Valeria de Paiva <valeria.depa...@gmail.com> escreveu:


[... ]

(¬φ → ¬χ) → (χ → φ) (Law of contraposition)

mas essa ultima assercao nao 'e o que eu chamaria de contraposicao.
Contraposicao usual 'e valida em logical intuicionista.

o que acontece e' que essa assercao combina contraposicao com
eliminacao da negacao dupla, ou seja:

contraposicao devia ser

(A → B) → (¬B → ¬A)

mas quem escreveu o artigo em vez de dizer

(¬A → ¬B) → (¬¬B → ¬¬A),
removeu a dupla negacao, ficando com
(¬A → ¬B) → (B → A)

dai que isso 'e mesmo nao-derivavel em IL, pois inclui double
negation elimination, junto com a contraposicao.

voces concordam? ou eu estou "esquecendo" alguma coisa importante?

Eu concordo contigo, Valéria.  Tradicionalmente, "contraposição" é o
nome dado à (A → B) → (¬B → ¬A).

Curiosamente, a primeira vez que eu vi a "contraposição" apresentada
como divisora de águas entre lógica clássica e intuicionista foi no
vídeo da palestra da Elaine Pimentel, "A semantical view of proof
systems", no Filomena 2017 (divulgado recentemente nesta lista).  Na
ocasião, pensei "Peraí...", pausei o vídeo e raciocinei basicamente o
que você apresentou acima.  A Elaine apresentou o negócio como uma
regra de inferência que permitiria estabelecer A → B por meio de
derivação de ¬A a partir de ¬B.  Devo admitir, contudo, que
apresentado assim, como regra de inferência, o nome "contraposição"
não me parece *tão* estranho.

Eu não sei porque (¬A → ¬B) → (B → A), com o nome "contraposição", tem
sido usado como diferenciador entre lógica clássica e intuicionista,
mas isso parece ser um desenvolvimento recente (a palestra da Elaine e
o artigo da Wikipédia sendo os únicos casos que me lembro até agora).
Talvez tenha aparecido em algum livro ou artigo e as pessoas passaram
a adotar essa caracterização.  Eu não gosto muito, pois tem grande
potencial para causar confusão.

tem mais alguma coisa errada no artigo?  eu estou querendo me
lembrar da relacao entre implicacao e disjuncao.  essas estao
certas?

Disjunction versus implication:

   (φ ∨ ψ) → (¬φ → ψ)

Esta está correta.  Basta aplicar ∨E com premissa menor ψ, obtida,
respectivamente, (1, [φ]) por ECQ a partir de φ (descartado) e ¬φ, e
(2, [ψ]) ψ (descartado).  Daí é só introdizir as implicações.

   (¬φ ∨ ψ) → (φ → ψ)

Esta tambeḿ está correta.  Basta substituir φ por ¬φ na justificativa
acima.

Mas talvez a relação mais interessante entre disjunção e implicação
seja dada por

φ ∨ ψ ⇔ ∀χ (φ → χ) → ((ψ → χ) → χ))

que é, basicamente, uma tradução da regra de eliminação em segunda
ordem (com quantificação sobre sentenças), também chamado de sistema
Fₐₜ na literatura recente. Essa relacão é inclusive usada no artigo da
Wikipédia que você mencionou para oferecer um *esquema* axiomático
alternativo para a lei do terceiro excluído (φ ∨ ¬φ):

(φ → χ) → ((¬φ →χ) → χ).


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Hermógenes Oliveira

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