou nenhum espaço entre as opiniões, quase sempre maniqueístas. Ou se é a favor, ou se é contra o desarmamento. Não há meio-termo.

As conseqüências dessas opiniões não se restringem apenas à questão do desarmamento no país. Refletem, em verdade, matrizes ideológicas capazes de dar início a intermináveis outras discussões, que podem dizer com assuntos políticos, jurídicos ou filosóficos.

A decisão sobre a questão, no entanto, estará resumida, em outubro, a um sim-ou-não eleitoral, com título de eleitor, mesários e urna eletrônica. A decisão caberá ao eleitor brasileiro.

Acredito que o cerne da discussão sobre o tema resida na incapacidade de o ser humano, nos dias de hoje, ser óbvio. Simples assim, quase que sob uma óptica infantil (mas nada ingênua). Estranhamente, a obviedade já não nos é mais plausível, tamanho o estrago causado por sentimentos de temor e medo ao pensar e ao agir humanos, fruto do tiroteio diário de notícias de violência no país.

O ser humano deixou de desenvolver pensamentos e trafegar idéias óbvias. O medo que o apossa domina seus pensamentos, transformando-os, muitas vezes, em simplistas e reducionistas, socorrendo-lhe apenas a conveniência de, literalmente, alvorejar o que se encontra a sua volta, mesmo que invisível ou intangível.

O ser humano já não consegue ter atitudes óbvias. E isso tem ocorrido há tempos.

Não compreendo como alguém consiga crer que a solução para o aumento dos índices de violência no país esteja justamente na possibilidade de se comprar e se vender um número ainda maior de armas, possibilitando o acesso a elas a um número ainda maior de brasileiros.

Não me parece lógico. Aliás, ecoa-me como um pensamento irracional e pueril, justificável - quiçá - apenas pelo estado de cegueira e esquizofrenia em que se encontra, atualmente, o pensar humano.

O senso comum formado por aqueles que se colocam contrários ao desarmamento forma em muitos a idéia de que a segurança dos brasileiros resida na posse de um instrumento criado para matar. Dizem alguns acreditar que, com tais instrumentos de morte, podem diminuir os altos índices de violência do país. Não me parece nada lógico, repito.

Mas é neste contexto que terão os brasileiros, antes do fim do ano, cidadãos com ou sem arma, de decidir pelo sim ou pelo não ao desarmamento.

Em meio a inúmeros escândalos, denúncias e investigações nacionais, com mensalões, trocas de Ministros e CPIs, terão os brasileiros, até o dia 23 de outubro, um caminho rumo ao referendo repleto de debates, discussões e manifestações.

Oxalá a decisão do Brasil no referendo nacional do desarmamento seja o início de um tempo em que, das urnas, brotem sábias escolhas de seu povo!

-----------------------------------
Endereços da lista:
Para entrar: [EMAIL PROTECTED]
Para sair: [EMAIL PROTECTED]
-----------------------------------





cancelar assinatura - página do grupo

Responder a